Mostrar mensagens com a etiqueta mel. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta mel. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, junho 23, 2014

Talvez seja arrogância de consultor

Leiam a primeira parte de ""Excelência do Mel" quer promover consumo":
"Um pouco por todo o País regista-se uma crescente aposta na produção de mel, que terá beneficiado do contributo dos 1.047 projectos aprovados no âmbito do programa ProDer, que garantiu 71 milhões de euros de investimento na área apícola com a instalação de novos apicultores, na sua maioria jovens. [Moi ici: A minha contribuição cínica para a coisa é "e esses novos apicultores têm apoios generosos? Qual o grau de skin in the game a que são obrigados?]
.
Mesmo assim, os dados do Ministério da Agricultura e do Mar mostram que entre 2010 e 2013 o número de apicultores registados caiu de 17.291 para 16.774. [Moi ici: Pode ser a renovação etária ou os apoios não convidam ao skin in the game]
.
Todavia, como esclarece a FNAP, grande parte do mel produzido é para auto-consumo, pelo que outro factor a melhorar passará pela necessidade de garantir mais- valias na comercialização do mel português, dado que apenas cerca de 15% da produção é relativa a mel embalado.
.
Portugal exporta essencialmente a matéria-prima (mel não embalado) [Moi ici: O típico enfoque na produção. Mel a granel!] acabando por importar a matéria-prima já embalada, que depois é vendida ao consumidor final."
 O que retiram deste diagnóstico breve e, por isso, suficientemente claro, sobre iniciativas estratégicas a implementar para desenvolver o mel português?
.
Para mim é claro, tão claro que até pode ser encarado como arrogância de consultor. Voltem a ler o último parágrafo sublinhado:

  • É preciso criar marcas portuguesas!
  • É preciso embalar mel, para o colocar nos circuitos de comercialização como mel português com marca própria!
  • É preciso trabalhar o ecossistema da procura, para ter acesso às prateleiras que interessam!
  • Poderá ser útil criar algumas cooperativas de produtores, para ganharem escala na comercialização nacional e internacional!
O que é que a Federação Nacional de Apicultores de Portugal (FNAP) se propõe fazer?
"Além da divulgação e consciencialização dos benefícios do consumo do mel, "A Excelência do Mel" propõe-se a aumentar a produção tornando Portugal autosuficiente e elevar o grau de notoriedade do néctar produzido pelas abelhas.
...
4 - A FNAP quer que o consumo anual per capita em Portugal passe dos 0,3kg, para próximo da média da UE a 27 (dados de Abril de 2013), para 0,6kg"
Estarei a interpretar bem o que li?

  • A FNAP quer aumentar a consciencialização dos benefícios do consumo do mel!
  • A FNAP quer aumentar a notoriedade do mel!
  • A FNAP quer aumentar o consumo anual per capita!
Este trecho é crítico:
"Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, de Janeiro a Novembro de 2012, Portugal apresentou um saldo positivo de 327 mil euros. Apoiada nestes dados, a FNAP acredita que Portugal tem "capacidade para ser autosuficiente". Apesar do crescimento dos últimos anos, a produção nacional representa apenas 20% do consumo interno, sendo o restante importado."
As acções da FNAP, se forem bem sucedidas, vão fazer aumentar o consumo de mel importado. E, mesmo que esse mel seja produzido originalmente em Portugal, o grosso do valor acrescentado, ficará fora.
.
Não é suficiente promover "Promover a "marca" mel"!
.
Ei! Mas eu só sou um anónimo consultor de província.

quarta-feira, outubro 24, 2012

Livres de modelos mentais castradores

Quase todas as noites, antes de desligar a luz, concluo um desafio de sudoku. Só que nunca concluo o desafio que inicio na mesma noite. Para mim, a resolução de um desafio de sudoku assenta em 3 momentos:

  • a parte inicial com os "low-hanging fruits", as quadrículas fáceis de preencher;
  • a parte intermédia, onde se tem de partir pedra, onde identifico os potenciais algarismos para algumas quadrículas estratégicas, até que o ritmo da progressão vai diminuindo e o sono instalando-se;
  • a parte final, onde uma ou duas quadrículas-chave são preenchidas e o resto é fácil e surge numa avalanche de preenchimentos finais.
Normalmente, numa noite, começo pela parte final, pego no desafio iniciado na noite anterior e que parecia intransponível e que, um dia depois, quase sempre é resolvido rapidamente. Depois, avanço para o desafio seguinte e executo as partes inicial e intermédia até que o sono e a fraca progressão levam a melhor.

.
Li algures este ano uma explicação para este fenómeno. Quando iniciamos a resolução de um desafio de sudoku, começamos a construir um modelo mental sobre o problema. Quando chegamos ao momento de impasse da parte intermédia já temos um modelo mental forte e ... inútil!!! Um modelo mental que nos aprisiona e impede de ver a realidade com uma visão alternativa.
.
Na noite seguinte, quando regressamos ao mesmo desafio, conseguimos encará-lo de uma forma diferente, estamos livres para construir um novo modelo mental... conseguimos alterar a perspectiva e fazer o tal reappraisal.
.
Nos negócios é a mesma coisa, quando o habitat, quando o entorno muda, era bom que conseguíssemos mudar de modelo mental e ver o mundo de forma diferente... e encontrar oportunidades onde os outros vêem ameaças, construir oportunidades onde os outros vêem um deserto.

"Portuguesa BioApis exporta três toneladas de mel para a China e Japão"
.
Quero sublinhar o último parágrafo do texto:
""Actualmente, a produção da empresa ronda as 20 toneladas/ano de mel em modo biológico. No entanto, caso se contratualizem mais encomendas, a nossa produção não será suficiente para as necessidades. Daí estarmos em contacto com outros produtores da região transmontana para obtermos capacidade de resposta", acrescentou.
.
Agora, a aposta de futuro, passa por criar mais-valias económicas e tentar pagar aos produtores "um pouco mais" do que pagam os intermediários, já que a transformação do mel será feita na região."
Os exemplos das últimas semanas reforçam cada vez mais a minha convicção de que muitos "retornados", das cidades do litoral à terra-natal dos familiares, vão olhar em volta e vão pôr em prática a efectuação. Em vez de começarem por grandes objectivos, vão começar pelo que têm à mão, pelos meios e com um modelo mental novo, diferente.