"Grande rombo no calçado."Frase que deu origem ao comentário no Twitter:
O rombo no calçado intriga-me. Sintoma de fragilidade. Mas então não se andou a investir em marcas próprias nestes últimos anos? Não se diversificaram os destinos de exportação? Preço p/par não era já o 2ª atrás de ITA? Ou essa história andava a ser mal contada?— João D. R. Ricardo 🇵🇹🇪🇺 (@joao_dr_ricardo) October 11, 2019
Um tweet que gera várias linhas de pensamento:
"O rombo no calçado intriga-me. Sintoma de fragilidade. "
- Não é saudável que um qualquer sector económico cresça ad eternum. Mais tarde ou mais cedo, exageros, ou alterações na oferta e/ou na procura, determinam anos de ajuste com crescimento negativo.
- Turquia;
- Marrocos;
- Argélia;
- Roménia;
- Etiópia;
- Albânia; e outros
"Mas então não se andou a investir em marcas próprias nestes últimos anos?"
- Sim, investiu-se em marcas próprias. Recordar "As minhas dúvidas". Pode existir a contabilidade das marcas criadas, não existe é a contabilidade das marcas que não vingaram. Criar uma marca não é impossível, mas é caro e obriga a dominar técnicas para as quais a gestão da produção não prepara. Acredito que as marcas a criar têm de ser para complementar a produção para outros (private label). A produção no regime de private label dá o pão com manteiga e as marcas podem em alguns casos dar o complemento do fiambre. Acredito que o futuro passa mais por escolher e trabalhar para nichos do que criar marcas próprias. (Recordar: "Mudar e anichar!" E perceber que a maioria dos empresários não segue indicadores "Até dói fisicamente" e, prefere fugir de constrangimentos em vez do que correr para objectivos. Recordar: "Uma bofetada que recebo como um aviso")
" Não se diversificaram os destinos de exportação?"
- Sim, diversificaram-se, mas somos order takers. A APICCAPS faz um trabalho notável de comunicação, cria uma imagem positiva nos media, mas é como a política no Twitter. O resultado das eleições é diferente da imagem que temos da política no Twitter. Ninguém mente, mas só se mostra uma parte da realidade. Ainda esta semana escutei, meio aparvalhado, como ainda existem empresas más-más-más e que estão vivas. Juro que andava há cerca de dois meses a reflectir sobre que empresas fecham primeiro quando há uma mudança da maré. E pensei nas várias empresas que nos últimos meses têm fechado apesar de não ficarem a dever nada a ninguém. Gente organizada percebe antes de todos os outros que não vale a pena enterrar dinheiro e agem em conformidade. Gente que não tem noção, vai ser empurrada pela realidade.
"Preço p/par não era já o 2ª atrás de ITA?"
- Tudo isso acerca dos preços é verdade, mas... também decorre das diferenças de perfil da produção. Há anos escrevi sobre os golos ...
- Comparações enganadoras (parte I)
- Comparações enganadoras (parte II)
- Comparações enganadoras (parte III)
- Comparações enganadoras (parte IV)
2 comentários:
Estou genericamente de acordo consigo, embora acredite que as coisas são mais complicadas do que aquilo que refere. Com o que não posso estar de acordo é quando diz que " A APICCAPS faz um trabalho notável de comunicação". Não dá, não acrescenta praticamente nada. A Apiccaps transformou-se numa empresa de eventos, mais próxima duma feira das vaidades que uma verdadeira associação sectorial. A comunicação internacional da apiccaps vale ZERO, a nacional é em geral pura propaganda.
Não prevejo nada de bom....
https://www.bloomberg.com/opinion/articles/2019-10-06/why-factories-leaving-china-aren-t-going-to-india
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