quarta-feira, março 23, 2011

Porquê tanto medo do FMI?

Avelino de Jesus no Jornal de Negócios de ontem no artigo "Porquê tanto medo do FMI?" pôs o dedo na ferida:
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"De facto, a recusa em aceitar pacificamente a colaboração do FMI - tão frequente e veementemente afirmada - não releva nem da ideologia, nem da irracionalidade. Pelo contrário, aquela atitude repousa numa rigorosa análise das consequências previsíveis da intervenção do FMI sobre a opacidade da informação e dos processos de decisão em fundamentais aspectos da política económica.

O medo do FMI é - antes de tudo o resto - temor da capacidade de análise e de revelação do estado real da economia portuguesa, em geral, mas sobretudo, no âmbito dos compromissos públicos constantes nos contratos das parcerias público - privadas e concessões e em todos os compromissos implícitos e não publicitados propiciados pela reinante promiscuidade entre os sectores público e privado."
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BTW, relacionar a crise política em curso e a velocidade com que foi desencadeada com esta reflexão de Wolfgang Munchau "A zona euro e os seus fantasmas":
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"Quando foi anunciado quem ao abrigo do Mecanismo de Estabilização Europeu (MEE) podia comprar obrigações nos mercados primários, isto foi visto como uma grande concessão alemã. Enganaram-me, mas por pouco tempo.

Ao que parece, este mercado primário não vai funcionar. O MEE não vai estar em condições, por exemplo, de apoiar Portugal nos próximos meses, quando o país precisar de emitir mais dívida. Se Portugal não se conseguir refinanciar, não terá outra opção que não seja aceitar um programa padrão de apoio, obtendo crédito no âmbito do actual pacote de salvamento. Só ao fim de alguns anos, quando o país tiver cortado nos excessos e esse Portugal transformado sair da austeridade e planear o seu regresso aos mercados de capitais é que o Mecanismo de Estabilização Europeu poderá estar disposto a ajudar, agindo como comprador de último recurso quando o país efectuar leilões de obrigações."
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O fim da linha estava a chegar... "Bruxelas espera carta de Portugal a pedir ajuda"... um artista é sempre, sempre, sempre um artista.
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