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segunda-feira, março 03, 2025

A aversão à novidade

Numa longa e saborosa conversa telefónica recente recomendei a leitura destes dois postais:

Agora, ao escrever este postal recordo um outro, "Qual é mesmo a missão?", onde escrevi:
"Se os produtores portugueses têm dificuldades em competir no mercado de milho commodity, talvez fosse mais estratégico apostar desde já em produtos diferenciados em vez de tentar sustentar artificialmente um sector que enfrenta tantas dificuldades."

O ponto comum em todos eles é a permanência no carreiro actual e a dificuldade, a aversão à mudança, a aversão ao desconhecido.

Agora ao ler o prefácio do livro "Uncertainty and Enterprise" de Amar Bhidé" encontro "novelty aversion" e "Knightian uncertainty".

A aversão à novidade refere-se a uma tendência na tomada de decisões em que os indivíduos evitam opções novas ou desconhecidas, mesmo quando estas podem ser benéficas. Este enviesamento surge de uma preferência pelo conhecido e previsível em detrimento do incerto e desconhecido. 

A incerteza Knightiana (nome dado em homenagem ao economista Frank Knight) descreve um tipo de incerteza em que a probabilidade dos resultados é desconhecida ou incalculável. Ao contrário dos riscos mensuráveis (onde as probabilidades podem ser atribuídas), a incerteza Knightiana envolve situações em que a falta de informação torna impossível determinar probabilidades.

Ambos os conceitos giram em torno do desconforto com o desconhecido. A aversão à novidade é uma reação comportamental à incerteza Knightiana, pois as pessoas frequentemente evitam novas opções porque não conseguem estimar os riscos envolvidos. Em ambos os casos, os indivíduos podem hesitar ou recusar-se a envolver-se em situações incertas devido à falta de probabilidades claras. Tanto a aversão à novidade como as respostas à incerteza Knightiana levam as pessoas a favorecer escolhas familiares e estabelecidas em detrimento de alternativas desconhecidas.

Na agricultura e em muitas indústrias (por exemplo, finanças, medicina, tecnologia) há uma adopção lenta de inovações devido tanto à aversão à novidade como à incerteza em torno de novos métodos ou produtos. Essencialmente, a aversão à novidade é uma das formas pelas quais as pessoas reagem à incerteza Knightiana.