sábado, maio 23, 2009

Exemplo de acção preventiva (parte VII)

Continuação da parte VI.
.

O que relatámos, será mesmo uma acção de melhoria?
.
Há meses, dei uma acção de formação sobre "Melhoria da Qualidade e Ferramentas de Melhoria da Qualidade" numa organização, porque tinha tido uma não-conformidade numa auditoria de acompanhamento de uma entidade certificadora com um texto do género "A organização não evidencia a realização de acções de melhoria".
.
Outros auditores e consultores discutem que existem:

  • acções correctivas;
  • acções preventivas; e
  • acções de melhoria.
O que é uma acção de melhoria? Uma acção correctiva não é uma acção de melhoria? Uma acção preventiva não é uma acção de melhoria?


Por que é que os auditados, quando não percebem ou não concordam com uma não-conformidade, de boa-fé, não sacam da ISO 9000 e perguntam ao auditor onde está escrito aquilo que ele está a dizer ou a escrever?
Conseguem encontrar a definição de acção de melhoria na ISO 9000? Eu não! Então como é que um auditor pode exigir evidências de acções de melhoria que não acções correctivas ou preventivas à luz da ISO 9001?


A ISO 9000 refere as definições "melhoria da qualidade" e "melhoria contínua" onde se encaixam perfeitamente não só as consequências da realização de acções correctivas e preventivas, como também as motivações para a sua realização.
Tentando ver alguma racionalidade na exigência desses auditores que passam não conformidades porque não há acções designadas "acções de melhoria", tentando perceber o que os motiva, encontro duas justificações: ou burrice pura e simples, ou incomodidade com as acções correctivas e preventivas porque são acções que levam à melhoria do desempenho mas são motivadas e desencadeadas por não conformidades reais ou não conformidades potenciais (aproveito para sugerir a ida a um bom diccionário e procurar o significado de acção potencial de um medicamento), e eventualmente sentem, pensam que também deviam ser desencadeadas acções de melhoria não motivadas por factos negativos reais ou potenciais.


Podem ter essa preocupação, mas isso não está no referencial usado. Isso é trair o referencial!!!
Uma das razões porque tenho medo dos projectos, programas e modelos para a excelência da qualidade assenta nisto, no crochet, no ponto-cruz, no fogo de vista. As empresas precisam de resultados e não de arranjos florais ainda que bem intencionados.


Durante anos trabalhei com a metodologia Juran de melhoria da qualidade. Há um gráfico de Juran que conta tudo:
A melhoria da qualidade acontece quando nós conseguimos mudar o status-quo do desempenho de uma organização, quando, através de um projecto, conseguimos passar da faixa "Original zone of quality control" para a faixa "new zone of quality control".

O que a TALQUE fez foi isso, passar de uma situação estabilizada em torno das 523 horas para uma nova situação inferior a 500 horas.

Se no dia-a-dia as organizações têm problemas e desafios destes que custam dinheiro e clientes, porque raio têm de perder tempo a pensar em jogos florais para auditores verem?

Olhem bem para a ISO 9001:2008. Olhem para o acrescento no final da Nota 1 da cláusula 4.2.1
.
Olhem bem para a ISO 9001:2008. Olhem para a Nota acrescentada à cláusula 6.4
.
Como diz a minha filha "Acham normal?!"
.
Para que isto tenha de aparecer escrito na norma... é porque muito auditor andava a exigir coisas malucas!
.
No próximo episódio vamos procurar sistematizar o que a TALQUE fez e recordar os sábios ensinamentos de Shoji Shiba.

2 comentários:

MJ disse...

Olá. Descobri o seu blog numa busca desenfreada sobre Qualidade. E tenho a dizer-lhe que só parei de ler quando me começou a doer o punho por causa do mouse! Muito bom. Até que enfim que alguém fala desta matéria de uma forma critica e simplificada. Já agora, podia colocar um post acerca do Ambiente (trabalho) NP EN ISO 9001:2008?
Cumps.

CCz disse...

Obrigado pelas suas palavras MJ!
.
Quando escreve: "podia colocar um post acerca do Ambiente (trabalho) NP EN ISO 9001:2008?" Está a referir-se à cláusula 6.4?
.
Agora estou numa de 7.2.1, perceber bem os requisitos do cliente primeiro, para depois, redigir o postal adequado.