quarta-feira, junho 26, 2013

Duas culturas bem diferentes

César das Neves em "Semear no cimento" escreve:
"Existe em Portugal uma máquina poderosíssima para destruir iniciativa, investimento, produção e emprego. Pervertendo as suas finalidades originais, muitos serviços públicos, mecanismos sociais e até algumas empresas perseguem, ferem e muitas vezes matam os projectos produtivos. Boa parte da nossa actividade e emprego dirige-se explicitamente a estragar, prejudicar e estiolar os negócios.
Crescimento e trabalho nunca podem vir senão através do investimento. A economia funciona apenas por iniciativas empresariais. Ora basta alguém contemplar a possibilidade de lançar um projecto para imediatamente se dar conta da dimensão esmagadora das forças opostas. Temos um terreno muito fértil mas coberto com uma camada de cimento.
Começa logo pela atitude social. Um empresário, pelo simples facto de o ser, fica no fundo da escala. Admiramos artistas, profissionais, trabalhadores e desconfiamos instintivamente dos negócios. Ter fins lucrativos é um argumento negativo, senão mesmo insulto. Por isso, numa discussão entre uma empresa e qualquer outra entidade - do Estado às ONG, passando por sindicatos e consumidores - antes mesmo de sabermos o assunto, já assumimos a empresa culpada.
Se alguém persistir em afrontar esse desprezo público e criar o tal negócio, tem logo à sua espera uma multidão com a função de garantir que a coisa falha."

Uma cultura bem diferente de:
"Nassim Nicholas Taleb has a dream. It's this: he wants us to celebrate the restaurant owners, the taxi drivers, the market traders and carpenters and all the other risk-takers who put their skin in the game and who drive the economy for the rest of us.
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"Let's call it a National Entrepreneur Day," declares the author of the best-selling The Black Swan, and have a day devoted to entrepreneurs, because they are the heroes who at times take suicidal risks for the mere survival of the economy: "Optionality makes things work and grow – the UK and the US have a fantastic history in risk-taking, in trial and error, without shame in failing and starting again. We need to recover that spirit." 
Trecho retirado de "Nassim Taleb: 'The Black Swan' author in praise of the risk-takers"

2 comentários:

João Pinto disse...

Completamente de acordo com as palavras do João César das Neves.

CCz disse...

Sim, também de acordo com César das Neves.
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Não sei é se os incumbentes que lideram as associações patronais e empresariais estão de acordo com ele.