quarta-feira, maio 06, 2009

Não sou bruxo!

Está escrito nas estrelas.
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Ontem à noite escrevi o que escrevi.
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Hoje, no Público, encontramos:
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"Pior que o passado recente Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças, não faz as coisas por menos e diz que "estas previsões, agravadas pelas responsabilidades assumidas com grandes projectos públicos, vão implicar um aperto orçamental, para 2011 e anos seguintes, nunca visto na história da democracia portuguesa"."
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"Campos e Cunha exclui a subida de impostos como solução definitiva e aposta mais na redução da despesa. "Como aumentar impostos, em montantes significativos, está fora de causa, esta situação prospectiva vai implicar uma redução na despesa pública mais brutal do que a necessária num passado recente."
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(Moi ici: Não estou tão certo disso, é como num filme de vampiros o herói ingenuamente acreditar que os vampiros capturados se vão redimir e deixar de se alimentar de sangue humano, a ganância do monstro por impostos cega-o, retira-lhe capacidade reflexiva, vai torná-lo num parasita estúpido porque vai matar o hospedeiro).
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"Paulo Trigo Pereira, professor no ISEG, também assinala a gravidade da situação. "A crise económica, associada à crise financeira, está a pôr uma pressão insustentável nas finanças públicas. Qualquer opção financeira mais leviana tem um custo social muito elevado", avisa. Este economista teme que se venha a "recorrer ao remédio do costume, a venda de activos do Estado", algo que considera não ser viável a prazo, já que "aquilo que há a privatizar e alienar é cada vez menos". Por isso defende "um programa de reestruturação da despesa e receita pública do Estado (em sentido lato)" e diz que é preciso "reavaliar o impacto de médio prazo das parcerias público--privado" e "reequacionar e recalendarizar as prioridades políticas quanto ao investimento público".Outra das questões que se têm colocado é a de saber se o Estado português não virá a ter dificuldades em financiar-se."
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(Moi ici: Os políticos em vez de discutir o futuro pós-eleições relativamente a este problema, entretêm-se com um hipotético bloco central ou com o Freeport. E depois, vem o Grifo para aqui fizer que a culpa do nosso estado é dos empresários porque têm pouci mais do que a quarta classe... como os gestores do BPN, como os dirigentes dos partidos políticos, como os editorews dos jornais.

6 comentários:

ZeManL disse...

Esta opinião não é apenas do Grifo.

Num inquérito da A.Cranfield University/Ad Capita realizado junto de gestores estrangeiros radicados em Portugal, os gestores portugueses são caracterizados como sendo “formais, individualistas e autocráticos, obcecados com os títulos académicos, sem aptidão crítica em áreas cruciais como planeamento estratégico e trabalho de equipe, e sem capacidade para gerir o tempo eficientemente”

Citação retirada do recente livro de Alvaro Santos Pereira – O Medo do Insuceso Nacional

Ainda retirado do mesmo livro, e parafraseando um estudo recente de Miguel Pina e Cunha, docente da Universidade Nova de Lisboa, este conclui que : “..... apesar do sucesso económico dos últimos 50 anos, ainda persistem muitas deficiências estruturais, principalmente em relação à qualidade dos nossos gestores”.

lookingforjohn disse...

Síntese aracnídea:
Se a baixa instrução formal fosse a origem da má gestão então todos os gestores com elevada instrução seriam competentes a as organizações por eles geridas bem sucedidas.

A propósito, eis uma organização (peculiar) gerida por pessoas com muita instrução formal, e os respectivos resultados: http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=366472

(Aranha/LFJ)

CCz disse...

O Aranha apanhou o sentido do postal. Organizações povoadas por gente com elevada instrução formal e ...
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Os gestores portugueses não são diferentes do resto dos portugueses.
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Cumprimentos Grifo

ZeManL disse...

“É certo que os Recursos Humanos (necessáriamente educados e experientes) e as alavancas das Novas Tecnologias (Robotização, Internet...) ajudam a que tudo se processe com elevada produtividade.”

In : Belmiro de Azevedo no prefácio ao livro do ASP

Mas, e agora digo eu, se não ha nenhuma relação entre o nivel da instrução formal, e a qualidade da gestão, onde procurar então as causas da baixa produtividade geral das empresas portuguesas

lookingforjohn disse...

Saramago: "Instrução diferente de educação": é verdade.
Aranha: "a instrução não é a chave do problema": é a minha verdade e a do Ccz e de mais uns quantos.
Belmiro: "A educação ajuda": também é verdade.
ZeManl: "Não há nenhuma relação entre instrução formal e qualidade de gestão": ninguém aqui o afirmou, e nenhuma das afirmações anteriores o implica.

Então, só para uma possível resposta à questão "onde procurar" (porque não há só uma), uma história fresquinha:
Ontem o meu dentista contou-me que tinha descoberto o Marketing, e que resolvera redecorar o consultório, e que as pessoas estavam a voltar mais e com mais frequência ("Experience economy" - atirei-lhe eu). Contou-me que no curso dele só se recebia conhecimento em cuja descrição se pudesse encontrar a palavra "dente", ou seja, era só técnica, técnica, técnica, zero de multidisciplinaridade.

Então, por exemplo, um verdadeiro ensino, "com qualidade", que ensine as pessoas a pensar com diversidade em detrimento do pensamento linear talvez possa ajudar, hããã?

Ou seja, recorrendo a Saramago mais uma vez, o que deve fomentar o verdadeiro ensino???
Exacto: "Educação".

In short, referindo-me apenas a conceitos recorrentes neste blog:
- A instrução não é a chave, porque a instrução pode não produzir "inteligência" e "competência";
- A inteligência é! (e tudo o que dela deriva, se feito de forma competente).

A baixa produtividade é só uma consequência dum conjunto vasto de relações causa-efeito mais ou menos naturais, e que ou são deixadas ao acaso, ou são dirigidas por pessoas com níveis de competência baixos.

ZeManL disse...

“A baixa produtividade é só uma consequência dum conjunto vasto de relações causa-efeito mais ou menos naturais...”

Concordo com a primeira parte da frase, mas as relações “causa-efeito” não serão “mais ou menos naturais”. Serão seguramente uma consequência do tipo de organização e/ou modelo de negócio que se pretende desenvolver, de como se organizam os recursos disponiveis relativamente aos fins a prosseguir.

“...e que ou são deixadas ao acaso...”

E neste caso não vale a pena falar em gestão

“...ou são dirigidas por pessoas com níveis de competência baixos...”

E este é exactamente o meu ponto. Se quem dirige não domina minimamente esse conjunto de competencias, é óbvio, em meu entender, que os resultados só ocasionalmente poderão estar ao nível de organizações com uma gestão global mais competente.

Aliás, não será certamente por acaso, que as empresas portuguesas que mais e melhor se têm afirmado no mercado global, com niveis de produtividade eclaramente superiores a média nacional, apresentam um capital humano (instrução básica, formação profissional, nivel organizacional, técnicas de gestão) substancialmente diferente das restantes