Um discurso perigoso...
"Do plástico para os saltos às borrachas para as solas, passando pelos fios e pelas peles, a indústria do calçado está a ficar com as margens cada vez mais esmagadas porque “os clientes não estão a aceitar aumentos” de preços. Ao mesmo tempo, começam a chegar as primeiras faturas de eletricidade com valores cinco vezes mais elevados.
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O grande problema é que os clientes não estão a aceitar aumentos. É muito difícil. Aliás, tenho ouvido respostas – e de grandes grupos – como ‘vocês têm de inventar soluções dentro da vossa empresa para que sejam mais produtivos’. A minha primeira reação, com alguns nervos, é dizer-lhes: ‘então venham para aqui e tentem fazê-lo’. Além disso, estamos com um problema de falta de mão-de-obra e arranjar tecnologia para implementar nas empresas não se consegue fazer de um dia para o outro.
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Reconheço que o salário mínimo em Portugal continua a ser muito baixo. Estou de acordo que seja aumentado, mas a produtividade também tem de aumentar – e isso não tem acontecido. Devia crescer mais em função da produtividade. E os próprios trabalhadores são a favor disso. Ou seja, quanto melhor fizermos, mais temos de receber no final. O problema com estas subidas dos últimos anos é que todos os escalões que estão acima começam a ficar muito próximos e isso cria uma instabilidade social muito grande [dentro das empresas]. Mas se fossemos aumentar [os restantes] em proporção, tornava-se difícil de manter a indústria."
Recuo a 2011 e a "Não é impunemente que se diz mal".
Foco-me naquela frase "a indústria do calçado está a ficar com as margens cada vez mais esmagadas porque “os clientes não estão a aceitar aumentos” de preços" e lembro-me de A importância das margens e de:
"O ganho médio dos trabalhadores do setor passou de 623 euros, em 2009, para 871, em 2019, o último ano disponível, o que representa um aumento de 40%."
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