terça-feira, março 11, 2008

Juran

Ainda há dias numa formação sobre "Melhoria Contínua" primeiro, e depois neste blogue, recordei Joseph Juran.
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No Expresso do passado sábado descobri numa pequena caixa de canto de página a notícia: "Morreu Juran, o Guru da Qualidade
Faleceu no final da semana passada nos Estados Unidos o maior especialista em gestão da qualidade. Joseph Juran morreu aos 103 anos."
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Na década passada, durante algum tempo, trabalhei com o Juran Institute (espanhol) no desenvolvimento da metodologia Juran de Melhoria em várias organizações.
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Um dos filmes que usava nessas acções era esta pérola. Em vez de aceitar o valor facial e saltar para uma solução, perguntar porquê? E depois, porquê? E depois, porquê?
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Por exemplo: Porquê o aumento do valor do PIB de uns míseros 1,9? Por causa do efeito do homem gordo! Aqui.

A banheira está quase meia de água.
Quando entra o homem gordo, a água transborda!

14 comentários:

Anónimo disse...

Mas este homem gordo, também poderá ser inteligente (caracteristicas não incompativeis) e encher a banheira com a quantidade de água necessária para não transbordar (boa gestão de recursos) sem perca de eficácia (tomar um bom banho).
Utilizar metáforas para explicar temas económicos nunca se revelou um bom método.

CCz disse...

Uma metáfora é isso mesmo uma imagem figurada, um símbolo.

Aqui, neste contexto, quis chamar a atenção para o peso, para a influência de um interveniente, um único interveniente, nos números finais.

Se retirarmos o valor do investimento na compra dos aviões, afinal em quanto fica o aumento do PIB?

Se amanhã a Auto-Europa se constipar, qual a repercussão nas contas das exportações nacionais?

E se um único interveniente tem um peso tão forte nos resultados finais, será que pode ser sujeito a pressões para substituir critérios económicos de decisão por critérios políticos?

Anónimo disse...

A metáfora do CCZ é um olhar para os acasos e um alertar para a importância de se ter tendências, não acidentes.
Os acidentes podem ou não repetir-se. As tendências são uma adivinhação aproximada, um conhecer antes do tempo.
Por acaso até já temos assegurados alguns acidentes, alguns homens gordos: TGV, aeroporto...
Veremos é se trazem junto a tal boa gestão de recursos e a correspondente eficácia. Porque se não for assim... vai ser preciso recorrer a uma mega-esfregona (já que estamos a usar imagens...).

Anónimo disse...

O Homem Gordo, no caso vertente, é uma das maiores empresas americanas de aviões privados, que decidiu instalar a sua sede para a Europa em Portugal.
Aquilo que deveria ser considerado como uma boa notícia, está a ser utilizado para retirar mérito à taxa de crescimento anual do investimento.
E sendo ume empresa privada, qual o sentido que faz lançar dúvidas sobre a sua independência face ao poder politico e aos seus critérios de oportunidade ?
Seria melhor que a empresa não investisse? Ou que só investisse em 2008 para que os criticos do governo tivessem mais argumentos contra o desempenho da economia?
Numa economia de mercado, o investimento global não é o somatório de decisões individuais de investimento, de acordo com os critérios de racionalidade de quem investe?
Definitivamente, não percebo o alcance destes comentários...

CCz disse...

"Definitivamente, não percebo o alcance destes comentários..."
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Não percebe ou não quer perceber?
Tem a certeza que não nos conhecemos?
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"Utilizar metáforas para explicar temas económicos nunca se revelou um bom método."
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Então por que a seguir usa: "O Homem Gordo, no caso vertente"? Está a ver como é útil?
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"Aquilo que deveria ser considerado como uma boa notícia, está a ser utilizado para retirar mérito à taxa de crescimento anual do investimento."
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Leu o artigo do Diário Económico?
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As palavras são do jornal, não são minhas, passo a citar:
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1 - "Compra de aviões pela TAP e NetJets salva a economia" (repare no termo utilizado "salva")
2 - "A compra de aeronaves foi o principal ingrediente que sustentou o crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2007, revelou um relatório do Instituto Nacional de Estatística divulgado ontem"
3 - "O investimento no quarto trimestre de 2007 teve a maior subida desde 1999 devido à compra de aviões. Isto segurou o crescimento." (repare "segurou")
4 - "No entanto, os economistas sublinham que este investimento dificilmente será sustentável, o que obrigará a economia a encontrar outros caminhos para o crescimento"

"Numa economia de mercado, o investimento global não é o somatório de decisões individuais de investimento, de acordo com os critérios de racionalidade de quem investe?"
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Exactamente! Por isso a metáfora do Homem Gordo, porque o somatório do nº de decisores com peso é quase 2!!!!
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Imagine que desmonta uma fábrica velha aqui em Portugal, e a despacha e monta em Angola. De certeza que conhece vários casos no país actualmente. Essas máquinas exportadas (e bem) para Angola, vão aparecer na nossa balança de transacções com o exterior como exportação de maquinaria, se não destrinçarmos essa informação do bolo global se calhar estamos a ser levados por números verdadeiros, mas que querem dizer outra coisa, porque estamos a analisá-los com outros padrões de referência.

CCz disse...

REcomenda-se a leitura do documento do INE: http://www.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui=12826601&att_display=n&att_download=y

Ver gráfico do investimento na página 3.
Ver texto do 1º período do 2º parágrafo da página 4 sobre o investimento.
Ver tabela da página 7 relativamente ao indicador FBCF, ver o que se passou a seguir a Agosto e o salto em Dezembro.

Anónimo disse...

Como é óbvio a metáfora do Homem Gordo é sua e não minha, pelo que não vale a pena perder tempo a discutir a paternidade da mesma.

O facto de transcrever uma noticia do jornal, sem dela se demarcar, tem implicita a sua concordância com a mesma. Além disso, a opinião do jornal não passa disso mesmo, uma opinião (entre muitas outras), de modo nenhum definitiva.

Mas o que verdadeiramente interessa é o seguinte:
Em 2007, o PIB cresceu 1.9% contra 1.3% em 2006. Esta evolução é positiva ou negativa?
Ah! Dirão alguns, mas isso foi porque a FBCF no último trimestre cresceu anormalmente... e ainda por cima à custa de um único investidor....
So what ?
Que teoria economica defende que a taxa de formação bruta de capital fixo só é sustentável se se distribuir equitativamente ao longo do ano ?
Seria preferível que este investimento se não tivesse realizado ?
E o que demonstram os gráficos da evolução da FBCF ?
Uma tendência decrescente entre Jan 2005 e Jan 2007, e crescente a partir desta data.

“No entanto, os economistas sublinham que este investimento dificilmente será sustentável, o que obrigará a economia a encontrar outros caminhos para o crescimento"

Qual o significado deste comentário?
Os economistas são excelentes a justificar o comportamento passado da economia, mas raramente acertam no seu desempenho futuro.
Porque razão será este investimento dificilmente sustentável?
E quem é que define os “novos caminhos” para a economia portuguesa?
O Estado, os investidores, ou os economistas ?

E qual é o problema se, e voltando à sua metáfora, todos os anos houver um Homem Gordo que decida investir no nosso país?
Será isso mau para a economia portuguesa ?

CCz disse...

Caro Grifo;

O meu ponto é que não basta olhar para os resultados medidos pelos indicadores, qualquer tipo de indicador.

É preciso perceber o que é que esses resultados querem dizer. (O tal porquê de Juran).Já reparou certamente que muitas vozes se queixam que o discurso de Sócrates, baseado em indicadores, retrata um país que o cidadão comum não sente, não vê. Pergunto, Sócrates mente? Penso que neste tema não. Só que a estatistica mente! A média não existe na realidade, é um fantasma!

Já reparou que as 1000 maiores empresas portuguesas representam apenas cerca de 8% do emprego?

Quando o Homem Gordo investe isso é bom para o país, faça-me por favor essa justiça - não serei assim tão tótó ou masoquista - mas é sobretudo bom estatisticamente, porque o número de portugueses de carne e osso, não abstracções estatísticas, que vai beneficiar é reduzido.

Assim, o mesmo número, o mesmo resultado, pode e deve ter interpretações diferentes, em função dos motivos, das causas subjacentes.


"E qual é o problema se, e voltando à sua metáfora, todos os anos houver um Homem Gordo que decida investir no nosso país?
Será isso mau para a economia portuguesa ?"

Para a economia é sempre bom... estatisticamente. Agora quanto ao número de portugueses que vão sentir vantagens, ver as coisas a melhorar... não passa nada.

Já pensou na quantidade de portugueses que nos últimos 2 anos emigrou para Espanha, para Angola, até alunos meus de pós-graduações desistiram do trabalho final para irem para a Suiça.

Não me disse nada sobre o exemplo de Angola... não está de partida para lá?

Cumprimentos

Anónimo disse...

E no entanto, CCZ só disse isto: "Cuidado, um evento não deve ser só um evento, um acaso. Um evento deve ser analisado como parte dum resultado global e interpretado como tal (na sua natureza, especificidades e, acima de tudo, omissões, perigos e limitações)."
Não disse que o nº era falso. Só disse que o nº náo é tudo - o que é óbvio, muitas vezes desprezado (e quem avalia mal acaba por decidir mal), e por isso merecedor de alerta (a menos que seja este o nosso terreno de eleição, o movediço, o daquilo que parecendo não é, o da dúvida e das verdades que são e não são, o das leituras que nos fazem brilhar em terra de cegos, "sem nunca nos comprometermos").

Aliviando a coisa, com um exemplo recente:
1º) Sporting 2 - Porto 0: facto, número, fica para a história.
2º) O Porto podia ter ganho por uns 4-0 - o Sporting venceu sem saber como, este o perigo para os sportinguistas, o da ilusão, o de pensarem que agora é que ia ser, o resultado foi o máximo, o resultado é tudo, vitória sobre o grande FCP aparentemente imbatível.
3º) Evolução: o FCP continuou a ganhar, o Sporting continuou a perder, e já vão 20 pontos de diferença.
É como diz alguém aqui perto: "Não há milagres!".

Anónimo disse...

Definitivamente, mas o defeito deve ser meu, não entendo o que se pretende justificar com esta argumentação.
Não sendo a economia uma ciência exacta, mas utilizando a informação estatistica como matéria prima para as suas análises, é óbvio que os mesmos números podem ter sempre interpretações diversas, dependendo fundamentalmente do posicionamento politico e ideológico de quem faz a análise.
Mas a evolução do PIB, mal ou bem, é um dos indicadores reconhecidos internacionalmente para medir o desempenho das economias, embora nada diga sobre a sua distribuição.
E regressando ao tema em questão, fico com a ideia que o CCZ defende a qualidade dos investimentos em função do nº de portugueses que podem dele beneficiar directamente, quando afirma : “mas é sobretudo bom estatisticamente, porque o número de portugueses de carne e osso, não abstracções estatísticas, que vai beneficiar é reduzido “
Pessoalmente, perfilho desta abordagem, mas para quem defende o primado do mercado, parece-me detectar aqui alguma incongruência.
Desde quando é que, em economia de mercado, o critério da criação de emprego é o mais relevante ?
Com base neste critério, os investimentos mão-de-obra intensivos, porque beneficiariam mais portugueses ( e não abstrações estatisticas) seriam melhores que os capital intensivos, apesar de tal se basear em mão-de-obra barata, e não qualificada...
E relativamente à fuga de quadros para o exterior, porque será que não encontram colocação em Portugal?
Será só uma questão de falta de investimento?
E por hoje fico-me por aqui, pois tenho de ir apanhar o avião, para Angola

CCz disse...

O que aqui o CCz defende é que não se tomem os resultados por absolutos, que se procure o porquê das coisas.

Nunca ouviu a expressão "Com a verdade me enganas?"

Viu bem aquela inflexão no último trimestre de 2008? É aquilo que os economistas chamam um V.

Reparou na subida impressionante das importações em 2007? Acho interessante saber porquê. Não aceitar os números e ponto. Procurar saber como é que se chegou a eles, para perceber melhor o que é que se está a passar.

Ficou foi impressionado com o tiro na mouche acerca de Angola, ahahaha.

Anónimo disse...

Esta conversa está a perder o interesse. Começámos com o Homem Gordo e a qualidade e sustentabilidade dos investimentos, passou pelo fenómeno da emigração, e já vamos no comportamento das importações, isto é, daqui a pouco estamos a falar da vantagem do FCP sobre a concorrência...
De facto, assim nunca chegaremos a nehuma conclusão, e/ou consenso.
E apesar de não responder a nenhuma das questões sobre o perfil/qualidade/timming dos investimentos, gostaria de saber a sua resposta aos porquês da evolução das importações.
Incapacidade do mercado nacional responder às necessidades ?
A estrutura da oferta nacional está desadaptada da procura?
Qual a estrutura das importações? Bens de consumo (não reprodutiveis)? Bens intermédios (repercutiveis no curto,médio,longo prazo)?
Não deixo mais questões para reduzir a tendência para a dispersão argumentativa.
E agora vou até à praia, que o tempo em Angola está certamente melhor que em Portugal.

PS. Parabéns pelo tiro na mouche. Pode levantar a bicicleta num kiosque perto de si

CCz disse...

Petróleo! Just oil!

Praia. Foi velejar?

Anónimo disse...

Eis um excelente exemplo, muito portuga, de acabar com uma conversa quando esta não nos agrada...