quarta-feira, julho 25, 2012

Mais exemplos

Mais exemplos de quem resiste a tornar-se num beneficiário líquido do OE:

Num mundo em que os gigantes Golias do mobiliário made in Malásia, China, Tailândia e IKEA dão cartas, são tantos os exemplos de empresas portuguesas de mobiliário, muitas delas autênticos Davids, dado a sua reduzida dimensão, que triunfam... e criam emprego sustentado. 

24 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Como se ser beneficiário líquido de uma entidade fosse algo de mal ou tivesse qualquer sentido do ponto de vista da economia.

Qualquer pessoa ou empresa é beneficiária líquida de quem lhe paga.

Um consultor é beneficiário líquido dos seus clientes. Deve envergonhar-se disso?

CCz disse...

Os meus clientes, se não gostarem do meu serviço, têm a liberdade de me mandar embora. Só trabalham comigo se, sentirem que há criação de valor para eles. O meu rendimento, tal como defendo aqui no blogue há muito , acerca do desemprego e dos resultados financeiros das empresas, é uma consequência do valor gerado.

Carlos Albuquerque disse...

Defende que qualquer contrato pode ser rompido por qualquer das partes a qualquer momento?

Carlos Albuquerque disse...

O estado português está a pagar rendas elevadas na energia e nas PPPs. Pela sua linha de argumentação deveria poder deixar de pagar sem mais.

Ou irá defender que se honrem certos contratos com grandes empresas mas que é admissível não honrar os contratos de trabalho? Compreende que quando alguém assina um contrato de trabalho tem um custo de oportunidade ao abdicar de outras actividades?

Francamente não percebo a coerência da sua argumentação.

CCz disse...

Até as promessas de casamento para a vida se quebram

Carlos Albuquerque disse...

"Até as promessas de casamento para a vida se quebram"

OK. Mas então deixamos de lado a moralidade e caímos na luta de poder. Acho que tenho que conhecer melhor o velho Marx, pois conhecia bem o capitalismo.

É incrível como depois do capitalismo do século XIX, do marxismo, da Doutrina Social da Igreja e do século XX ainda se argumenta publicamente com histórias de uma moralidade que parece só servir para distrair incautos.

CCz disse...

Qual é o problema em não querer ser dependente de quem não tem dinheiro para cumprir contratos?

CCz disse...

"deixamos de lado a moralidade e caímos na luta de poder."
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Quando a diocese de Bragança despede pessoal porque não tem receita suficiente, é o capitalismo selvagem a funcionar.
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Come on

CCz disse...

Quando uma empresa privada fecha porque não tem clientes que a suportem, e se vê obrigada a fazer um despedimento colectivo, o que acontece ao contrato dos trabalhadores do quadro?
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Capitalismo selvagem?

CCz disse...

Se o seu patrão não tem dinheiro para suportar a estrutura que montou, tem de a cortar.
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É tão simples e racional.
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Nas empresas privadas é um tema em cima da mesa, reduzir a estrutura de quem trabalha para e depende do mercado interno. É uma questão de sobrevivência.
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Outra alternativa, é o seu patrão começar a pagar-lhe em escudos... até lhe vai aumentar o salário e pagar-lhe o 15º mês.

Carlos Albuquerque disse...

Parte do princípio que o estado não tem dinheiro, compara-o a uma empresa falida e depois fala em cortar estruturas. Ora o estado tem dinheiro, não pode desaparecer como uma empresa pode e cortar as estruturas do estado pode deixar a sociedade muito pior.

O estado só chegou onde chegou porque os seus fundos foram desviados em larga escala, não porque seja inviável. Num momento da sua história o Grupo Jerónimo Martins só sobreviveu porque teve um empréstimo significativo. Diria que nessa altura estava falido e devia era despedir toda a gente?

Acredita que um território como Portugal pode viver sem um estado? Entregamos a segurança às empresas privadas e e a soberania a Madrid ou Bruxelas? Para a justiça faz-se um outsourcing de juízes a 4 ou 5 euros por hora? E a defesa? Contratamos a Blackwater? Mas quem paga a esta gente toda? E quem cobra os impostos? Ou declaramo-nos o primeiro país do mundo sem qualquer estado?

Se vai continuar a existir estado em Portugal, este tem que decidir se quer ser um estado de direito ou um país sem quaisquer princípios. Pode optar por um país em que os princípios são redefinidos ao sabor das circunstâncias e dos poderes de cada momento. Mas, claro, quando mudarem os ventos nada será garantido.

Quanto aos escudos, parece que já estiveram mais longe e isso nem vai depender de nós. Mas no fundo os escudos são uma forma de redistribuir a riqueza e podem até ser melhores para o país e para a economia.

CCz disse...

Eheh com que então acha que o Estado tem dinheiro... eheh essa sanguessuga que não é sustentável há décadas, que andou e continua a viver acima das suas possibilidades eheh.
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Fique com os escudos para si, se acredita mais nos governantes de Lisboa do que no BCE de Frankfurt vai ter o que merece.
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Depois, não venha fazer queixa de mim. Vamos aprender todos com o que vai acontecer à Grécia. Vai ver como é passar a ter défice zero overnight.
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Vamos todos aprender...
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Ah! E não me venha dizer que a culpa é da Merkel.

Carlos Albuquerque disse...

"essa sanguessuga que não é sustentável há décadas"

Conhece algum país sem estado? Mais do que dizer mal do estado não seria melhor pensar como deve ser o estado?

"Fique com os escudos para si, se acredita mais nos governantes de Lisboa do que no BCE de Frankfurt vai ter o que merece."

Com a Espanha como está ainda acha que a Itália vai escapar ao destino da Grécia? E depois vamos ficar nós no euro com a Espanha e a Itália fora? E durante quanto tempo pensa que é possível manter em Portugal estas políticas anti-sociais até começar a haver turbulência política?

Bem gostava eu que tivéssemos tido um governo sensato depois de Sócrates. Mas saiu-nos isto e não tarda nada o Sócrates volta para tomar conta do PS.

"Vamos aprender todos com o que vai acontecer à Grécia. Vai ver como é passar a ter défice zero overnight."

A Grécia está no euro e não pára de cair. A Islândia teve défice zero overnight e está a crescer. Se a Grécia tivesse feito default aos bancos privados no início da crise não estava agora no estado miserável em que está. Para fazer default, quanto mais cedo melhor. O mesmo se passa connosco.

"Vamos todos aprender..."

O que devíamos aprender é que se estamos todos juntos nisto devíamos enfrentar isto juntos. Em vez de um país unido temos um governo e uma parte do sector privado que acham que é melhor dividir e passar a conta para os mais pobres e para os funcionários. Imagine um país que entra em guerra e começa com este tipo de divisões. Não precisa de mais nada para ser derrotado.

CCz disse...

"Conhece algum país sem estado?"
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Não chute para canto, não é isso que está em causa. O que está em causa é um Estado sobre-dimensionado, incapaz de ser sustentado pela sua estrutura produtiva.
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Um Estado que sujeita o seu povo a um inferno fiscal para se auto-suustentar... 308 municípios? 8 alunos por professor? e assim por diante

CCz disse...

Come on, tem de fazer melhor do que isto:
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"Se a Grécia tivesse feito default aos bancos privados no início da crise não estava agora no estado miserável em que está."
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Se a Grécia fizesse default aos bancos... e depois? Como é que ela pagaria o seu Estado?
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O Estado grego, como o português parece aquela cena dos condomínios em que um grupo consegue uma série de benesses a seu favor pagas por todos os condóminos

CCz disse...

"O que devíamos aprender é que se estamos todos juntos nisto devíamos enfrentar isto juntos."
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Não os vejo a partilhar o desemprego que os privados têm sofrido na carne desde a adesão da China à OMC em 2001. Agora que lhes toca um bocado começam logo a dizer que não pode ser , que os estão a atacar e a dividir o país.. please spare me.
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Carlos Albuquerque disse...

"Não chute para canto, não é isso que está em causa. "

Não sou eu que estou a chutar para canto.

Se o estado vai continuar a funcionar é melhor que seja bem gerido. Atacar indiscriminadamente o estado não é geri-lo bem. Ou recomendaria a alguma empresa que tratasse todos os seus funcionários como este governo está a tratar os funcionários?

Carlos Albuquerque disse...

"Se a Grécia fizesse default aos bancos... e depois? Como é que ela pagaria o seu Estado? "

Se se confirmar que a Grécia sai do euro em Setembro, os anos que passaram foram perdidos e toda a gente será paga em dracmas.

Carlos Albuquerque disse...

"Não os vejo a partilhar o desemprego que os privados têm sofrido na carne desde a adesão da China à OMC em 2001."

Pois esses privados tinham por baixo um estado social que agora se quer destruir. Que era pago por todos. A necessidade do estado social não é para os que lá trabalham mas precisamente para que qualquer um, independentemente do sector onde trabalhe, tenha uma rede de segurança.

Mas fica a questão: porque é que quem ganha 1000 euros tem que perder 15% do salário e quem ganha 50 000 não tem que contribuir para o país? Só porque trabalha no estado? O mesmo estado pode garantir rendas à EDP e colocar lá Eduardo Catroga com um salário milionário, sem lhe tocar no IRS, mas pode cortar o salário ao médico que trata toda esta gente no hospital?

CCz disse...

"Ou recomendaria a alguma empresa que tratasse todos os seus funcionários como este governo está a tratar os funcionários?"

Recomendaria que despedisse os funcionários a mais. Se não o fizer, é o futuro de todos os trabalhadores que fica em causa.

Carlos Albuquerque disse...

"Um Estado que sujeita o seu povo a um inferno fiscal para se auto-suustentar... 308 municípios?"

Pois. E acrescente-lhe os telemóveis:
http://visao.sapo.pt/relvas-o-caso-dos-gastos-do-telemovel-de-tomar=f677336

Mas como já deve ter notado, ao mesmo tempo que se cortava nos funcionários os municípios continuam lá todos e o ministro que se apoia nos municípios (de muitas maneiras) continua intocável.

Acho que meio país anda tão cego a atacar os funcionários que nem vê que os problemas continuam em larga escala. Perdemos o que o estado tem de bom e os parasitas do estado (que não são os funcionários de carreira mas os oportunistas do poder) continuam a rir-se e a dar lições de "moral".

Carlos Albuquerque disse...

"Recomendaria que despedisse os funcionários a mais."

E onde estão identificados os funcionários a mais?

É que no estado já existe a possibilidade de passar os funcionários a mais para um quadro de excedentários, que é um caminho para o despedimento.

Imagine agora um gestor que em vez de identificar os funcionários a mais começasse a tratar mal a todos, de forma indiscriminada.

CCz disse...

Um exemplo, horários zero

Carlos Albuquerque disse...

Os horários zero são um óptimo exemplo.

O governo começou por mandar para "horários zero" muitíssimo mais docentes do que os que estavam a mais. Imagine que uma empresa a 15 de Julho criava uma lista pública de pessoal a mais e 15 dias depois já estava a reconhecer que ia precisar de muitos deles. É exactamente o que está a acontecer. O ministro nem sequer quis dizer quantos professores tinham sido inicialmente enviados para horário zero!

De seguida ficam claras três coisas:
- decisão política: os horários zero existem porque o ministério decidiu degradar claramente a qualidade do ensino (mais alunos por turma; os professores ficam sem tempo para preparar aulas, submersos em burocracia e tempos com alunos);
- há situações no estado de contratados anualmente durante dez anos ou mais, o que significa que havia necessidades permanentes (até agora) que estavam mascaradas e deviam ser respeitados os direitos de quem estava a trabalhar continuamente há muito;
- o despedimento é possível no estado quando se identificam funcionários desnecessários.

O caso dos professores com horário zero mostra que o argumento dos cortes para compensar a estabilidade é simplesmente falso.