sexta-feira, dezembro 18, 2009

Apostar no numerador, no valor e não no lápis vermelho (parte II)

Depois de escrever e ler o último postal onde recordo o que Hamel e Prahalad escreveram sobre a eficiência eis que encontro mais um texto de Daniel Amaral no DE "O crescimento"
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Destaco este trecho:
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"Depois vem a eficiência. Há dois factores produtivos: o capital e o trabalho. Se estes aumentam, o que se espera é que produto aumente por duas vias: pelos factores em si e pelas melhorias associadas à produtividade. E aqui falhamos. Os nossos ganhos de eficiência ficam a uma enorme distância do que obtêm outros países em situações semelhantes. Não me perguntem porquê. Mas os nossos empresários devem uma explicação ao país."
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Longe está Daniel Amaral de perceber que os problemas da nossa indústria resultam, sobretudo, de um demasiado investimento na eficiência, de um esforço quase único em tornar mais eficiente o processo de produção do que já não é novidade.
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Longe está Daniel Amaral de perceber que os problemas da nossa indústria resultam, sobretudo, de um deficiente investimento na eficácia, na criação de valor, na subida na escala de valor.
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"Mas os nossos empresários devem uma explicação ao país." Devem? Devem mesmo? Se as empresas portuguesas que não apostam na eficácia, na criação de valor, na originação de valor vão sobrevivendo a culpa não é dos empresários.
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A responsabilidade deve ser assacada a quem não permite que o mercado faça a sua selecção... por exemplo, este texto de Camilo Lourenço no Jornal de Negócios "Adiar a reconversão significa empobrecer":
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"De cada vez que uma grande empresa ou sector da economia entra em crise, a solução preferida é conceder ajudas...
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O problema é que, entretanto, podemos estar a cometer erros que, a prazo, nos vão custar muito caro. Isto é contribuir para que as ajudas mal pensadas prejudiquem a reestruturação das economias. Para Portugal isto pode revelar-se um pesadelo porque é a economia do Euro que está mais atrasada e que precisa rapidamente de encontrar um novo modelo económico."
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É esta crença única na eficiência que leva a um beco com uma única saída, a saída que Daniel Amaral, Ferraz da Costa, Vítor Bento, Paul Krugman (A receita para a Espanha) e muitos outros conseguem ver... baixar salários! (BTW, o que dirá Magno sobre a opinião do seu amigo Krugman? Será uma proposta de esquerda?)

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