quinta-feira, maio 23, 2013

Que margens vão ter?

O anti-comuna é que costuma(va) falar disto "Empresas querem produzir para os "hipers" estrangeiros" (em boa verdade ele escrev(i)a sobre as empresas acompanharem a distribuição portuguesa na sua expansão externa).
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No entanto, há algo que me interpela. Por um lado:
""Todas as empresas têm experiência com a grande distribuição portuguesa e a maioria já fornece cadeias internacionais.
...
Na próxima semana, um grupo de dez empresas vai marcar presença na PLMA Amesterdão, considerado o certame agro-alimentar mais interna­cional para a marca da distribuição.
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Para as empresas, a vantagem de produzir com o rótulo do supermer­cado prende-se não só com o facto de não ser preciso fazer investimen­tos comerciais ou de marketing, mas também com a garantia de venda do produto. (Moi ici: Eu percebo esta adição... mas transforma-se numa armadilha, deixa-se de contactar os consumidores, deixa-se de existir aos seus olhos)
...
Ao contrário do que seria espera­do, a dimensão reduzida - muitas vezes apontada como entrave - aca­ba por dar às empresas nacionais mais flexibilidade para responder às exigências dos clientes. "Está a ser uma vantagem competitiva", garan­te Ondina Afonso, apontando como exemplo a facilidade em adaptar a produção à rotulagem, embalagem e a ingredientes." (Moi ici: Este é o parágrafo que me faz parar... trabalhar com a grande distribuição é um negócio de quantidades, é um negócio de preço baixo e, conjugar isso com flexibilidade... que margens estão a ter? Que margens vão ter? Aqui no blogue estou sempre a escrever isto, ser pequeno é bom para ser rápido e flexível, mas não para competir pelo preço mais baixo)

2 comentários:

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

acho que há aqui algo que não está muito claro, nomeadamente quando refere "ser pequeno" é uma vantagem.

uma pequena empresa na europa pode ser algo gigantesco em Portugal. especialmente se estiver a falar no sector agroalimentar.

por norma, as empresas portuguesas que trabalham para estas especializam-se num tipo específico de produto (imagine, produtor de queijo, produz apenas o queijo de vaca light do Continente, ou o queijo bola do PDoce). existindo capacidade instalada, parece-me normal que aproveitem este tipo de encomendas.
por norma fornecer cadeias internacionais obriga a fazer investimentos de certificações, de garantia de qualidade, entre outros, que muito beneficia as empresas, e basicamente, obriga-as a ser mais competitivas.
quando refere que "perde o contacto com o consumidor", tenho ideia que nenhuma empresa portuguesa tem capacidade no sector agroalimentar para vender a sua marca em países como França ou Alemanha. vender para a grande distribuição parece-me a única opção, permitindo tornar eficiente o processo fabrico.
claro que seria preferível ter marca própria, mas noagroalimentar, a menos que seja algo em "bruto" (como fruta ou vegetais), acho quase impossível.

empresas de vinagres, conservas, massas, cereais, cerveja, peixe congelado, enchidos, fiambre, entre outros, podem e devem tentar esta solução, se tiverem bastante capacidade instalada.

Bruno Fonseca disse...

aliás, conheço uma empresa, e das muito boas, que apesar de não ser agroalimentar, consegue conviver muito bem entre a marca própria e a distribuição.

tem marca própria, faz desenvolvimento de produto, mas ao mesmo tempo faz uma gama específica de produtos para a grande distribuição, tanto porque consegue ter margem (já trabalhou para muitas outras e quando a margem baixou simplesmente deixou de trabalhar), como porque em termos de eficiência fabril consegue melhorar bastante a produção e as compras.

trabalhar com a grande distribuição costuma ter um efeito positivo. obriga as empresas a certificarem-se, a aumentarem a qualidade, que as torna mais preparadas para processos de internacionalização