terça-feira, junho 10, 2025

A lição suíça

No FT do passado dia 2 de Junho encontrei "The world's strongest currency is also super-competitive", um tema que me fascina há anos e anos. Recordo os tempos da troika e os que advogavam o regresso ao escudo porque é impossível ser competitivo com uma moeda forte. Sim, eu sei que não é facil, mas seguir por essa via coloca-nos no caminho da subida na escala de valor, coloca-nos no quadrante da competitividade à custa da produtividade, o quadrante da riqueza:


O artigo destaca como a Suíça, apesar de ter a moeda mais forte do mundo — o franco suíço —, mantém uma economia altamente competitiva, produtiva e orientada para a inovação. Contrariando a ideia de que uma moeda forte prejudica as exportações, a Suíça demonstra que qualidade, sofisticação tecnológica e valor acrescentado são chaves para o sucesso económico sustentável. A sua estrutura económica descentralizada, dominada por pequenas e médias empresas, permite-lhe resistir a choques externos, manter excedentes comerciais e liderar em sectores complexos e exigentes.
"It generates more than $100 in GDP per hour worked - that's more productive than any of the other 20 largest economies. Its decentralised political and economic system encourages the rise of small enterprises, which account for over 99 per cent of Swiss companies.
...
Harvard's Growth Lab ranks Switzerland first among major economies for the "complexity" of its exports, a measure of the advanced skills needed to produce them. And its exports range from chocolates and watches to medicines and chemicals - belying the notion that strong currencies kill factories.
...
Yet Switzerland also defies the assumption that a strong currency will undermine a nation's trading prowess by making its exports uncompetitive. Its exports have risen and are near historic highs both as a share of Swiss GDP (75 per cent), and as a share of global exports (near 2 per cent).
...
At 18 per cent of GDP, its manufacturing sector is one of the largest among developed economies. Over half its exports are "high-tech" - more than double the US level. Since advanced goods are more expensive, this has helped Switzerland keep its current account in surplus, averaging more than 4 per cent of GDP since the early 1980s."
Em Portugal, precisamos de fazer a mesma pergunta com honestidade: Vamos continuar a competir pelo preço mais baixo?

Ou vamos apostar em subir na escala de valor — com design, precisão, confiança, inovação e especialização?

O crescimento que se aguenta não vem da moeda. Vem do que pomos dentro do produto.

Sem comentários: