terça-feira, setembro 20, 2011

Este país é um país da treta.

Sou bruxo?
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Claro que não, os sinais andavam por aí para se verem por quem tem olhos para ver. Há um mês que ando a falar disto no twitter... o lobby dos eucaliptos.
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Um dos sinais que ilustram a transformação porque Portugal passou nos últimos trinta e muitos anos está na floresta.
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Assim como o pinheiro-bravo foi a plantação do Estado Novo, o eucalipto tem sido a plantação do Novo Estado pós-25 de Abril.
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Não vejo com bons olhos o aumento da área dedicada aos eucaliptos. No entanto, adiante:
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Se a indústria da pasta do papel é assim tão rentável, dá tantas exportações, por que raio tenho de ser eu, do meu bolso, eu que só gosto de eucaliptos na Austrália, a subsidiar tão rentáveis exportações?
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"Queiroz Pereira defende subsidiação do eucalipto":
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"Presidente da Portucel sugere estímulo do Governo aos investidores privados para plantarem eucalipto, o que minimizaria a falta de matéria-prima."
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Este país é um país da treta!
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Uma cerâmica tem de assegurar o fornecimento de argila do seu bolso, uma petrolífera tem de assegurar o fornecimento de matéria-prima do seu bolso, uma empresa de calçado tem de assegurar o fornecimento de couro do seu bolso, uma têxtil tem de assegurar o fornecimento de fio do seu bolso, é assim em toda toda a economia saudável.
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Há umas empresas que tratam os fornecedores de tal maneira que não vale a ser seu fornecedor... solução, o Estado resolve. Como o Estado não tem dinheiro para mandar cantar um cego sou eu que tenho de entrar com dinheiro do meu bolso para ajudar estas mega-empresas...
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Este país é um país da treta.

8 comentários:

Ricciardi disse...

Compreendo bem a sua indignação.
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Porém, a industria do papel tem caractristicas unicas e diferentes dos exemplos que apontou.
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Senão veja bem, a ceramica pode comprar locais proprios e explorar o conteudo (o barro) num unico local, mas a plantação de arvores para produção de papel requer intervenção politica porque a exploração requer vastissimas areas de terra, do tamanho de distritos. Não é possivel ser dono de toda a terra, pelo que a ideia é fomentar que os privados sejam levados a fazer o plantio. Ok, admito que os privados deviam ser exclusivamente financiados a fazer isso pelas proprias industrias que colhem os proveitos. E são. O estado não subsidia essas explorações, são as proprias industrias que contratam com os proprietarios de terrenos.
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Ao que parece, as industrias não estão dispostas a dar mais aos privados proprietarios porque, dizem, que ficam sem preço para concorrer no espaço internacional.
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Compreendo bem as industrias. Sabe porquê? porque neste mundo aonde estamos há empresas na indonesia, que concorrem connosco, que arrasam ilhas inteiras sem qualquer preocupação ambiental ou obrigação legal de promover o reflorestação. Nada. Passam de ilha para ilha.
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Ora, se o Estado permite que se importe, sem qualquer restrição, papel de fotocopia ou outro proviniente de paises que tem aquelas práticas, não pode de deixar de compensar os industriais portugueses por criar leis ambientais e inibi-los legalmente de fazer o mesmo que os indonesios.
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Meu caro, a globalização, da forma como funciona, só tem um sentido, que é uma via unica da barbarie para a civilização, de quem polui para quem não o faz, de quem emprega crianças para quem o não o faz.
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Podem as empresas portuguesas distinguirem-se por outras vias. E até o fazem com bastante imaginação e sucesso, mas aqueles investimentos pesados efectuados em maquinarias pesadas tambem tem que ser rentabilizados com produto comum e altamente rotativo, nomeadamente papel fotocopia.
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Estamos numa fase em que a batota barbara de terceiros venceu a ordem da civilização e venceu porque a batota extirpou a empregabilidade de massas no ocidente. Bem , não extirpou completamente, mas deslocou-a para sectores não transacionaveis, o que na prática é o motivo por detrás dos nossos problemas e defices externos.
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Rb

Jonh disse...

Pelo que sei, para já, a plantação de eucalipto ainda é rentável, sem qualquer tipo de subsídio. É uma árvore de crescimento rápido e das que requer menos recursos (apesar de consumir muitos recursos naturais, como a água). Para além disso, e do lado negativo, segundo dizem os especialistas, é uma árvore bastante prejudicial para as terras – não sei até que ponto é mesmo verdade.

Claro que, neste ponto, concordo completamente com o Carlos: o Estado não deve subsidiar a plantação de eucaliptos. Se há qualquer coisa que o Estado possa fazer é facilitar, talvez através da legislação, a exploração de terras por parte de pessoas que a queiram trabalhar, pagando uma renda aos seus proprietários.

CCz disse...

Caro Rb,

Nem tudo o que vem à rede é peixe, não faz sentido usar este caso particular em prol do seu combate preferido a favor do proteccionismo.
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Recordo-lhe os números da Portucel:
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http://backoffice.portucelsoporcel.net/dynamic-media/files/relatorio1semestre_2011.pdf

Recordo-lhe os números da Altri:
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http://balancedscorecard.blogspot.com/2011/09/apreciar-o-desempenho-da-altri-e-o-dos.html
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Quem pode usar os seus argumentos serão talvez os finlandeses referindo-se às práticas seguidas em Portugal e que não lhes são permitidas no seu país.
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E confesso que me dói o coração só de pensar o que estas empresas podem vir a fazer em Moçambique.

Ricciardi disse...

Bem, CCz, de facto o protecionismo não é o meu tema favorito, mas admito que me é bastante caro. E digo-lhe isto, porque fui um dos entusiatas (activamente) pela quebra de barreiras alfandegarias.
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A sério! achava mesmo que o mundo era bom e que da concorrencia global só poderiam advir virtudes. Estava enganado. Rendondamente enganado. Verifiquei isso quando, por virtude profissional, tive de conhecer mundo.
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E vi, claramente visto, que a noção que alguns povos tem acerca da dignidade humana e preservação do ambiente era uma coisa absolutamente oposta aos nossos valores e que estão, quase todos,a esse nivel, vertidos nas leis.
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Não é possivel imaginar o que vi. Trabalho escravo. Escravo mesmo.
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Foi assim que mudei de opinião. Pela experiencia vivida e observada. Sempre que via tais monstruosidades pensava «mas que raio, como é possivel importarmos produtos destes gajos quando no nosso proprio pais não permitimos estas práticas?».
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Percebi que o mundo não é bom. Uma ideia boa, como seria a globalização, tornou-se numa coisa monstruosa aonde o Valor do preço se sobrepõe a coisas, para mim, básicas e inquestionaveis - a dignidade humana e ambiente.
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Eu compreendo a sua perspectiva. A sério. É uma perspectiva que tem em mente a eficácia para um empresario. Se tivesse que aconselhar um empresario contratava-o eheheh. Eu próprio embarco nisto nas compras para fornecer o estado Angolano. Compro na China, no Brasil... comparo preços/qualidade/entrega em todo os paises do mundo e não vacilo em escolher o que mais me convem. A esse nivel Portugal está, por exemplo a perder fortemente nos enlatados. Quando há uns anos comprava tudo em portugal, hoje compro tudo nos asiaticos.
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É que não há hipotese. Atum é atum e as forças armadas querem atum, e eu forneço-lhes atum da asia.
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Agora, vá ver as fabricas de enlatados na ASIA e verá com que dignidade são tratados os trabalhadores...
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Mudei. Já não tenho paciencia para idelogias utopicas. Aquuilo que fazem é um crime e mais criminoso é permitir-mos que os criminosos tenham sucesso, abrindo-lhes as fronteiras.
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Vi, a entrevista de Medina Carreira do dia de ontem. Ao que parece ele traçou a origem do problema que eu tenho vindo a defender. Finalmente, alguem está consciente da realidade...
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Rb

CCz disse...

Bom, caro Rb, ainda não deixei de acreditar que o mundo é bom e que há sempre uma alternativa.
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E, se calhar, as fábricas de enlatados portuguesas até estão a proceder bem, como não têm escala para competir no preço, sobem na escala de valor e competem em séries mais pequenas atendendo aos gostos dos clientes.
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Por exemplo, hoje já não encontramos conservas de atum na prateleira... temos de ser mais explícitos: atum em salmoura?, atum em azeite? atum em óleo vegetal? atum em alho?
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Juro, no meu dia-a-dia encontro tantas empresas portuguesas, PMEs sem emgenheiros e economistas, e que, por não ouvirem os académicos e políticos não sabem que não se pode competir com a China e... fuçam até descobrir que há alternativas mais saborosas que não passam pelo preço puro e duro.

CCz disse...

Caro Rb, já que trabalha com o estado angolano, deixe-me dizer-lhe: aprecio a forma como o estado angolano se dá ao respeito internacionalmente. Então, relativamente a Portugal é uma lição.

CCz disse...

O que as celuloses querem é que o Estado torne mais aliciante trabalhar para elas...
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Elas agora são tão grandes que só conhecem a pedofilia empresarial... não é uma questão de quererem, é a única forma de lidarem com fornecedores. Storbacka escreve sobre isto, tenho de escrever um postal

CCz disse...

"Unimadeiras: Celuloses duplicam "pasta" da líder das madeiras"

http://www.destakes.com/redir/bcf8da8f907a5f66e42bc8711dbfa658