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quinta-feira, agosto 16, 2007

E agora?

Como conciliar estas palavras bonitas:

"Compromisso e Política - Galp Energia

Na Galp Energia, preocupamo-nos todos seriamente com o impacte da nossa actividade na comunidade. Por isso, comprometemo-nos a melhorar continuamente aquilo que fazemos, para assim contribuir para o desenvolvimento sustentável.

POLÍTICA DE AMBIENTE, QUALIDADE E SEGURANÇA DA GALP ENERGIA"

blábláblá

"· Aplicar as melhores práticas e estabelecer estratégias de prevenção contínua de riscos para a segurança, a saúde e o ambiente. "

e esta notícia:

"Junta denuncia descarga de refinaria feita por tubo clandestino"

O presidente da Junta de Freguesia da Perafita denunciou a existência de uma descarga de poluentes feita pela refinaria da Petrogal. Rui Lopes diz que esta descarga foi feita através de um tubo camuflado.

"Rui Lopes garantiu ainda que a própria Petrogal já assumiu que este tubo vem da refinaria e que os resíduos são de facto perigosos, muito embora, estejam no estado gasoso."

Actualização aqui, recordo-me das palavras de Ferreira do Amaral, no rescaldo de um incêndio numa conduta da Petrogal junto a uma marina, há 3/4 anos. Agora era altura de cobrar...

sábado, junho 23, 2007

Mais um monumento à treta - parte II

Neste endereço (na página 52 do ficheiro pdf), encontramos o "III PLANO NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (2007-2010)".


Violência doméstica.



Num mundo ideal, não existe violência doméstica! ("should be")
No mundo real, existe violência doméstica! ("as is"), (terminologia aqui).

Num mundo futuro desejado real 1, a violência doméstica será menor que a que existe hoje.
Num mundo futuro desejado real 2, a violência doméstica será menor que a que existirá no mundo futuro desejado real 1, e assim sucessivamente.

Tal como a equipa do Dr. House, gostaría de ver números, factos, que sirvam de referencial para o ponto de chegada. Isto na minha mente é tão, mas tão básico... que me interrogo por que é que o nosso Estado (autarquias, empresas, ONG's, ...) não trabalha assim?

Rápido, pensem rapidamente na resposta à pergunta "Para que serve o III PLANO NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (2007-2010)?"













-Dar emprego a burocratas! Pum!!! Resposta errada. Seguinte!
-Por a economia a mexer! Pum!!! Resposta errada. Seguinte!
-Qualificar profissionais para apoio às vitimas! Pum!!! Resposta errada. Seguinte!
-Promover estudos sobre a violência doméstica! Pum!!! Resposta errada. Seguinte!






...






-Reduzir a violência doméstica!

Resposta certa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Se o III PLANO NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (2007-2010) for bem sucedido contribuirá para a redução da violência doméstica!

Reduzir é sucesso, OK. Mas a partir de quanto? Se houver menos uma vítima damos por bem empregue o nosso esforço? Se houver menos duas... (já me sinto Abraão a negociar com Deus a salvação de Sodoma e Gomorra)

Qual o critério de sucesso, para avaliarmos os resultados do Plano?

Se ainda não leram o Plano, óptimo, porque é assim mesmo na vida real (ou deveria ser assim). Antes de investirmos um nanosegundo que seja no desenvolvimento, na criação do conteúdo do plano, devemos começar por definir o ponto de chegada.

Começar pelo fim!!! Onde queremos chegar? (Quem já assistiu a apresentações minhas há-de estar agora a recordar o anúncio da SEUR, palavra de honra, continuo sem ter comissão).

Uma vez definido o ponto de chegada (o "should be"), vamos identificar o ponto de partida (o "as is").

Se acedermos ao sítio da Associação de Apoio à Vítima, podemos ter acesso a números sobre a violência doméstica, por exemplo aqui, podemos encontrar este quadro:
O quadro apresenta valores relativos a 2006.

Quem me conhece sabe que não gosto de tratar os números como eventos, como resultados únicos, aprecio sobretudo sequências de números, porque ilustram comportamentos. Mas é o que tenho à mão.


Este é o ponto de partida!

Para que serve o plano? O plano é um instrumento, um artificio humano, para viajarmos de onde estamos hoje, para onde queremos estar no futuro.
O mais importante não é cumprir o plano, o mais importante é chegar ao ponto de chegada, o mais importante é olhar para esta tabela do sítio da APAV com os dados relativos ao ano de 2011 e constatarmos que o total se reduziu de 13603 em 2006, para (por exemplo) 8500 em 2011.

Redige-se um plano para nos levar para o futuro, depois inicia-se a implementação do plano e a fase da monitorização.
A monitorização assenta em duas vertentes, acompanhar a evolução da execução das actividades previstas no plano, e... acompanhar a evolução de indicadores de resultados que nos permitam verificar se estamos, ou não a convergir para o futuro desejado.
Temos de fazer as duas monitorizações, mas a segunda é a mais importante, porque as actividades do plano não são fins em si mesmos, são instrumentais, o que interessa são os resultados.

Agora leiam o plano, olhem para os indicadores seleccionados... por exemplo, o indicador 5 na página 65, "Nº de estudos realizados"... podem ser estudos da treta, podem ser plágios da internet, não interessa contam para o indicador nº de estudos.

Procurem bem, posso estar enganado, mas em lado nenhum li qual o critério de sucesso do plano, ou seja, se o plano for bem sucedido, quantas vítimas teremos a menos em 2011?

Rain dance: looks good, sounds good, tastes good, smells good, makes you feel good... but has nothing to do with bottomline results... just treta!

O responsável pelos resultados do plano actual, tem por missão cumprir o plano, realizar a sequência de actividades.
O responsável dos meus planos, tem por missão chegar ao ponto de chegada, e sabe que a sua cabeça rola se não cumprir os resultados. Assim, o responsável dos meus planos trabalha sem rede (como nas empresas... se os clientes não comprarem os nossos produtos, tudo o resto é secundário), tem um plano de actividades mas está consciente que o mais importante não é o plano, mas os resultados para os quais o plano foi criado.

sexta-feira, junho 22, 2007

Mais um monumento à treta

Mais um monumento, mais um (um não, três em um) exemplo de como não medir!!!

Amanhã, mais calmos voltaremos à carga!!!

Factos vs Retórica

Qual a relação entre o desempenho de uma organização e a série de televisão “House”?Quando a equipa do Dr. House olha, para umas chapas de Rx, ou para os resultados de umas análises ao sangue, ou para… compara mentalmente uma imagem do que devia ser “should be”, com a imagem concreta que tem à sua frente o “as is”.

Toda a actuação da equipa tem por finalidade colmatar, eliminar a diferença entre o “as is” e o “should be”.

Quantas organizações, ao iniciarem uma iniciativa de mudança, um projecto de transformação, têm definido à priori, o ponto de chegada?

Ter definido o ponto de chegada à priori, é radicalmente diferente: quando isso acontece, avaliar o desempenho do projecto de transformação é muito mais claro, muito mais transparente.
A avaliação quase que é factual:
Basta comparar a foto do desempenho antes, com a foto com o desempenho depois.

Quando não há foto do ponto de chegada desejado, estamos no reino da retórica.

-Então, o projecto foi bem sucedido?
-Sim, claro!
-Mas porquê? Porque afirma isso?
-Porque sim!!! Porque trabalhámos muito, porque fizemos muitas coisas, porque cumprimos o plano de trabalho, porque…

Palavras, palavras, palavras. Contudo, sem fotos do antes e do depois… é difícil abandonar o reino da retórica, da conversa, da subjectividade... já sabem, da treta.