sexta-feira, agosto 24, 2012

Aumentar preços (parte I)




Este "Estudo Estratégico das Indústrias de Madeira e Mobiliário", publicado pela AIMMP - Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal, é um bom exemplo para a introdução de um tema que me interessa e que devia interessar as empresas: a subida dos seus preços.
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O estudo relata um inquérito sobre a inovação nas empresas associadas da AIMMP (pessoalmente tenho dúvidas sobre a validade deste tipo de inquéritos realizados num sector tão heterogéneo. Empresas com diferentes dimensões, com diferentes produtos, por exemplo, paletes, mobiliário de cozinha, sofás, ... com diferentes mercados). O inquérito inclui 50 questões. A questão número 3 tem um tratamento detalhado:
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"3. Tendo por comparação a generalidade dos nossos concorrentes na Indústria de Mobiliário de Madeira Portuguesa, a nossa empresa revela-se particularmente inovadora:

· 3.1. Na capacidade de baixar custos de produção e preços dos produtos
· 3.2. Na solidez e durabilidade dos produtos que apresenta
· 3.3. No grau de inovação tecnológica dos produtos que apresenta (mobiliário em kit, funcionalidade das peças de mobiliário, etc.)
· 3.4. Nos materiais (tipos de madeira, natural e industrial) que utiliza
· 3.5. Na qualidade do design dos produtos que apresenta
· 3.6. No layout e na extensão da oferta presente nos pontos de venda
· 3.7. Na qualidade do atendimento nos pontos de venda
· 3.8. Na qualidade dos catálogos e da informação que presta aos clientes
· 3.9. Nas soluções de venda/compra que oferece através da internet
· 3.10. Nas soluções de transporte que oferece aos clientes
· 3.11. Em geral, em todo o serviço pós-venda que oferece ao cliente
· 3.12. Em geral, nos métodos de gestão que utiliza"
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Cada sub-questão tem um tratamento específico.
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Queria chamar a atenção para o meu ponto: nenhuma questão aborda o tema da inovação servir para aumentar os preços dos produtos.
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O mais próximo que consigo encontrar é:
"7. O grau de inovação introduzido nos nossos produtos permite-nos ter um nível de diferenciação" (64% dos respondentes acham que sim); e
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"8. O grau de inovação introduzido nos nossos produtos suporta, relativamente aos nossos concorrentes, um nível de preço". Aqui as respostas permitem concluir: "o grau de inovação introduzido nos produtos permite para cerca de 46% das empresas respondentes praticar um preço mais elevado, pese embora somente para 4% este preço seja inequivocamente mais elevado. A inovação ao nível do produto pode permitir a uma empresa praticar preços mais elevados a partir do momento em que esta inovação diferencia o produto ao ponto do consumidor estar disposto a pagar mais."
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Parece que existe um silêncio, uma vergonha que impede as associações e as empresas de assumirem abertamente que querem aumentar preços, que aumentar preços é bom. Por que estamos num mercado aberto, numa economia competitiva, aumentos de preços não suportados em valor reconhecido e percepcionado pelos clientes não são sancionados, quem os praticar realiza hara-kiri.
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Como é que reza a religião dos economistas?
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Numa economia aberta, num ambiente de concorrência perfeita não são permitidas rendas superiores às exigidas para pagar os custos do capital. Peter Johnson em "Astute Competition" é muito mais eloquente:
"Economics heads in the opposite direction since it is determined to eliminate or render irrelevant the specifics of the individual situation. As a result, markets are the antithesis of businesses — all the non-systematic, business-specific information is washed away in the economists’ assumption of efficient and deep product markets: this is what transactional cost economics tells us happens when markets function well. The transactions are nominally the same and as a result individual businesses are not relevant to the making of purchasing decisions because they all offer whatever it is that the market provides. But this emphasis on anonymity in economics goes beyond the featureless neutrality of markets. The entire approach of traditional economics is to try to introduce homogeneous elements to make a situation tractable — essentially various forms of everything else being assumed to be the same — in order to establish a general conclusion of the form ‘whenever we have X, then Y follows’.
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It is easy to suspect that traditional economists cannot in fact explain how businesses make a sustained profit.15 In a world of perfect competition supernormal profits will be zero, and the suggestion of economics is that anything other than this outcome is either inefficient, transient or morally reprehensible. This failure to understand the source of sustained business profits probably arises from the focus of traditional economics on only three types of competition (monopoly, oligopoly and perfect competition — all of which are selected and investigated because they are susceptible to mathematical analysis) and associated rents."
Desconfio que os professores das escolas de economia e de gestão contaminam e moldam o pensamento dominante na sociedade.
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Continua.

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