Lembram-se de como aqui sempre estivemos contra essa treta porque os CUT são um rácio e, por isso, os CUT podem baixar, apesar dos salários subirem, se o que se produz tiver maior valor unitário?
Os clássicos, como Teixeira dos Santos ou os direitolas como Ferraz da Costa, assumem o jogo do gato e do rato, e relacionam o aumento dos salários com o aumento da produtividade em termos de produção de unidades por unidade de tempo, assumindo que o preço unitário não varia, assumindo que o que se produz mantém-se constante ao longo do tempo.
Aqui, sempre chamámos a atenção para o aumento da produtividade através da alteração do que se produz, a velha lição de Marn e Rosiello, porque tem um impacte muito superior ao que se consegue à custa do aumento da eficiência.
Regresso a isto ao encontrar estes gráficos:
Chamo a especial atenção para a evolução dos CUT (unit labour costs) da Irlanda. Estão a imaginar a quantidade de analistas a rasgar as vestes e a chorar com dó dos pobres irlandeses. Segundo eles, porque os CUT baixaram é porque os salários reais baixaram... os irlandeses devem estar a pagar para trabalhar.
Reparem agora neste outro gráfico sobre a evolução dos salários reais:
Q.E.D.
Já agora, olhem para a evolução da produtividade irlandesa:
Acham que esta evolução aconteceu porque os irlandeses começaram a correr mais depressa e a ser menos preguiçosos, ou porque se alterou o preço unitário do que produzem?
E como se aumenta o preço unitário do que se produz quando não se goza da prerrogativa de ter armas e de se poder obrigar os "utentes" a comprarem o que se produz?
Subindo na escala de valor.
Recordar:
- O jogo do gato e do rato (parte VIII) (Janeiro 2011)
- Ultrapassado e sem contraditório (Março 2012)
- A redução dos CUT (Agosto 2012)
- Aumentar o "producer surplus", o caminho menos percorrido (parte III) (Janeiro 2013)
- O FT a colar-se ao anónimo de província (Setembro 2015)
- O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho (parte V) (Setembro 2015)
- CUT, produtividade, competitividade e gato e rato (Maio 2016)
- Produtividade para o século XXI (parte IV) (Abril 2017)
- Prisioneiros do século XX (Setembro 2017)
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