sexta-feira, dezembro 15, 2017

"o que é barato sai caro"

"Esta sexta-feira, a Autoeuropa estará parada, confirmou ao Negócios fonte da empresa, sem adiantar motivos.
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Dois trabalhadores da fábrica de Palmela avançaram que a razão se prende com a falta de peças para os T-Roc por parte dos fornecedores, pelo que a produção destes veículos estará assim parada amanhã.
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"Os fornecedores escolhidos foram os mais baratos. Nós, trabalhadores, alertámos que seria problemático. A Administração assim não o entendeu. Aqui está o resultado: o que é barato sai caro", sublinhou um dos trabalhadores."
Ás vezes sinto-me como um padre, não porque oiça confissões, mas porque vejo actuações em primeira-mão, sem filtros, e por triangulação posso tirar conclusões.
Imaginem que D é um fabricante de marca que contrata C para lhe fornecer certo tipo de componentes para a sua produção.

C subcontrata B para lhe produzir esse tipo de componentes. B, para produzir esses componentes, recebe meios de produção fornecidos por C. Em termos tecnológicos, digamos que esses meios de produção estão na 1ª liga.

B por sua vez também trabalha em regime de subcontrato para A. A, apesar de não ter nada a ver com o sector onde opera a marca D também fornece o mesmo tipo de meios de produção a B. Além disso, A também usa esse mesmo tipo de meios de produção para, na sua área produtiva, também produzir os seus produtos com meios de produção do mesmo tipo. Quer a produção de A, quer a produção de B, têm muitos problemas de qualidade, o que acarreta custos extra de controlo, de triagem, de reciclagem, atrasos nas entregas, insatisfação dos clientes de A e de A em relação a B.

O que é que B descobriu ao começar a trabalhar para C? Apaixonou-se pela qualidade dos meios de produção que C fornece.

O que é que eu sei da empresa A? Uma empresa E, com a qual trabalho directamente, e que presta serviços a A na construção dos meios de produção de A, há anos que desabafa comigo que o seu cliente A, está sempre a pressioná-los para embaratecer o custo de produção, pedindo por exemplo para usar materiais alternativos. B e E dizem que esses meios de produção de A estão ao nível do terceiro escalão...

E se A fizesse um teste e mandasse construir um meio de produção da 1ª liga?

O que é que nos diz a malta do pricing? First value then price!

O preço inicial desse meio de produção seria mais elevado. No entanto, com a redução dos custos de controlo e triagem, com o aumento da taxa da produção boa à primeira e consequente redução dos custos unitários efectivos, com a redução de encomendas perdidas por clientes insatisfeitos... talvez o meio de produção da 1ª liga acabe por ficar mais barato.

Por que é que B não diz isso a A?

Por que a relação humana entre eles não o permite. O que é uma pena.

Nota: especulação baseada na relação com B e E.


Trecho retirado de "Autoeuropa vai estar parada por falta de peças para os T-Roc"

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