domingo, maio 16, 2021

"duas economias, diferentes realidades, diferentes meios de competir ou não competir" (parte I)

Sim, eu sei que houve muitas mistificações acerca dos trajes tradicionais portugueses. No entanto, podemos aceitar que num passado mais distante, cada região tinha os seus trajes, tinha a sua gastronomia, até os seus sotaques (quando conheci a minha mulher ainda cheguei a pensar em escrever um dicionário acerca das muitas palavras que eu nunca tinha ouvido, ou que tinham um significado diferente do habitual, e que eram corriqueiras na aldeia onde ela nasceu a apenas 30 km do Porto, perto de Penafiel).

Nassim Taleb explica a variedade religiosa libanesa à custa do seu relevo montanhoso, assim como o desaparecimento da maioria cristã copta no Egipto à conta da ausência de barreiras geográficas. Quando falamos nos Balcãs, falamos de uma panóplia de etnias que não se chegaram a misturar, apesar de tantas séculos de domínio otomano, por causa das barreiras geográficas.

Antes do século XX as barreiras geográficas proporcionavam a existência de muitos mercados regionais, mais ou menos independentes. Depois, com o comboio, com as estradas, com as linhas de montagem, os mercados nacionais começaram a tomar forma. (BTW, gosto sempre de recordar o curto-prazismo e cegueira dos autarcas do interior. De cada vez que reclamavam melhores estradas, matavam mais umas empresas que se tornavam presas fáceis das empresas do litoral que tinham crescido mais depressa - sim, Karma is a bitch!)
O século XX representa a Grande Normalização, a Grande Uniformização! (Recordar Potato Fields nos Estados Unidos e Magnitogorsk na União Soviética). A economia do século XX pode ser representada por uma paisagem com um único pico e em que todas as empresas procuram escalar esse mesmo e único pico.

A economia do século XX pressupõe um mercado homogéneo e uma competição violenta por um lugar na escalada ao pico único.

O que é que ando a pregar aqui no blogue e na vida profissional ao longo dos anos? O fim do modelo do século XX! 

O crescimento da oferta para lá da capacidade da procura a absorver desencadeou um bailado entre a oferta e a procura que criou e intensificou a Grande Diversificação, aquilo a que chamo de Mongo! Um universo económico com cada vez mais picos. Uma paisagem cada vez mais enrugada.
Duas paisagens competitivas, duas economias, diferentes realidades, diferentes meios de competir ou não competir.

Ainda ontem escrevia sobre os modelos mentais ultrapassados. Depois, durante o final da tarde ouvi:
"Humans think using mental models. These are representations of reality that make the world comprehensible. They allow us to see patterns, predict how things will unfold, and make sense of the circumstances we encounter. Reality would otherwise be a flood of information, a jumble of inchoate experiences and sensations. Mental models bring order. They let us focus on essential things and ignore others—just as, at a cocktail party, we can hear the conversation that we’re in while tuning out the chatter around us. We craft a simulation of reality in our minds to anticipate how situations will play out.
We use mental models all the time, even if we are not aware of them.
...
our decisions are not simply based on the reasoning we apply, but on something more foundational: the particular lens through which we look at the situation—our sense of how the world works. That underlying level of cognition consists of mental models.
The fact that we need to interpret the world in order to exist in it, that how we perceive reality colors how we act within it, is something that people have long known but take for granted.
...
The mental models that we choose and apply are frames: they determine how we understand and act in the world. Frames enable us to generalize and make abstractions that apply to other situations. With them, we can handle new situations, rather than having to relearn everything from scratch. Our frames are always operating in the background. ”
...
We now know that the right frame applied in the right way opens up a wider range of possibilities, which in turn leads to better choices. The frames we employ affect the options we see, the decisions we make, and the results we attain. By being better at framing, we get better outcomes.
...
Sometimes our frames don’t fit the reality to which we apply them. There is no such thing as a “bad” frame per se (save for one exception that we’ll raise later), but there are certainly cases of misframing, where a given frame doesn’t fit very well. In fact, the path of human progress is littered with the carcasses of misused frames."

Continua.













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