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domingo, março 22, 2009

Birras e políticos que não sabem dizer não

Mário Soares que sempre defendeu que Portugal entrasse no pelotão da frente do euro, sem nunca perceber as consequências da adopção de uma moeda forte, num país habituado a desvalorizações deslizantes para obter vantagens desleais nas suas exportações e, por isso, sem nunca ter dito quais seriam as consequências da adesão ao euro para a economia portuguesa, vem dizer que a Europa tem líderes mediocres e que a chanceler alemã não é fixe pois não quer pagar as irresponsabilidades cometidas pelos outros países da eurozona "à preocupação da chanceler Angela Merkel de, com eleições à porta, «não impor medidas que possam desagradar aos eleitores». " (aqui).
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Pois, políticos fixes são aqueles que tomam decisões sem saber, sem imaginar quais as consequências que elas vão originar e, sem verdadeiramente se preocuparem com isso.
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Mário Soares podia olhar cá para dentro de portas e apontar o dedo cá dentro.
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O mundo económico tal como o conhecemos está a desmoronar-se:
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Alguns trechos do The New York Times "Rapid Declines in Manufacturing Spread Global Anxiety":
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"Orders are down 50 percent from a year ago" (numa fábrica alemã)
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"That manufacturing is in decline is hardly surprising, but the depth and speed of the plunge are striking and, most worrisome for economists, a self-reinforcing trend not unlike the cascading bust that led to the Great Depression.
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In Europe, for example, where manufacturing accounts for nearly a fifth of gross domestic product, industrial production is down 12 percent from a year ago. In Brazil, it has fallen 15 percent; in Taiwan, a staggering 43 percent.
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Even in China, which has become the workshop of the world, production growth has slowed, with exports falling more than 25 percent and millions of factory workers being laid off.
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In the United States, until recently a relative bright spot for manufacturing despite the steady erosion of blue-collar jobs, industrial output fell 11 percent in February from a year ago, according to statistics released Monday by the Federal Reserve.
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Manufacturing has fallen off the cliff, and it’s certainly the biggest decline since the Second World War,” said Dirk Schumacher, senior European economist with Goldman Sachs in Frankfurt."
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Edward Hugh no seu blog ilustra profusamente em gráficos o descalabro que vai por esse mundo fora, por exemplo:
Este humilde blogger ainda antes da queda da Lheman Brothers escrevia Como vai ser o próximo ano? e desde 15 de Setembro de 2007 usa este marcador ,
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Agora, só quando a realidade irrompe como um tsunami pelas nossas vidas e se torna impossível escondê-la ou ignorá-la é que os ministros começam a balbuciar umas coisas "Teixeira dos Santos admite estar preocupado com défice"
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Pois bem, é no meio deste cenário global que o ministro do trabalho no congresso da UGT não tinha mais nada para dizer do que "Salário mínimo: Governo vai discutir aumento para 600 euros"
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Quando temos um país a que já chamam cheque careca on-the-making, um país que é usado como exemplo, "the portuguese trap", do que acontece quando se conjuga uma moeda forte com salários incompatíveis com uma produtividade baixa o ministro do trabalho não tem mais nada para dizer...
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Recorda-me a última figura de bébé que me recordo de fazer em público. Fui com os meus pais passear numa feira de barracas na Rotunda da Boavista no Porto na época dos santos populares, ao passar por uma banca apaixonei-me por um brinquedo e pedi-o aos meus pais. Eles recusaram, e eu insisti, e eles voltaram a recusar, e eu comecei a fazer uma birra com choro ...
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O mundo mudou, a produção industrial está em queda livre, as encomendas escasseiam, e a UGT e o ministro do trabalho entretêm-se com a subida do SMN.
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Bom... tem o seu lado positivo, acelera o dia do julgamento final, o day of reckoning. OK, pode ser.
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Este políticos da oposição e da situação fazem-me cada vez mais recordar o aquecimento global:
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Taxes must rise to pay for climate change, MPs warn
vs The 'Global Warming Three' are on thin ice

segunda-feira, março 16, 2009

Nós não prevemos até ao fim as consequências das nossas decisões (parte III)

No Público de hoje a propósito das reformas da Segurança Social pode ler-se:
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"Vieira da Silva destacou, em 2006, o facto da reforma dar a cada cidadão "uma maior margem de opção" a Portugal apresentará em 2046 o maior corte médio de pensões de reforma da União Europeia, segundo um relatório da Comissão Europeia sobre a inclusão social. Já a previsão do Governo é menos pessimista. De qualquer forma, trata-se de estimativas para quem entre agora no mercado de trabalho. E o que acontece aos que já trabalham?
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Os números parecem assustadores. Na realidade, nenhuma instituição nem o Governo têm números para o que vai acontecer às pensões dos trabalhadores actuais, porque apurá-los nunca foi preocupação. Uma coisa é certa: as pensões desses portugueses vão diminuir em cada ano face à lei vigente até 2006, fruto da reforma da Segurança Social desse ano. E os relatórios internacionais vão já dando conta dessas alterações."
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O que é assustador é pensar que este modo de actuação é generalizado.
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Quando um governo (seja este seja outro da oposição actual) legisla sobre o tema A ou o tema B não se equacionam as consequências, não se simulam os resultados ...
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"Na realidade, nenhuma instituição nem o Governo têm números para o que vai acontecer às AA dos portugueses, porque apurá-los nunca foi preocupação"
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"Na realidade, nenhuma instituição nem o Governo têm números para o que vai acontecer às BB dos portugueses, porque apurá-los nunca foi preocupação"
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After all nós não prevemos até ao fim as consequências das nossas decisões...

quarta-feira, maio 07, 2008

Unintended consequences

Depois da morte da Mao e da subida ao poder de Deng Xiao Ping na China, foi publicada a lei "Uma família, um filho(a)", com incentivos e punições em conformidade.
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Contudo a lei nada dizia quanto ao género do filho(a).
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Assim, os pais começaram a viciar a roleta. Em 1990, por cada 100 raparigas nascidas, nasciam 111 rapazes. Em 1995, por cada 100 raparigas nascidas, nasciam 116 rapazes, um ratio que continua até hoje.
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Hoje existem, literalmente, milhões de chineses que não se podem casar!!!
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A cultura chinesa confuciana dá um alto valor ao casamento.
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Logo, inexoravelmente, milhões de esposas, ou futuras esposas, estrangeiras vão ter de emigrar para a China fechada e vão abri-la ao mundo e vão contaminá-la com outras culturas e outras formas de pensar e ver o mundo.
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As grandes revoluções começam assim, sem fanfarra, sem se anunciarem, vão avançando sorrateiramente...
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Ideias retiradas de "Inevitable surprises" de Peter Schwartz
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Juro que quando via na televisão a série "Caminho das Estrelas" com o comandante Kirk e Spock, torcia sempre o nariz aquela composição étnica. No futuro, vamos ser quase todos chineses, ou descendentes de chineses, ou ter sangue asiático a correr nas nossas veias.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Uma oportunidade para experimentar

O livro "Visible Thinking - Unlocking causal mapping for practical business results", de John Bryson, Fran Ackermann, Colin Eden e Charles Finn, apresenta vários exemplos de aplicação de mapas causais a instituições universitárias.

Um dos exemplos refere-se a: "a group of people have a range of choices open to them regarding a particular strategic issue. They think they know which direction or choice thet want to make, but would prefer to explore all the ramifications of the issue before commiting themselves." A entidade escocesa responsável pela alocação de dinheiros às escolas superiores, ponderava a possibilidade de promover fusões entre 10 escolas da zona de Glasgow. Uma das escolas resolveu utilizar os mapas causais para ter uma visão completa dos prós e dos contras.

Outro exemplo refere-se a: "can be used to guide overall strategy development for an organization - in this case a small, not-for-profit college in the US"... "including helping it focus attention on its purpose, goals and the strategic issues that need to be addressed." Uma escola que assiste à descida do número de alunos inscritos e que pretende dar a volta.

Foi disto que me lembrei quando li esta notícia no Público de hoje "Reestruturação da Universidade do Porto levanta polémica", assinada por Margarida Gomes.

"O novo modelo da estrutura orgânica e de elaboração dos estatutos da Universidade do Porto (UP) proposta pela reitoria, e que terá de estar concluído até ao próximo dia 10 de Junho, está a gerar forte controvérsia no meio académico, que discorda não só da forma como o processo está a ser conduzido, mas também dos pressupostos em que assenta a reestruturação da universidade. Num documento de trabalho preliminar, da autoria do reitor, Marques dos Santos, prevê-se que a UP venha a ser reorganizada em cinco grandes escolas, concentrando as 14 faculdades que compõem actualmente a universidade, uma medida que, na opinião de alguns docentes, representa "uma clara perda de autonomia pedagógica, científica, mas também financeira"."
Por que não experimentam usar esta metodologia?
De certeza que entre os docentes e técnicos, haverá dois ou três que a conheçam !

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

“Nós não estudámos até ao fim todas as consequências das medidas que sugerimos” (II)

Em Julho reflectimos sobre o título deste postal.

Na segunda-feira passada, escrevemos sobre as vantagens de desenhar mapas causais, porque a realidade é demasiado complexa:


"The world is often a muddled, complicated, dynamic place in which it seems as if everything is connected to everything else - and that is the problem! The connections can be a problem because while we know things are connected, sometimes we do not know how, or else there are so many connections we cannot comprehend them all. Alternatively, we may not realize how connected things are and our actions may lead to unforessen and unhappy consequences."


Ontem no jornal Público, encontrámos um exemplo que ilustra esta teia de interrelações entre causas e efeitos, e sobretudo permite salientar os efeitos não previstos, as famosas "unintended consequences".

Do artigo "Crescer em dez anos", assinado por Alexandra Campos, isolamos os seguintes trechos:
"Um dos objectivos da rede nacional de cuidados continuados integrados era retirar das camas dos hospitais os doentes que já não precisam de tratamento agudo. Ou seja, aliviar as unidades de saúde mais diferenciadas, enquanto se proporciona aos convalescentes cuidados continuados de qualidade."

"em vários hospitais está a suceder precisamente o contrário: tem sido mais difícil dar alta e transferir doentes e os dias de internamento prolongam-se"

"os familiares dos doentes se escusam a levá-los para casa na hora da alta hospitalar, porque sabem que agora existem alternativas ao internamento hospitalar"

"Foi uma caixa de Pandora que se abriu."

"O drama é que a expectativa é muito grande e acabamos por não ter resposta. É uma perversidade que o novo sistema, por absurdo, pode criar"

"A agravar, o processo de alta é agora "mais burocrático", acrescenta. Mesmo que haja camas disponíveis, é necessário preparar muita documentação"

"reconhece que a situação está "caótica" em muitos hospitais, mas responde: isso apenas está a acontecer porque as unidades de saúde não se prepararam para o fenómeno do envelhecimento, das doenças crónicas e do aumento do nível de dependência."

"sempre houve falta de camas, só que antes mandavam os doentes para casa sem nenhuma referenciação", recorda." Os serviços sociais tapavam uma lacuna que não devida ser tapada por eles. Agora, os doentes "têm que ser referenciados adequadamente", diz. "

Nem de propósito, encontrei este trecho no livro "Visible Thinking - Unlocking causal mapping for practical business results", de John Bryson, Fran Ackermann, Colin Eden e Charles Finn:

"A negative goal is a natural and logical consequence of doing what you want to do, and is at the same level of abstraction as a goal, but involves a negative outcome, not a positive one."

O desenho de mapas causais permite identificar de antemão os ramais negativos, o conjunto de consequências negativas que as nossas boas intenções vão criar!

É interessante que os autores aconselhem: "we generally advise mappers not to start with goals or objectives, but instead to begin what they can imagine themselves doing - that is, to start with strategies - before exploring what the goals might be that those strategies help achieve."

Porque é que esta ferramenta não está mais divulgada?

segunda-feira, setembro 03, 2007

Unintended consequences

Quando se interfere num sistema, temos de ter em conta que ele vai reagir, que não vai permanecer impassível, aqui.