segunda-feira, novembro 21, 2011

O campeonato que importa

Os consumidores compram salários?
.
As empresas competem entre si com salários?
.
.
Pensei que o truque era seduzir os clientes com a promessa, com a proposta de experiências: UAU!!!
.
Primeiro esta opinião, depois esta outra.
.
.
.
Há quase 10 anos desenhei este gráfico:
Para relatar a evolução do desempenho de uma fábrica.
.
Uma empresa ganha dinheiro é a trabalhar, quanto mais as suas máquinas trabalharem mais a empresa ganha (algumas por acaso é ao contrário, quanto menos trabalho menos perdem... mas isso é outra história), por isso, um dos indicadores escolhido para medir o desempenho da empresa foi o tempo de paragem (o somatório) mensal das suas máquinas.
.
O gráfico, feito no final do ano, retratava a história de mudança que a empresa tinha vivido. 
.
FASE 1: Durante o primeiro trimestre as máquinas estava muito tempo paradas. A análise dos factos, dos números, dos motivos das paragens, permitia uma conclusão clara: a maior parte das vezes as máquinas estavam paradas por falta de encomendas. 
.
De que adianta querer produzir mais se a capacidade instalada está subutilizada às moscas?
.
Muita gente, longe da realidade do dia-a-dia empresarial acha que as empresas não ganham dinheiro porque se trabalha pouco, porque o seu pessoal é preguiçoso.
.
Guardo para mim uma máxima que aprendi com o futebol brasileiro: não tentar marcar o 2º golo antes de conseguir marcar o 1º.
.
Ao olhar para o desempenho desta empresa interrogamos-nos: 
.
Onde está a principal restrição? Porque é que esta empresa não ganha o dinheiro que podia?
.
É por perder tempo internamente? É por estar indevidamente organizada internamente? 
.
A empresa precisa de organização interna, precisa de produzir melhor mas, neste momento, essa não é a principal restrição. Perder tempo com isso, agora, é um desperdício de tempo!!!
.
A principal restrição é a falta de encomendas.
.
Por que é que a empresa não consegue seduzir os seus clientes?
.
Qual a falha na sua proposta de valor que a impede de ir ao encontro dos desejos e ansiedades dos seus clientes? Será que escolheu os seus clientes-alvo? Será que os estudou? Será que desenvolveu um proposta de valor? Será que preparou o seu pessoal para a utilizar?
.
No próximo ano, com o colapso do mercado interno, a maioria das empresas, as que trabalham só para o mercado interno, vão viver esta situação... mais meia-hora de trabalho por dia, menos feriados, mais facilidade em despedir os "preguiçosos" e ... cada vez menos encomendas...
.
Não é o Estado que salva as empresas, é cada empresa que encontra maneira de se salvar. 
.
O primeiro passo não é trabalhar mais, não é fazer mais do mesmo, não é produzir mais produtos que não são comprados. O primeiro passo é descobrir a resposta à pergunta: Quem são os nossos clientes-alvo?
.
Para, depois, responder a uma outra pergunta: Que experiências procuram e valorizam? Qual a proposta de valor que temos de lhes oferecer?
.
Na empresa do gráfico, depois de se ter resolvido o problema da falta de encomendas surgiu outra restrição: FASE 2: a falta de pessoal nos turnos nocturnos.
.
FASE 3: Só depois de resolvido o problema da falta de pessoal nos turnos nocturnos é que, finalmente, a restrição passou a ser a forma como a empresa trabalhava na produção, a forma como trocava de moldes, o tempo de set-up, o tempo desde a paragem de uma produção até ao arranque da produção seguinte.
.
Quantas empresas estão a tentar marcar o segundo golo antes mesmo de ter marcado o primeiro?
.
Quantas empresas pensam que os clientes compram minutos, salários, custos e estão nesse campeonato, sem perceber que o campeonato que importa é o do valor?

Sem comentários: