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sábado, fevereiro 15, 2025

"a problem money may be unable to solve"

A propósito de "It's no longer about how you do it; it's about what you do" mão amiga fez-me chegar cópia do artigo "Money Alone Can't Stop Europe's Industrial Twilight" publicado no passado dia 13 na revista "Politico Europe".

O exemplo do encerramento de uma fábrica da Michelin em Cholet é apresentado no artigo como exemplo. Apesar dos milhões de euros em subsídios e incentivos fiscais, empresas como a Michelin continuam a encerrar fábricas na Europa e a transferir a produção para países com menores custos. O encerramento da fábrica da Michelin em Cholet é um sintoma da desindustrialização europeia, que não é resolvida apenas com incentivos financeiros.

"Despite Michelin receiving millions of euros in government assistance, management said the factory in this small French city could no longer compete with its Asian rivals."

O governo francês gastou milhares de milhões de euros para apoiar a indústria, mas os resultados são decepcionantes. Entre 2020 e 2022, a França gastou 27 mil milhões de euros por ano em apoio financeiro ao sector industrial, o desemprego parou de cair e estabilizou nos 7%, mas as fábricas continuam a encerrar.

"Between 2020 and 2022, France spent approximately €27 billion per year in financial support to the industrial sector, according to a recent report by France's court of auditors."

O problema central não é a falta de subsídios, mas sim a dificuldade estrutural da Europa em competir globalmente, especialmente em sectores de baixo valor acrescentado. Macron prometeu revitalizar a indústria, mas os empregos continuam a desaparecer porque a Europa não resolve os desafios de produtividade e inovação.

"The fate of the workers in Cholet, one of two factories Michelin closed in France last year, offers an illustration of a problem money may be unable to solve."

Este "a problem money may be unable to solve" tem tudo a ver com o "It's no longer about how you do it; it's about what you do." Enquanto a Europa tenta proteger indústrias tradicionais, Taiwan e outras economias asiáticas investem fortemente em inovação e tecnologia de ponta. Empresas como a Michelin alegam que não podem competir porque produzem bens pouco diferenciados e enfrentam concorrência feroz da Ásia.

"They told us that the Chinese are stealing our jobs, but this is totally false," said Jacques Roux, a Michelin worker and the picket line."

A União Europeia continua a apostar em subsídios generosos e regras proteccionistas para tentar salvar sectores industriais tradicionais. Um novo pacote de estímulos planeado para Fevereiro inclui o relaxamento de regras de ajuda estatal, mostrando que Bruxelas ainda acredita que a solução é apenas financeira, e não estrutural. 

"As Brussels launches an effort to make the European economy more competitive by slashing regulation and ramping up public spending - a new package of measures is due on Feb. 26."

No entanto, como o artigo mostra, o encerramento da Michelin e a crise industrial na Europa demonstram que despejar dinheiro não resolve a falta de competitividade global da indústria europeia. O que é necessário não é mais subsídios, mas sim uma estratégia clara para reposicionar a Europa em sectores de alto valor acrescentado, como Taiwan faz com a TSMC.

Ou seja, Bruxelas está como Portugal. Os salários dos trabalhadores dos sectores tradicionais só podem aumentar se houver novos sectores a reformular a média, basta recordar o exemplo do barbeiro de Londres.

Entretanto, outra mão amiga ontem fez-me chegar "TSMC plans to build a 1-nm gigafab in Taiwan". É outro campeonato.

Enquanto a França e o resto da Europa tenta manter empregos em indústrias que já não são competitivas, Taiwan está focada no que faz a diferença na economia global - semicondutores de última geração.

A TSMC, ao investir no fabrico de chips de 1 nm, está a consolidar a sua posição como insubstituível na cadeia de valor global. Isto não é apenas sobre como produzir chips, mas sobre o que está a ser produzido. Do you get the point?

O sucesso de Taiwan não vem de subsídios sem estratégia, mas de investimento pesado em I&D, talento e tecnologia de ponta.

O artigo sobre a Michelin mostra que a Europa está encalhada numa lógica de subsídios que não aumenta a produtividade, não cria empregos sustentáveis e atrasa a evolução porque o subsídio vai resolvendo, vai zombificando mais e mais.

A França e a Europa está a tentar proteger o passado; Taiwan está a construir o futuro. Again: "It's no longer about how you do it; it's about what you do".

Tudo a ver com os gansos voadores.

quarta-feira, junho 16, 2010

Ou a ditadura do federalismo ou o caos...

Quando Teresa de Sousa aparece na Antena 1 a criticar alguém... imediatamente, por princípio, tomo a defesa desse alguém.
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Ontem veio defender que se Portugal não tivesse aderido à então CEE tinha sido o descalabro...
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Há sempre alternativas! Não sei se estaríamos melhor ou pior, seria diferente com outras alternativas, com outros constrangimentos.

quinta-feira, julho 26, 2007

O elefante, o dragão e os asilados.

O artigo de opinião de José Manuel Moreira, "A verdadeira crise", no Diário Económico" do passado dia 24 de Julho, é um artigo que apetece traduzir para um conjunto de "loops" da dinâmica de sistemas, um conjunto de "loops" que conspiram, para nos remeter para este estado de definhamento em que nos encontramos e enterramos na Velha Europa.

"a liberalização do aborto, agora “corrigida” com um programa de apoio à natalidade que, tal como está desenhado, acabará por ser mais um incentivo ao ciclo vicioso da pobreza e da exclusão."

"o subsídio de desemprego, em vez de ajudar os desempregados, prolonga o desemprego"

"O mesmo para o “serviço nacional de saúde”, o sistema de educação ou as políticas de habitação “social”, incentivadoras de ninhos de violência, de deterioração e insalubridade."

No final do artigo, somos remetidos para o livro "European Dawn: after the social model" de Johnny Munkhammar, uma apresentação das ideias do autor pode ser encontrada aqui.

Penso que é ao minuto 30 que o autor fala de um futuro em que hordas de turistas indianos ricos visitam a Velha Europa, limpa, arrumadinha, preservada, e... pobre!

Pois, enquanto nós por cá, estamos sujeitos a estas teias que nos tolhem a capacidade criativa, a revista Time desta semana traz este artigo, um excerto do livro "The Elephant and the Dragon" de Robyn Meredith, uma apresentação do livro pode ser encontrada aqui.

Enquanto nós por cá aconchegamos o nosso ego, reforçamos preconceitos, e simplificamos o mundo rotulando todos os chineses e indianos de escravos, vamos sendo reduzidos à irrelevância planetária, a uma velocidade ainda superior à da redução da influência da lingua francesa no mundo.