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Cá vai a minha opinião:
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A Nobre canaliza cerca de 80% da sua produção para o mercado interno, como o mercado interno perdeu poder de compra, faz todo o sentido repensar a oferta para esse mercado:
"Se com a crise os portugueses não compram certos produtos, alguns mais caros, então não vale a pena tê-los à venda.Primeiro passo, reduzir as perdas da empresa.
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Assim, mantendo o foco dos produtos na tradição, através do fiambre da perna extra ou das salsichas tipo Frankfurt, a Nobre descontinuou produtos que não tinham saída."
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Segundo passo, apostar naquilo que vende, naquilo que faz o dinheiro entrar nos cofres:
"E apostou em produtos com preços mais em conta, alargando a gama de um euro, lançada em 2011. "Inicialmente, havia dúvidas da parte do cliente [super e hipermercados], porque já existiam as gamas de marca própria que cobriam a necessidade de preço baixo", explica Rui Silva. Mas foi um sucesso enorme."Ao ler este trecho lembrei-me disto "Low-end and high-end consumers"... os verdadeiros pobres não compram os bens com o preço unitário mais baixo. Comprar o preço unitário mais baixo obriga a comprar grandes quantidades, algo que não está ao alcance deles. Assim, a gama de um euro, parece ser uma boa opção para um mercado com menor poder de compra. Por outro lado, a tradição da marca Nobre pode ser um sinal de segurança para quem quer comprar barato. E pode ser que, no final, o preço unitário não tenha descido grande coisa em relação ao passado... é uma acção de pricing interessante, a nível de percepção do preço, as pessoas concentram-se no que vão pagar e não na quantidade que vão levar.
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Por isso, gostaria de perceber qual o impacto nas contas da empresa destas medidas, arrisco que tenham sido positivos, mesmo a nível de margens.
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Recordar a grande lição da ALL e das suas 4 regras fundamentais em "Switch - acerca da mudança (parte VII)"
9 comentários:
parabéns. a sua análise é muito boa, especialmente o exemplo da empresa brasileira e o "high end vs. low end".
em relação ao pricing e ao 1EUR, entendo, mas tenho dúvidas que a médio prazo seja sustentável. apenas e só porque neste caso em concreto, não existe grande diferenciação face aos produtos de marca branca, e com o mesmo packaging conseguem mais quantidade a preço pouco superior. veremos como evolui o modelo.
de qualquer das formas, toda análise deve ser feito tendo como base o facto de a Nobre ser da Campofrio, que também compete internamente. não sei se não será ideia posicionar a Campofrio para um preço mais elevado, ao mesmo tempo que reposiciona a Nobre como "marca de combate". tem uma vantagem: para marca de combate, a Nobre é bastante reconhecida.
bem haja!
já agora, acerca desta estratégia de utilizar mais do que uma marca, veja este exemplo
http://www.oje.pt/gente-e-negocios/entrevistas/nuno-sequeira-temos-fortes-objetivos-de-nos-tornarmos-no-maior-player-iberico
parece-me um bom caso. ou seja, uma empresa muito eficiente do ponto de vista fabril, com boas margens, com capacidade financeira, adquire uma empresa bastante reconhecida e fica com duas gamas. ao mesmo tempo, a absorvida beneficia da capacidade financeira, da aposta em mercados internacionais, presença em feiras, etc.
existem sinergias interessantes, parece-me
bem haja!
Olá Bruno.
Pouco depois de publicar este postal, no twitter escreveram-me:
"preserva algum posicionamento para retoma futura."
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A minha resposta foi:
"pois, debati-me com essa dúvida"
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Confesso que pensei no que referiu, Nobre para um posicionamento e Campofrio para outro. Contudo; não sei como é a relação entre as várias unidades fabris. Por exemplo, por que é a Nobre a avançar com as salsichas halal?
vou ver o outro caso depois do jantar
Abraço
Sim, lembrei-me logo do caso da Xiameter vs Dow. Duas marcas, dois posicionamentos e evita-se a canibalização.
em relação à Campofrio vs. Nobre não sei mesmo o que diga, até porque a própria Campofrio está a ser alvo de uma OPA creio eu. a Campofrio é de uma multinacional norte-americana que está a ser alvo de uma aquisição por parte de uma empresa chinesa, e creio que vão haver repartições da sociedade espanhola. não sei que diga.
mas não faz grande sentido estarem lado a lado Campofrio e Nobre com o mesmo posicionamento
abraço!
já agora, e falando novamente da questão de se adivinhar há mais de um ano que as exportações de conservas iriam aumentar significativamente, temos agora o exemplo do azeite, que está a ter um crescimento superior a cerca de 20% durante 2013!!
mas este aumento apenas foi possível devido aos investimentos feitos ao longo dos últimos 7 ou 8 anos.
sem querer parecer repetitivo, parece-me clara a relação.
é por isso que ao ver que existem vários projectos de novas fábricas de calçado, acredito que hajam melhorias significativas.
se realmente se confirmarem os investimentos da Mitsubishi no Tramagal e um novo modelo para a AutoEuropa, junto com os investimentos em Viana para fornecer a PSA Viga, seguramente que vamos ter um forte crescimento até 2020 na parte de automóveis e componentes.
bem haja!
Olá Bruno
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Ontem, li isto http://ajw.asahi.com/article/views/AJ201401060039 a que associei logo o futuro da Europa.
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Por motivos demográficos e de evolução da filosofia de vida, acredito que já passámos o peak-auto, a partir de agora vai ser sempre a descer.
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A estratégia neste sector, na Europa, será cada vez mais semelhante à dos produtores de TVs a preto e branco que fizeram render o negócio até ao fim.
http://economico.sapo.pt/noticias/nobre-espera-vender-mais-20-este-ano-com-ajuda-da-exportacao_213287.html
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