A propósito de "Estado emprega 760 mil funcionários públicos, um novo máximo histórico", na parte I mencionei um podcast. Entretanto, encontrei este trecho inicial:
Ao ouvir este podcast, enquanto fazia o meu jogging, lembrei-me logo das "estórias" que conheço, por causa de confidências familiares, (por exemplo, sobre o mundo da ineficiência nas escolas).
A inteligência artificial (IA) está a eliminar empregos com tarefas repetitivas — mas o estado multiplica-os.
No vídeo, é dito de forma clara:
"If your job is as routine as it comes, your job is gone in the next couple of years."
Trabalhos de introdução de dados, operadores de processos administrativos, controlo da qualidade básico, entre outros, estão a ser automatizados globalmente — e até nas empresas privadas portuguesas.
Mas o estado português?
"O Estado emprega quase 760 mil funcionários públicos, um novo máximo histórico."
A função pública está a crescer à boleia de contratações nas autarquias, educação e saúde — áreas onde muitas tarefas poderiam ser parcialmente automatizadas para libertar recursos humanos para funções de maior valor acrescentado.
O estado continua a funcionar segundo o paradigma "mais pessoas = melhor serviço"
Enquanto no vídeo o alerta é acerca de um futuro onde:
"We're going to go into a high-velocity economy with careers that last 10 to 36 months..."
... o estado português mantém contratos vitalícios, crescimento salarial garantido e estruturas pouco flexíveis. Exemplo:
"Na administração local, foram contratados mais 3.714 trabalhadores, dos quais 1.999 técnicos superiores."
Pouco se fala de requalificação, muito menos de usar ferramentas como IA para optimizar processos repetitivos, melhorar a decisão administrativa ou libertar tempo dos profissionais de saúde e educação.
O estado ignora o papel das ferramentas inteligentes como meio de libertar pessoas para tarefas mais humanas.
No vídeo, discute-se que a IA pode:
"Allow us to be the best version of ourselves."
Mas se aplicássemos esta visão à Administração Pública, poderíamos:
- Automatizar a análise de dados e a geração de relatórios financeiros, libertando técnicos para tarefas analíticas.
- Criar assistentes virtuais para apoio a cidadãos, reduzindo filas e redundâncias.
- Usar IA na triagem de processos (educação, saúde, justiça), concentrando os recursos humanos onde há risco real ou decisão complexa.
Em vez disso, o Estado cresce como se a única solução para melhorar o serviço fosse contratar mais.
Tudo isto faz-me lembrar um episódio de "Yes, minister":
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