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quinta-feira, junho 06, 2013

A libertação

"And yet, there is I propose just such a common thread: a shared causality mindset, a globally predominant belief in the supremacy of cause and effect.
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Since it is people who run our institutions, this belief continues to shape our modern society and even influence to a large extent the technological outcrops of our knowledge economy. From business strategy to macroeconomic models, and from political debates to Big Data, causality is pervasive and its implications profound.
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For the benefit of humanity at large, the predominant causal mindset is about to expand and make room for something else: post-causality.
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the events and circumstances we now face are increasingly beyond the grasp of causality.
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Big Data fits a causal, categorization model of the world, more suited for exploitation of the past than exploration of the future. And so, Martin continues, “if your intent is to invent the future, data from the past is as much of a hindrance as a help”. Causality works well for explaining the past, but fails when it comes to creating the future. Finally, Martin makes the point that analytic (i.e. causal/categorization) models cannot substitute for common sense and judgment: “data analysis will never, ever be more than an aid to judgment; anytime it is taken to be ‘the answer’, trouble will ensue”. Here is the causality mindset driving a huge investment in a technology that may make us more efficient in the short-term but possibly less effective in the long-run.
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For the population at large, I would recommend embracing post-causality, and pondering carefully what thought leaders have to say, especially when they appear to say similar things. Post causality is not equivalent to chaos and should not be feared as such. It rather represents the liberation from mechanistic thinking that uses human capital for activities situated below its true potential, even when they are deemed as “knowledge work”. Yes, not having a prescribed framework where the data always fits the problem nicely is a bit daunting, but no more so than repeatedly applying prescription remedies without room to express personality."
Trechos retirados de "Post-causality: a quiet global revolution in the making"

sexta-feira, março 18, 2011

É perigoso pôr catequistas à frente de uma economia!

Encontrei este artigo "SERÁ QUE AS EMPRESAS PORTUGUESAS APRESENTAM VANTAGEM COMPETITIVA?" publicado na Revista de Estatística do INE do 1º Quadrimestre de 2002.
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O artigo tem algumas afirmações politicamente correctas mas sem aderência à realidade. Por exemplo: "A competitividade de uma empresa está assim associada não só a factores-preço (custos de mão-de-obra, matérias primas, produtos, por exemplo) mas cada vez mais a factores não-preço (qualidade dos seus produtos e serviços). Segundo a OCDE (1992), é a eficácia das estruturas produtivas, através da qualidade dos serviços oferecidos às unidades de produção, da envolvente científica e tecnológica e da qualificação da mão-de-obra que explica a competitividade das empresas." (Moi ici: Confio mais em Mortensen do que na OCDE)
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Mas adiante...
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No artigo, os autores identificam 4 grupos de empresas portuguesas:
  • GRUPO 1. Não vende produtos com marca própria e não exporta.
  • GRUPO 2. Não vende produtos com marca própria mas exporta.
  • GRUPO 3. Vende produtos com marca própria e não exporta.
  • GRUPO 4. Vende produtos com marca própria e exporta.
Realmente interessante no artigo é o quadro que se segue:
Neste quadro saliento a última linha: % dos custos salariais sobre os custos totais (valor médio) e para empresas de cada um dos 4 grupos. E mais, em cada grupo, os autores trabalham com duas populações, as com baixa competitividade e as com alta competitividade (os autores usam como indicador de competitividade o cash flow por trabalhador).
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Para qualquer um dos grupos: Nas empresas mais competitivas os custos salariais representam sempre uma menor fracção dos custos totais. Qual é a reacção instintiva, o top-down que mencionei aqui?
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Quanto mais baixos os salários maior a competitividade!
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Esta é a conclusão simplista que era válida no tempo em que a oferta era inferior à procura... e que contamina o mainstream que influencia as decisões "Moderação salarial para o objectivo da competitividade" (Se estamos a falar dos salários do sector público é claro que é preciso não moderá-los mas reduzi-los para poder dar mais liberdade económica ao sector privado)
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Voltando ao sector privado: Qual a relação que os estudos encontram entre salários e produtividade e competitividade?
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Por exemplo aqui:
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"Perhaps the most important fact for a labor economist observed in these data is the extent of the dispersion of productivity measures, a similar dispersion in the average wage bill per employee, and the positive correlation between the two."
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Agora comparemos os números da última linha da tabela lá em cima com a correlação positiva entre salários e competitividade
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Conclusão: será válido fazer generalizações?
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ATENÇÃO: Não confundir correlação, que é o que temos em mente aqui, com causalidade. Posso correlacionar salários altos com elevada competitividade, mas não posso generalizar, como fazia o anterior secretário-geral do PCP, e assumir a causalidade: se aumentarmos os salários vamos automaticamente promover a competitividade e a produtividade. Nonsense!!!!
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Posso concluir que: se quanto mais elevados são os salários mais competitivas são as empresas e, se quanto mais competitivas são as empresas menos os salários pesam nos custos totais. Então, em empresas mais competitivas, os salários crescem a uma velocidade inferior ao aumento dos custos que geram a intangibilidade que suporta um maior valor acrescentado reconhecido por quem compra.
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Tudo isto ainda reforça mais a minha opinião sobre a estupidez de medidas top-down para promover a competitividade e a produtividade... catequistas a lidar com a economia real é perigoso.