domingo, novembro 15, 2020

Abraçar a incerteza

 "To be able to do and know so much, and yet not to be able to predict what we crave to know, is painful and frustrating. So we perpetuate the age-old search for sources of certainty. That leaves us susceptible to pundits and prophets: experts and forecasters who claim superior knowledge. But the more famous they are, the more likely they are to be wrong. Other models prove unsatisfactory, too. History doesn’t always repeat itself but often misleads us with aesthetically pleasing analogies that underweight critical differences."

Esta foi uma das grandes lições que aprendi na minha vida profissional. Talvez em 2005 ou 2006. Aprender a viver e a tomar decisões na incerteza, não só pelo pouco que se sabe, mas pelo pouco que se sabe que não se sabe, e pela incapacidade de sempre analisar correctamente o que se sabe. Há que fazer escolhas e apostar nelas enquanto nos parecem as melhores. Um dos critérios é o de visualizar as piores consequências da escolha: se fizer esta escolha e a coisa der para o torto, tenho possibilidade de fazer uma nova experiência ou isso põe em causa a continuidade da organização?

Quando se abraça a incerteza, embora me tenha parecido estranho na altura, abre-se a porta a um mundo de novas possibilidades. Lembro-me deste sentimento ao abordar com as PMEs o desafio chinês, na transição entre as metades da primeira década deste século. E agora, encontro esse sentimento escarrapachado na introdução de um livro:

"Accepting that the future is unknowable is where action begins. Experiments are ideal for complex environments because they yield clues about where you are; they are the best thing to do when you can’t see where to start. Scenarios expand and explore the terrain, revealing a range of possibilities—good and bad—that also enlarge our capacity to understand ourselves and each other. The work of artists endures because they dare to imagine what they can’t see and allow their minds to leave predetermined paths; we may not all be artists, but we need their independence and stamina. [Moi ici: E o que é que tenho chamado ao trabalho dos empreendedores nas PMEs? Recordar "Em que lado do teste do lápis está a sua empresa?"] Cathedral projects whose ambition defies master plans show how much more can be achieved with a collective sense of meaning."

Nestes tempos de 2ª vaga Covid que estão a destruir ou depauperar tanto do tecido económico português, em que a normandagem continua a pensar no que é importante para eles, vai ser preciso voltar a apelar à veia artística, de pouco valerá o conselho de quem não queima pestanas para pagar os compromissos assumidos, de quem não tem a pele em jogo. A Toyota serve-me de exemplo, é sempre possível parar de cavar o poço e começar a subir.

Ainda mais verdadeiro que durante e após a 1ª vaga: we are all startups now! (excepto a normandagem, claro)

Trechos retirados de "Uncharted" de Margaret Heffernan. 

BTW, há uma semana ouvi a frase:

Catedrais - puras como a noite, frescas como um celeiro

Uma frase que vem do tempo em que não havia luz eléctrica e as pessoas não saiam de casa à noite.



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