domingo, janeiro 13, 2019

Boas notícias, Portugal a ser abandonado pelo negócio do preço (1)

(1) O título está carregado de ironia, uma espécie de desafio aos que dum lado da margem, supostamente protegidos pela largura do rio, insultam alguém e a sua mãe. E começam a ver a coisa a complicar-se quando esse alguém atira-se à água e em fortes braçadas começa a vencer a distância e aproxima-se para dar uma tareia ao galifão.

Em Agosto último:

Agora "Aposta da Inditex na Turquia afeta Portugal"
""Houve uma desvalorização em 40% da moeda na Turquia e a Inditex está a deslocalizar as encomendas para aumentar as margens", confirmou ao JN Paulo Vaz, diretor-geral da Associação de Têxtil e Vestuário de Portugal. O setor está ainda a tentar perceber se esta deslocalização "é estrutural ou conjuntural" porque a Turquia é um país "vulnerável nas questões sociais e políticas", explicou.[Moi ici: Como se Portugal fosse um exemplo em termos de estabilidade fiscal ou laboral]
...
O JN ouviu a administração de uma empresa muito ligada à Inditex que confirmou a baixa no número de encomendas. "Estão a fugir para a Turquia porque a moeda desvalorizou e não conseguimos concorrer", assumiu o empresário, sem querer dar a cara. Exemplificou com uma peça de vestuário que feita em Portugal pode custar à Inditex 1,25 euros, mas que baixa para os 80 cêntimos se vier da Turquia."
Os políticos à segunda, terça e quarta, enchem o peito, levantam a crista e gritam que estão contra os salários baixos. Os mesmos cromos à quinta, sexta e sábado, ficam preocupados quando as empresas que trabalham preço começam a fechar. Vamos começar a ouvir vozes a pedir apoios e subsídios... É o que chamo de "tremerem as pernas" (aqui, aqui e aqui).

Apoios e subsídios são para manter o status quo.
Quantos terão coragem para não intervir e deixar a cada empresa a capacidade de sobreviver, de se reinventar, ou de morrer?

Envelhecer, por um lado, e ter memória, por outro, traz-nos algum distanciamento e perspectiva. Ainda em Fevereiro de 2017, "Voltar a 1996", vivíamos o efeito oposto. Lembram-se da sucessão ecológica?
"Em economia as empresas são os seres vivos, e o meio ambiente é o espaço competitivo onde elas operam, e esse espaço pode variar rapidamente. Por isso, não se deve poder falar de um climax que é perturbado de forma anómala, mas de uma sucessão mais ou menos rápida, mais ou menos pontuada de alterações em função da alteração na paisagem competitiva."




2 comentários:

CCz disse...

https://eco.sapo.pt/2019/01/13/empresas-deslocam-producao-para-marrocos-e-continuam-a-servir-a-inditex/?utm_term=Autofeed&utm_medium=Social&utm_source=Twitter#Echobox=1547390791

Bruno Fonseca disse...

boas!

lembra-se no meu último comentário, ao falar da evolução do têxtil falei da questão da Turquia, e de como é incrível a indústria conseguir continuar a crescer num cenário de lira turca desvalorizada, redução encomendas Zara e desaceleração da economia a nível mundial.

se for possível um crescimento modesto nos próximos 2 anos, em simultaneo com uma redução sistemático do peso da INDITEX, não duvido que a nossa indústria estará BEM MELHOR do que hoje.
em relação ao seu comentário, a maior parte das confecções de dimensão em Portugal tem já unidades no Magreb e Cabo Verde.


lembrei-me, por acaso, que um dos meus primeiros comentários no seu blog foi a respeito da dinâmica investimento - exportações. na altura referi que, os diversos anúncios de investimento na indústria das conservas teria que traduzir-se, tarde ou cedo, no aumento das exportações.
hoje, vive-se um ciclo semelhante, com os anúncios de novas unidades industriais em Lagos e Cerveira. certamente que haverá um efeito positivo no crescimento das exportações de conservas.

abraço!