quinta-feira, outubro 25, 2012

A hora do pensamento estratégico

O que apareceu primeiro, o ovo ou a galinha?
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Quando os recursos escasseiam, quando o dinheiro não chega para tudo:
"Ruptura no ensino superior ameaça aulas e investigação"
Então, finalmente, começa a fazer sentido o pensamento estratégico, começa a impor-se a tomada decisões baseadas em escolhas difíceis.
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Quando o dinheiro não falta, ou quando se pensa como se ele não faltasse, as lógicas organizacionais assemelham-se a expansões imperiais muitas vezes realizadas por vaidades pessoais em vez de razoabilidade económica ou competitiva.
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E quando os recursos escasseiam, quando a incerteza aumenta, antes de pensar numa estratégia há que pensar numa identidade:
Quem somos? Para que existimos?
Para que existe uma universidade? Qual a razão de ser de uma universidade? Qual a razão de ser de todos os serviço, funcionários e instalações de uma universidade?
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Quando faço a cartografia dos processos de uma empresa começo sempre por identificar (o nome ficou sempre) o "Jardel" do negócio. Qual o núcleo de processos que cumprem a razão de ser da empresa? Depois, vêm os processos de suporte e liderança. Tudo o resto existe para servir os processos nucleares do negócio.
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Se as universidades acham que o Jardel do seu negócio não passa pelo ensino e investigação...
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Entretanto, em marcha, as forças que vão mudar o ensino como o conhecemos:
"Future of learning: obsolescence of knowledge, return to real teaching"
"Eight Things in Education That Will Change in the Digital Age" (fantástico!!!) (O pormaior ao 8:20)


1 comentário:

Carlos Albuquerque disse...

Duas observações:

1. "Quem somos? Para que existimos?"

As universidades trabalham para os alunos e para a sociedade. Supostamente teriam autonomia, mas há decisões de microgestão que vêm do governo. Nada fácil trabalhar assim. As burocracias ligadas precisamente ao controlo de qualidade ao estilo industrial explodiram nos últimos anos.

2. Quanto ao futuro do ensino, há muito a dizer. Por um lado não será tão diferente de muito do que já é feito há muito em muitos lados. Nem todo o ensino era ou é tão "industrial".

Por outro lado há forças poderosas a fazer regredir o ensino ao padrão industrial. Já reparou o que são as metas e as reformas no ensino não superior? Definição detalhada dos padrões em cada ano, exames de conformidade com a norma, aumento do número de alunos por sala, redução do professor ao papel de operário industrial.

No essencial acho muito interessante a sua visão do futuro do ensino e da economia, mas receio que não seja essa a direcção para onde este país está a caminhar.

Depois, como em todas as visões do futuro, há por vezes uns excessos de entusiasmo, que não têm em conta uma realidade mais abrangente. Por um lado as pessoas de amanhã não serão assim muito diferentes das de ontem. Por outro lado todas as novas tecnologias abrem muito mais possibilidades do que aquelas que depois se concretizam. A televisão e o vídeo, por exemplo, tinham e têm possibilidades que nunca foram completamente exploradas.