sexta-feira, agosto 17, 2012

O regresso do socialismo científico

Esta é muito boa, não podia deixar passar a oportunidade:
"Se os CUT escalaram desde 2000 em certos países (não especialmente em Portugal), quem mais desestabilizou a ZE foi a Alemanha, que os reduziu fortemente."
Ou seja, o autor acha que a Alemanha, em concorrência directa com os países da periferia da zona euro (ZE) fez batota, ao baixar os seus custos unitários do trabalho (CUT):
"A trama é conhecida: a periferia da ZE viu os custos unitários de trabalho (CUT) dispararem, aumentou o endividamento e perdeu competitividade, travando a convergência no interior da ZE."
Qual a percentagem de empresas portuguesas, ou da periferia da ZE, que fecharam por perder em concorrência directa com empresas alemãs?
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Nem uma palavra sobre o impacte da China na sustentabilidade dos modelos de negócio assentes nos salários baixos e na produção pouco diferenciada que caracteriza(va) a periferia da ZE. Os outros são sempre os culpados, os responsáveis... estilo Merkel é que está a perseguir o Luisão.
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Depois, num remate pleno de confiança na capacidade do Estado-papá saber o que é o futuro, um final socialista:
"Sendo impossível concorrer com os salários pagos na China ou no Leste europeu, a prioridade é a transformação da estrutura económica. Aqui, uma política industrial europeia seria essencial, não para escolher vencedores nem proteger indústrias em declínio, mas para apoiar setores onde exista concorrência e inovação, e que sejam estratégicos para cumprir objetivos fundamentais: a Europa precisa de um Green Deal e Portugal devia estar na linha da frente."
Ei, espera, agora aparece a China...
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Como se apoiam sectores, sem escolher vencedores nem proteger indústrias em declínio?
Será que a EIP, por exemplo, pertence a uma indústria em declínio?
Será que, como defende Suzane Berger, não existem sectores em declínio mas antes estratégias obsoletas?
Quem é que no Estado tem conhecimentos para equacionar e conduzir uma "transformação da estrutura económica"? Onde aprenderam? Que experiência têm? O que devem privilegiar?
Será que têm um CyberSyn, apogeu do socialismo científico, capaz de ditar o que cada agente tem de fazer?
Como dizia há dias César das Neves, na TV, se um ministro da Economia soubesse quais são os "sectores estratégicos" para o futuro, demitia-se e aproveitava o conhecimento para ficar rico.
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Lembro-me de na imprensa e televisão, os políticos e comentadores falarem abertamente, sem vergonha, sem noção do ridículo, em "socialismo científico". Agora têm vergonha, mas a treta é a mesma, travestida de Green Deal e outros slogans espertalhaços que tentam camuflar as reais intenções.


Trechos retirados de "Outra transformação estrutural"

1 comentário:

Eduardo Freitas disse...

Difícil de classificar o produto (?)da luminária. Lixo de pacotilha?