domingo, dezembro 15, 2019

Contexto, estratégia e bolha azeiteira

Tem uma PME? Está atenta ao contexto e às suas alterações?

O que acontece quando a quantidade de uma commodity que é colocada no mercado aumenta?

   O preço baixa!

O que acontece a um produtor dessa commodity com custos de produção mais elevados?

   Não consegue competir.

Quais são as alternativas para esse produtor com custos mais elevados?
  • Fechar! 
  • Ou mudar de vida e abandonar a competição baseada no preço, deixar de vender o produto puro e simples e, oferecer algo mais
"Olivicultores e lagareiros do Douro e Trás-os-Montes queixam-se de uma “campanha difícil” devido à diminuição do preço do azeite e da azeitona
...
a questão do tratamentos dos subprodutos da colheita de azeitona veio juntar-se à “baixa acentuada do preço do azeite no mercado nacional e internacional e, por inerência, da azeitona”."
Resolvi pesquisar a evolução dos preços do azeite a granel:(fonte)
"As últimas estimativas apontam para um crescimento de 25% no volume de produção de azeite, relativamente à campanha anterior. Prosseguiu a campanha de comercialização, com a oferta a aumentar e escoamento regular.
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A cotação mais frequente a granel do azeite virgem extra foi de 2,60€/kg."
Resolvi pesquisar a evolução dos preços do azeite a granel em Espanha e Itália (fonte)
  • Itália - 4,70€/kg
  • Espanha - 2,21€/kg
  • Grécia - 2,60€/kg
Entretanto, achei interessante esta "guerra", "No request to look into different olive oil prices, Commission says":
"The issue was put forward by Spanish farming association Unión de Uniones (UDU) at the start of August, after the publication of the July monthly report on the market situation in the  EU’s olive oil and table olives sectors.
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The Spanish press reported that the association would ask the Commission to investigate potential disruption in the olive oil market, hinting that Italy was enjoying a more favourable treatment in comparison to other producers like Spain and Greece.
...
At the same time, olive oil prices showed a 13% increase in Italy compared to the previous year, while a decrease was recorded in Greece and in Spain, at 2% and 19%, respectively.
...
EU agriculture Commissioner Phil Hogan explained in a letter sent in mid-August that the main reason behind the price collapse is a record harvest of 1.79 million tonnes for the 2018/19 marketing year, a 42% increase compared to the previous year."
Voltemos aquelas duas alternativas:
  • Fechar! 
  • Ou mudar de vida e abandonar a competição baseada no preço, deixar de vender o produto puro e simples e, oferecer algo mais
O que está a acontecer ao olival transmontano? Incapaz de competir no custo com a produção intensiva. Recordar:
"No contexto nacional, o Alentejo acabou por se tornar, desde 2007, na região com mais produção de azeitona, tendo chegado a garantir 75% do total do fruto produzido no país, em 2018, quando há 20 anos representava apenas 25% desse total. Para isso contribuiu o aumento da área de olival na região que, nos últimos 11 anos, cresceu 10%, para 172 mil hectares, assinala o estudo."
Quando não se pode competir pelo preço/custo, compete-se com uma marca. Recordo um postal publicado aqui em Dezembro de 2010:
"façam como se fez para o vinho que teve sucesso. Criem uma cooperativa da região, criem uma marca, desenvolvam uma marca, pensem em castas de azeitona, pensem em regiões demarcadas, não pensem em quantidade, isso fica para os olivais que pertencem às grandes distribuidoras de azeite. Pensem em boutique de azeite, pensem em azeite = luxo, pensem em azeite = néctar, pensem em azeite = saúde." 
Recordo o que escrevi aqui recentemente em "E sem intenção, e sem querer, apareceu na minha mente a decisão de pôr de lado o azeite alentejano" e em "Todos vão perder".

Quando não se pode competir pelo preço/custo, aposta-se na subida na escala de valor, foge-se da via cancerosa e aposta-se na joalharia, procura-se a diferenciação.

BTW, lembram-se da "indústria mais sexy da Europa"?

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