Já sabem que produtividade e competitividade são duas coisas diferentes e que é perigoso confundi-las, recordo sempre o exemplo do Uganda.
No JdN de ontem li "Indústria em Portugal: entre o "vamos ver" e o "precisamos agir"". A certa altura o autor escreve:
"Em Portugal, a indústria contribui com cerca de 20% para o PIB, um valor inferior quando comparado com diversos países europeus."
Como é que se propõe fazer subir acima dos 20%?
Quantas vezes é mencionada a palavra produtividade no texto? Zero.
Quantas vezes é mencionada a palavra competitividade? Três. Uma sobre o show de Elon Musk, outra sobre os portos portugueses e outra sobre os cursos da escola do autor do texto.
Então, o que é preciso fazer, segundo o autor:
- "Portugal, por exemplo, tem um potencial enorme para criar marcas universais, mas parece que estamos a desperdiçar essa oportunidade. A ausência de marcas globais com origem em Portugal reflete uma falta de uma estratégia industrial focada não apenas na produção, mas também na criação de valor através da inovação, do design e da internacionalização."
- "Apesar de exemplos de excelência em setores como o calçado, os têxteis e as tecnologias inovadoras, falta uma visão integrada que alinhe a indústria nacional às grandes tendências globais, como a transição energética, a digitalização e a economia circular."
- "Esta estratégia exige também um plano robusto de infraestruturas e logística, com investimentos estratégicos nos portos portugueses para aumentar a sua competitividade, num contexto global em que potências como a China e os Estados Unidos continuam a investir fortemente nas suas infraestruturas portuárias." "Portugal tem também a oportunidade de reforçar a sua presença em África, em especial nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)."
- "Outro elemento fundamental é a requalificação da força de trabalho, garantindo que as competências dos trabalhadores acompanham as exigências do mercado atual e futuro. As universidades e as escolas de negócios podem desempenhar um papel essencial neste processo, promovendo a formação de líderes e profissionais qualificados para uma nova era de industrialização. O problema é que estamos a formar mão de obra qualificada que, no fundo, não usamos – ela vai em massa para o estrangeiro, onde há postos de trabalho na indústria à espera deles." [Moi ici: Já é a segunda vez esta semana que me fazem recordar um presidente de câmara de Guimarães, criador de um oxímoro em 2008: "O homem não vê que na mesma frase diz que o problema é a falta de formação, e logo a seguir diz que quem tem formação também tem um problema?"]
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