sexta-feira, outubro 08, 2021

Como tornar Portugal mais competitivo (parte II)

"Com este modelo económico, suportado no turismo, restauração, comércio e serviços de baixo valor acrescentado e o modelo político suportado no eleitorado crescente de funcionários públicos e nas PME de sobrevivência, o caminho para nos tornarmos, a muito curto prazo, o país mais pobre da Europa está traçado. 

E, infelizmente, de forma irreversivel."

Na frase acima só não estou de acordo com o último parágrafo. Nada é irreversível! Como diz Joaquim Aguiar: numa democracia o povo tem sempre razão, mesmo quando não a tem. Assim, quando o povo estiver maduro a revolução faz-se. O único ponto é que o povo pode demorar muito tempo a amadurecer, como tão bem demonstra o caso da Venezuela.

"A falácia de que as PME inovam de modo significativo, caiu, finalmente, por terra. 

As PME não tèm recursos financeiros, tecnológicos e de conhecimento, para inovarem, a não ser que se classifique como inovação a produção dum novo rótulo!

Quando defendo a urgencia dum processo robusto de fusões e aquisições, para aumentarmos o numero de empresas, de bens transacionaveis, com uma vertente exportadora significativa, que facturem mais de 50 milhões de euros, por ano, o rationale é simples:"

Nos trechos acima só não estou de acordo com a crença nas fusões e aquisições. Se olharmos para o canvas de Alex Osterwalder:


Após uma fusão ou aquisição, a empresa resultante, maior, não pode competir da mesma forma e servir os mesmos clientes-alvo. É preciso seduzir outro tipo de clientes-alvo, é preciso apresentar uma proposta de valor diferente, é preciso frequentar outros canais e desenvolver outro tipo de relacionamentos. E onde estará o know-how para fazer essa transição? 

E recordo toda uma série de temas deste blogue, basta recordar o recente "Como tornar Portugal mais competitivo".



2 comentários:

João Pinto disse...

A inovação não se faz apenas de grandes ideias disruptivas e/ou investimentos avultados em investigaçao e desenvolvimento. Muitos dos produtos que temos atualmente foram sendo aperfeiçoados ao longo das últimas décadas, de forma lenta mas progressiva e constante. Pequenas e graduais alterações nos produtos também permitem inovar e obter ganhos de competitividade.

A inovação é mais uma consequência do que uma causa: se houver ambiente concorrencial, as empresas vão sentir necessidade de inovar para ganhar competitividade.

O problema de Portugal não está na inovação (dado que é uma consequência natural), mas está na cultura vigente que não fomenta o empreendedorismo. Se os pressupostos relacionados com o incentivo ao empreendedorismo alterassem, novos produtos nasceriam.

CCz disse...

Só que esta inovação é quase toda de baixa intensidade (os macacos não voam). É bem vinda, mas com o ataque que vai ser feito com o SMN e com a emigração por causa do empobrecimento socialista é insuficiente.