sábado, novembro 01, 2008

Migração de valor (parte V)

Aranha, na sequência da discussão no nosso recente jantar... veja um exemplo concreto de migração de valor retratado num artigo no The New York Times "Budgets Squeezed, Some Families Bypass Organics"
.
"It turns out that when times are tough, consumers may be less interested in what type of feed a cow ate before it got chopped up for dinner, or whether carrots were grown without chemical fertilizers — particularly if those products cost twice as much as the conventional stuff."
.
As coisas são como são, as empresas não podem ter a veleidade de mudar a força da corrente ou inverter a maré, têm de se situar e posicionar, aproveitando o melhor que podem as circunstâncias... este tema há-de ser uma prequela à série "Exemplo de balanced scorecard"
.

2 comentários:

lookingforjohn disse...

Viva! (este ultimo jantar até foi divertido e produtivo, não?)
Vou então tentar fazer aqui umas associações rápidas:

"Among organic products, those marketed to children will probably continue to thrive because they appeal to parents’ concerns about health, said Laurie Demeritt, the president and chief operating officer of the Hartman Group, a market research firm for the health and wellness industry. But products that do not have as much perceived benefit, like processed foods for adults, may struggle."
--- Aqui destaco o "perceived benefit", por razões óbvias - a questão da "necessidade versus benefício". Mas, acima de tudo, a referência explícita à componente emocional da venda, no caso quando se fala dos filhos. Um Marketeer que se aperceba disto, é ver os olhos a brilhar, as moedinhas a tilintar, ena, ena, ora aí está a porta de entrada!! :)
Depois, e aqui vai a primeira ironia, é só esperar por uma de duas coisas: ou ele tem orçamento e vai tudo para publicidade, ou não tem e fica a "patinar", porque não lhe ensinaram a pensar assim, a pensar em pessoas, só aprendeu a pensar em transacções, não em relações.

"Mr. Blischok conducted a survey of 1,000 consumers in the first half of the year and found that nearly two-thirds said they were cutting back on nonessential groceries and nearly half said they were buying fewer organic products because they were too expensive"
--- Aqui, o destaque vai direitinho para "cutting back on nonessential groceries", porque... É óbvio! E não é preciso um estudo científico para descobrir isto! A maioria das pessoas faz isto. Que grande novidade...

"many also worried that if the economy continues to flounder, consumers — particularly those who only occasionally shop for their products — may decide they can no longer afford to let their conscience dictate their shopping list."
--- Fico a pensar... Nos últimos tempos o apelo à consciência suportou muita teoria e estratégia de marketing, e já era vendida quase como solução final a opção pelos nichos que se encaixassem nesta categoria de consumo, digamos assim. É que estes consumidores ocasionais eram a semente desejada para a criação de novos segmentos ou mesmo mercados. Assim, nem segmentos, nem mercados, e os nichos podem ainda emagrecer, viajando para a "linha de não compensação do negócio".
Livros de Marketing: lá se vai uma capítulo à vida!

“I’m not sure the periphery — those that purchase perhaps only four or so times a month — will break the industry,” she said in an e-mail conversation after the convention. “But I am concerned that those periphery customers are important to the growth of the industry and without them, organic growth is sure to go flat.”
--- Apenas conversa, parece-me. Até que se documente esta tendência como deve ser (estudos, identificação de correlações), isto é só conversa, em minha opinião. Aliás, a única coisa que aqui tem interesse, para mim, é a parte "those periphery customers are important to the growth of the industry and without them, organic growth is sure to go flat", porque vai ao encontro do que disse acima (a corrente que visava transformar nichos em segmentos e mercados, pela via da consciencialização dos consumidores).

"But others said they had not yet noticed a slowdown and were optimistic that sales would remain steady — or possibly improve — as consumers ate fewer meals in restaurants and devoted more time to cooking."
(...)
"In interviews with consumers around the country, some said they were spending as much or more at the grocery store, including on organic products, in part because they have curbed restaurant meals. Karen Jenson, 35, said she was buying as much organic food but shopping at four different stores to find deals."
--- Estas são notas interessantes, ao encontro da nossa conversa. Não se come fora, come-se mais em casa. Comer em casa sai mais barato. Se comprarmos uns ingredientes um pouquinho mais caros, ainda assim, sai mais barato que comer fora. Ou seja, eis a oportunidade!
No entanto, prevenção de obstáculos/ ameaças: porque é que a maioria das pessoas come fora de casa? Se for por causa do trabalho (não podem ir a casa), então a primeira estratégia sai furada.
A menos que... essas pessoas não possam de todo ir ao restaurante e, não podendo ir a casa, levem a bela da sanduiche. E assim, mais uma vez, a oportunidade: restaurante = caro e incomportável; sanduiche = barato e comportável; sanduiche com ingredientes mais saudáveis = um pouco mais caro, mas bom para a saúde (emocional) e ainda comportável financeiramente.

Bom, e não tenho mesmo tempo para mais... foi só mesmo isto, uns topicozinhos! :)
Havemos de continuar com a discussão, anyway, assim que eu possa cometer outra infracção gastronómica (ainda não confessei totalmente esta última).

CCz disse...

Eheheheh
.
Estou a ver que já apanhou o jeito!
.
Reframing é o truque... olhar para os factos com outro ponto de vista. Em vez de olhar para eles para confirmar as nossas piores sensações, receios e teorias, olhar para eles sempre com a mentalidade de que há sempre uma alternativa, há sempre uma forma de dar a volta à coisa.
.
Nem sempre é fácil...