quinta-feira, junho 06, 2024

Preços e golos (parte I)

Ontem li "Luxo "desaperta" calçado português, esmagado entre custos de produção e preços na exportação" de onde sublinho:

"Na última década, em que o custo da mão-de-obra cresceu acima da produtividade e do preço médio de exportação do calçado nacional, triplicou para 38,9 euros a diferença de valor face ao maior concorrente neste segmento do luxo: subiu 88% em Itália (para 66,6 euros) e apenas 19% em Portugal (para 27,7 euros)."

Já em 2013 o mote era "Calçado português quer morder preço italiano" (Recordar "Os lisboetas descobriram a indústria de calçado".

No artigo inicialmente referido, no ECO, encontro este gráfico:


E interrogo-me: Quanto desta evolução é explicada pelo aumento de preços e quanto é explicado pela alteração do perfil da produção? Em 2013 o couro representava cerca de 60% da produção de calçado, em Itália e julgo que cerca de 80% em Portugal. Em 2023 os números terão andado nos 45% e 69,5%. Ou seja, a diferença entre o preço do calçado de couro italiano e português é ainda maior do que parece. Recordo de 2013:

O artigo do ECO tem mais que se lhe diga. Amanhã escrevo sobre: 

  • "para reduzir os custos de produção, ... sugere às empresas ganhar escala com a integração de vários players"
  • "“os produtores portugueses com mentalidade e know-how conseguirão entrar no mercado de luxo, oferecendo preços mais competitivos” do que o maior concorrente."
Entretanto, considerar estes números:
  • Cerca de 4000 empresas italianas produzem anualmente 162 milhões de pares de sapatos
  • Cerca de 1300 empresas portugesas produzem anualmente 84 milhões de pares de sapatos
Acham mesmo que subir na escala de valor passa por empresas maiores? 
  • Cerca de 4000 empresas italianas empregam cerca de 70 mil trabalhadores.
  • Cerca de 1300 empresas portugesas empregam cerca de 30 mil trabalhadores.
Acham mesmo que subir na escala de valor passa por empresas maiores? 

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