segunda-feira, outubro 21, 2013

O exemplo do têxtil

"Exportações têxteis para a China crescem 37%"
"As exportações de têxteis e vestuário portugueses para a China cresceram cerca de 37% nos primeiros oito meses de 2013, ultrapassando os 50 milhões de euros, indicou hoje fonte oficial portuguesa à agência Lusa."

7 comentários:

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

muito interessante a sua série de textos a respeito de sectores e da sua evolução.
como já disse antes, se há algo que valorizo no seu blog, e que o afasta da enxurrada de lugares comuns de um qualquer Quesado, é exactamente o facto de falar de indústrias, de empresas, de casos, em vez de "dinâmicas competitivas".

tenho opinião formada sobre cada um dos sectores que refere, e que explorarei no próximo comentário.

acho que existe outro sector muito interessante e importante sobre o qual raramente fala, que é o dos plástico, e na minha opinião, foi o que mais evoluiu na última década, até porque nunca fomos particularmente conhecidos por esse sector.
existem ainda outros muito interessantes, como sejam moldes, a cerâmica tem lutado para se manter acima da linha de água, curtumes (está a ter um comportamento extraordinário, pena não ser tão reconhecido mediaticamente).

bem haja e parabéns!

Bruno Fonseca disse...

em relação a sectores:

- mobiliário: como já disse antes, tenho algumas reservas em relação ao sector, e explico pelo simples facto de ver empresas a fechar em Paredes com alguma recorrência e não vejo fábricas a abrirem.
o crescimento está a ser extraordinário, mas grande parte desse fenómeno é explicado pelo Ikea, não apenas pela fábrica (que exporta para todo o mundo) mas como pelo facto de a empresa do sector que mais cresceu nos últimos 5 anos trabalhar em grande medida para o IKEA. aliás, sem ser a IKEA, foi a única empresa que vi a investir a sério numa fábrica.
em termos de dinâmica, nota-se um crescimento acelerado para Angola (acho que começa a haver uma excessiva dependência deste sector, especialmente no segmento corporate, ou seja, cadeiras para escritório, normalmente metálicas).
existe também uma tendência de pequenas empresas fazerem mobiliário para França, Suiça e Luxemburgo, especialmente para comunidades portuguesas e também para locais. contam-me de camiões que vão semanalmente para França com alimentos, calçado e mobiliário.
ou seja, as coisas estão a melhorar, as exportações estão melhores, sem dúvida, mas ainda me parece um pouco incipiente.

- têxtil: o têxtil engloba muitas realidades diferentes. do que vi, as empresas de confecção parecem ter tido um bom 2012, enquanto que as têxteis sofreram um bom bocado. não ligo muito à questão do aumento das exportações de 2 ou 3%, porque o aumento das matérias primas foi superior. tal como no mobiliário, apesar do aumento das exportações e das respectivas associações estarem com discurso positivo, a minha opinião mantém-se. se não vir investimentos, fico de pé atrás.
as exportações para a China é feita pelos produtores de tecidos, que são fornecedores das confecções chinesas. acredito que haja ainda bastante para fazer aí.
por outro lado, acho que começa a haver uma cada vez maior dependência das grandes cadeias espanholas, o que é um pouco assustador

Bruno Fonseca disse...

em relação à metalomecânica, é um sector muito diverso, é muito dificil tirar conclusões.

no geral, os números são interessantes, e há bons exemplos de empresas que estão a crescer bastante.
por outro lado, o facto de a maioria das fábricas de automóveis em Espanha estar a reforçar produção, potencia o aumento das exportações portuguesas para essas fábricas.
ao nível das renováveis, também existem algumas dinâmicas positivas, apesar de até agora não se ter materializado o investimento chinês.
ao nível de construções metálicas, parece-me que existe alguma tendência Angola se tornar muito importante, cada vez mais as empresas estão dependentes desse mercado.
existe ainda uma parte que se dedica a obras na Europa, especialmente França, Suiça, em que os trabalhadores saem no Domingo à noite para chegar sexta à noite, mas não sei se tal situação é sustentável.
ma como disse, é complicado fazer grandes análises, teríamos que fazer sub-sector a sub-sector

Bruno Fonseca disse...

por último, as boas noticias.

o sector alimentar e do calçado são claramente os sectores "mais" hoje em dia. e isso é facilmente verificável pelos investimentos que estão a ser feitos, pela procura que existe, pelo facto de multinacionais estarem a investir em Portugal, pelo facto de muitos empresários estarem a investir, apesar de parte disto ser explicado pelo relativo pouco capital necessário.

são sectores com potencial, com dinâmica, há mercado lá fora, e agora trata-se fundamentalmente de promover, de criar imagem, marca, etc.

tanto num caso como noutro, houve investimento do Estado para apoiar a reconversão (tanto na compra de maquinaria como na promoção, especialmente nesta área nos últimos anos), e existem condições tanto endo como exógenas para continuar o crescimento.

o calçado já é alvo de bastantes atenções, ao nível de agricultura devem destacar-se os sectores dos vinhos (o Verde e os vinhos de Lisboa estão com uma dinâmica impressionante - excelente a decisão de passar a denominar-se região de Lisboa em vez de Extremadura, e o verde aproveita o facto de ser um vinho único no mundo), o do tomate (case study a nível mundial a SugalIdal, e os japonenses vão fazer mais investimentos), a cerveja está com uma dinâmica impressionante, as conservas nem se fala, etc. se virmos, o que existe em comum é mesmo o facto de existirem investimentos em curso (ou no passado recente), que permitiram estes crescimentos e esta dinâmica!

bem haja!

CCz disse...

Olá Bruno,

Tenho um projecto com uma micro-empresa que presta serviços ao sector dos moldes e estou impressionado com a dinâmica do sector... tanto, mas tanto trabalhinho.
.
Dá-me um gozo ver uma micro-empresa tuga a trabalhar com moldes para, por exemplo, Rolls Royce

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

o que é mais estranho é que isso é normal.
estive numa empresa que fornece ou já forneceu (por cada estação são diferentes fornecedores) a Hermés ou a Calvin klein!
estive noutra empresa que trabalha com a Ferrari (aliás, é a única empresa nesse sector que trabalha com os italianos!).

inacreditável.

ao nível dos moldes, temos muito know-how, há muito trabalho, mas existe ainda uma certa dependência do sector automóvel. seria importante diversificar. o aeronáutico pode ser a "the next big thing", esperamos nós.

mas lá está, sectores como moldes, tomate, curtumes, etc, não são tão falados na opinião pública porque não são no norte. existe uma grande capacidade de divulgar opinião e reivindicar no Norte, o que acaba por deixar na sombra outros sectores igualmente importantes.

bem haja!

CCz disse...

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/industria/detalhe/industria_textil_perto_de_tecer_um_novo_recorde_na_exportacao.html