No WSJ do passado dia 5 de Fevereiro em "How 'China Shock' Upended U.S. Workers" um artigo que alinha com o que ao longo dos anos escrevemos aqui ao dizer que o problema não era o euro, mas a China: O choque chinês, não o euro.
Algumas notas do artigo sobre o denominado "China Shock" - o grande aumento de importações chinesas nos Estados Unidos a partir do início dos anos 2000 - e como isso afectou profundamente as comunidades industriais norte-americanas. Eis as principais ideias:
- A entrada da China na Organização Mundial do Comércio (WTO) e a consequente abertura para exportações chinesas baratas conduziram a uma rápida mudança na indústria dos EUA.
- Comunidades industriais (especialmente no Southeaste partes do Midwest) foram fortemente atingidas, com muitos trabalhadores a perderem os seus empregos.
- Havia a expectativa inicial de que o acesso a produtos chineses baratos beneficiaria os consumidores e que a transição económica seria gerível. Contudo, os efeitos negativos sobre o emprego, os salários e as condições de vida revelaram-se bem mais profundos do que se previa.
- Uma investigação recente aprofunda o impacte de longo prazo nas regiões atingidas, demonstrando que mesmo após alguma recuperação económica local, muitos trabalhadores que perderam emprego na indústria não conseguiram reposicionar-se adequadamente.
- Em algumas localidades, surgiram sectores alternativos como saúde, educação, retalho e restauração. As taxas de emprego até recuperaram, mas principalmente devido a postos de trabalho não relacionados com a indústria. As dificuldades enfrentadas por estas comunidades contribuíram para a insatisfação com a globalização e influenciaram o cenário político, ajudando a explicar a mudança do estado de espírito eleitoral que culminou na eleição de Donald Trump.
- Os trabalhadores afectados (sobretudo os menos qualificados, incluindo muitos homens brancos ou negros sem ensino superior completo) raramente se reintegraram nestes novos sectores e enfrentaram maior instabilidade e salários mais baixos. A investigação destaca ainda que muitas famílias sofreram impactes de longa duração, como aumento da pobreza infantil, maior número de famílias monoparentais e queda no padrão de vida dos afectados.
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