domingo, agosto 09, 2015

Boas notícias (parte II)

Parte I.
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Segundo a ABIMOTA as exportações do sector cresceram 40% em 2014 e vão crescer 10% em 2015. No entanto, pode ler-se:
"a empresa de Águeda [Órbita] envia para o estrangeiro 80% das bicicletas produzidas. Há 44 anos no mercado, o fundador da marca, Aurélio Ferreira, diz que “o negócio não está tão bom como se apregoa”. O fundador fala do retrocesso do mercado em Angola e garante que “a maior parte das empresas em Portugal são apenas montadoras de peças que vêm de países como a China”." *
Aquele “o negócio não está tão bom como se apregoa” faz-me recordar aqueles que acreditam na boleia da maré:

Por exemplo, aqui, leio:
"Espanha e França são os principais destinos das exportações desta indústria portuguesa, mas a seguirem rotas diferentes: as compras pelo país vizinho, historicamente o maior comprador, estão em queda pelo menos desde 2010 (menos 9%), enquanto os franceses compraram em Portugal um número recorde de unidades (mais de 400 mil) e que representam um crescimento de 68% em relação ao início da década."
E mais à frente:
"em Espanha o mercado está ainda muito centrado em bicicletas para desporto e lazer, não havendo ainda disponibilidade para o consumo de objectos para mobilidade. Assim sendo, o que lhe é vendido tem-se tornado menos significativo."
Isto é estratégia, boa ou má, é estratégia. Os produtores portugueses não consideram sexy, rentável, produzir "bicicletas para desporto e lazer". Não é bom esperar que a macroeconomia arraste a nossa empresa para resultados positivos, a retoma como uma maré que eleva todos os barcos é uma péssima estratégia. A esperança não é em si mesma uma estratégia!
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Assim como não fazemos arte depois de nos tornarmos artistas, a retoma não é uma força exógena que age sobre um sistema, a retoma é a consequência, à posteriori, de uma massa crítica de empresas que fizeram pela sua própria vida.
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Vamos admitir que a Órbita produz e vende sobretudo com marca própria. Vamos admitir que o sucesso recente do sector diz respeito a bicicletas produzidas para marcas próprias da distribuição (private label como se diz no calçado). Talvez isto seja sinal de que a Órbita precise de pensar mais na diferenciação e menos na quantidade, precise de não usar os outros como referência, para não cometer o erro de Saul (aqui também). Talvez isto seja sinal de que a Órbita precisa de afinar a sua estratégia.
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Mas o mais certo é isto acontecer:
Eu sei, está-me quase sempre a acontecer...



* BTW, no final dos anos 90 do século passado fiz um trabalho para uma empresa fabricante de bicicletas, em Sangalhos, já na altura grande exportadora para França e Espanha, que dizia que a Órbita não era fabricante de bicicletas, era montadora de bicicletas, porque importava tudo e montava. A empresa para o qual fiz o trabalho começava os quadros a partir do zero.

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