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Entretanto, na revista do passado mês de Abril da AICEP encontro este interessante artigo "Fisipe no mundo das fibras globais" com uma entrevista com João Manuel Caminha Dotti, Administrador não executivo da FISIPE.
"A Fisipe nasceu em 1973 de uma joint-venture entre o grupo CUF, com 60 por cento, e o grupo Mitsubishi, com 40 por cento. Mais recentemente, em 2005, dá-se a debacle da Fisipe: é quando a CUF decide que o sector das fibras sintéticas deixara de ser estratégico. Foi quando se deu também em toda a Europa uma grande reestruturação do sector porque se começou a sentir a concorrência dos produtos manufacturados em países de mão-de-obra barata, como a China e o Leste da Europa. A indústria têxtil portuguesa teve uma queda acentuada.
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Neste contexto difícil qual foi o caminho que a Fisipe seguiu?Para a Fisipe o caminho a seguir era ganhar dimensão, à semelhança das empresas italianas e alemãs. A CUF, que tinha dimensão, decidiu ser um player mundial e comprou uma empresa de Barcelona, que passou a chamar-se Fisipe Barcelona. Assim, em 2001, a Fisipe torna-se o terceiro player a nível europeu, tornando-se um grande produtor de fibra acrílica. Contudo, essa estratégia não resultou, porque entretanto dá-se o 11 de Setembro, os preços do petróleo sobem abruptamente e a empresa de Barcelona perdeu competitividade dados os custos energéticos e da mão-de-obra, ficando a Fisipe Portugal a pagar durante dois anos os prejuízos. Assim, em 2005, a Fisipe é uma empresa falida tecnicamente.
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A CUF decide levar o capital da Fisipe praticamente a zero e depois fez novo aumento de capital. Tenta encontrar um investidor estrangeiro que comprasse a empresa, o que não se conseguiu. Foi então que eu, que estive cerca de 38 anos na função de administrador na Fisipe, e outros dois quadros superiores da empresa, resolvemos negociar com a CUF a compra da empresa. Nós conhecíamos bem o negócio. Resolvemos então alterar completamente a estratégia: não quisemos prosseguir como produtores de quantidade e decidimos apostar na diferenciação, em produtos inovadores.
Fizemos um corte drástico nas despesas e, neste sentido, vivemos antecipadamente a crise de 2005 e 2006, estando assim melhor preparados para enfrentar a crise actual.
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Começámos também a pesquisar quais seriam as fibras especiais em que teríamos maior valor acrescentado e, nesse sentido, montámos uma instalação piloto – que é uma miniatura de uma verdadeira linha de produção – para testar e desenvolver fibras especiais.
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Utilizámos igualmente slogans como “não queremos quantidade mas diferenciação”, os quais foram moldando as mentalidades.
Tivemos que alterar também o sistema informático de controlo de produção: antes trabalhávamos para o stock, fabricando e vendendo na época cerca de 20 tipos de fibras.
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Que tipo de fibras fabricam hoje?
Hoje fabricamos mais de 500 tipos diferentes de fibra, que são produzidos personalizadamente, à medida de cada cliente. É a diferença entre uma fábrica de fatos e um alfaiate.Nós somos cada vez mais alfaiates de fibras e fabricamos para clientes que se focam em nichos de especialidade, que são aliás os mais competitivos na Europa."
Esta estratégia é tão querida, tão em sintonia com este blogue...
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E em linha com o final da parte II... tornaram-se tão alemães que acabaram por ser comprados por um campeão escondido alemão.
1 comentário:
Boas meu caro!
Em relação a este tema, creio que estamos no mesmo lado.
a questão é existir uma dimensão minima que permite à empresa ser competitiva.
é como refere a TMG. é uma empresa sobredimensionada? provavelmente sim. terá que especializar-se, procurar áreas em que sejam mais competitivos? provavelmente sim. entrar em novas áreas de negócio, como seja a aeronáutica, para não ficar tão dependente do automóvel? provavelmente sim.
sairá uma empresa mais pequena, mais ágil, mais resistente?
acredito que sim.
mas não invalida em nada o que disse.
refere, e bem, o exemplo da Fisipe. sem dúvida. mas temos que ter noção que estamos a falar de uma empresa que, após este processo, factura cerca de 120 milhões de euros, mais coisa menos coisa. tem mais do que a dimensão minima para andar nestas brincadeiras.
o que digo é que, a meu ver, existe uma dimensão minima crítica, sem a qual torna-se muito complicado uma empresa evoluir. uma empresa de mobiliário que facture 2 milhões de euros, por exemplo, per si, terá muitas dificuldades em entrar em certos mercados. terá dificuldade em entrar encontrar parceiros.
um fabricante de mobiliário de nicho, vive de poucos clientes. uma grande maioria deles fora do país, se calhar até em países longinquos com custos de entrada altos, como seja por exemplo a Rússia. uma empresa que facture 2 milhões, a meu ver, poderá ter muitas dificuldades em ter presença em feiras na Rússia, nos USA, entre outros.
conheço caso de empresa que, para abordar mercado russo, teve que se "encostar" a outra concorrente, de maior dimensão, para dar maior garantia ao distribuidor local. por exemplo.
o exemplo da Fisipe não me parece fazer sentido, porque com 120 milhões de euros de facturação, a dimensão crítica está plenamente atingida, aliás, eles são lideres de mercado na Europa no sector, portanto, os concorrentes é que são os "outsiders".
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