"A Vicaima, empresa especializada no fabrico de portas de interior, quer reforçar a sua componente internacional e, para isso, está a iniciar o desenvolvimento de um novo produto, que será fabricado à medida e gosto do cliente. O projecto Door 3 D-Digital implica um investimento de cinco milhões de euros a aplicar até 2015 e materializar-se-á na introdução de novos processos produtivos e novas tecnologias - como a impressão digital e o efeito 3D -, que vão permitir à empresa evoluir da produção em massa para o fabrico personalizado."Duas notas para reflexão:
- a direcção para Mongo, para o Estranhistão, com a aposta no fabrico personalizado;
- o investimento de de cinco milhões de euros será na introdução de novos processos produtivos e novas tecnologias. E como será a distribuição? E onde estarão as prateleiras? Como é que uma empresa habituada a um histórico de escoamento de produção em massa, através de canais clássicos de distribuição, vai encontra-se "pessoalmente" com os clientes e vai co-desenhar, co-criar a porta? Como será desenvolvida a actividade comercial? Serão os mesmos comerciais que vendiam portas a granel que vão passar a vender portas gourmet?
"Num mundo em que as vendas pela internet são já não o futuro, mas o presente, a resposta rápida às encomendas é, cada vez mais, uma necessidade. A indústria do calçado foi mais além e desenvolveu o projeto Highspeed ShoeFactory, uma nova solução de produção de calçado personalizado em 24 horas e que está já instalada na Kyaia, uma fábrica de Guimarães, a entidade-piloto de teste."Agora podem imaginar o que sinto quando ouço/vejo aquela publicidade ao Kaizen-Lean na rádio/TV para que PMEs adoptem a técnica, e cito, "usada com sucesso nas grandes empresas"... como se PMEs tivessem o mesmo tipo de produção que as empresas grandes.
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O futuro será cada vez mais Mongo!
3 comentários:
curioso, vinha cá agora postar a noticia da FlyLondon.
a grande questão para mim é a que coloca: como colocar uma empresa que produz milhões de unidades por ano, que factura dezenas de milhões de euros, que tem comerciais que devem ser pagos por unidade vendida, como se altera uma estrutura deste género para a produção "taylor made"?
em particular a questão das redes comerciais.
provavelmente esta nova linha de produção será apenas complementar a todas as restantes, e deve ser para clientes que querem poucas peças em muito pouco tempo, e para tal, disponíveis para pagar um preço superior. mas não sei exactamente se haverá assim tanta gente a querer portas com tal nível de rapidez
O telefonema de ontem era mesmo sobre isto.
"A Vicaima está à frente do seu tempo. Este projeto representa, assim, um salto para ganhar escala" - ganhar escala.
O que conheço da empresa é o que se vê na comunicação disponível, mais o facto de ser uma empresa antiga que foi ganhando forma a partir do foco posto nas máquinas.
Uma cultura organizacional destas não muda a menos que: 1) se seja obrigado; 2) haja uma ruptura com renovação da gestão de topo.
Do que vou conhecendo, os 5 milhões podem vir a acabar como o fabrico de mobiliário urbano da empresa mediática de louça metálica: residual em termos de v.n., e a ser usada apenas, e por pouco tempo, como argumento de marca.
Chateia-me é que, provavelmente, não virá ninguém validar se a fatia dos 5 milhões que é financiada (AICEP-QREN) resultou no esperado ou não.
Desculpe João, esta semana é verdadeiro contra-relógio.
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E agora que conta isso, sabe do que me lembrei?
De estórias que me contaram, e que não posso comprovar, sublinhe-se, de que em tempos, quando o imobiliário caiu drasticamente, alguém andou (desesperado?) a fazer by-pass aos donos das prateleiras... que não gostaram, algo que deve ter cortado muitas hipóteses de retomar negócio "as usual"
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