sábado, dezembro 13, 2008

O deboche

Ontem à noite quando cheguei a casa ainda tive tempo de 'ouver' grande parte do programa da SIC-N "Expresso da meia-noite", depois assisti aos primeiros 10 minutos do noticiário da meia-noite.
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A sensação que ficou, e que continua, é a de aparvalhamento primeiro e de querer chorar pelo futuro deste país depois.
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Como diz o Homer Simpson para os seus comparsas da central nuclear de Springfield "You watch my back... I'll watch yours!" (Vocês sabem do que eu estou a falar... BPP? Que ideia!)
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Será que não há vozes discordantes? Será que toda a gente alinha na continuação e no reforço do deboche de endividamento? Será que toda a gente acredita que é possível adiar o "day of reckoning" eternamente?
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12% do PIB é quanto vale o nosso défice de transacções com o exterior (os tais 2 milhões de euros por hora, a taxa a que nos endividamos como país) ... onde é que o governo, apoiado pelos media, vai enterrar mais uns milhões no próximo ano?
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Na indústria de bens não-transaccionáveis do betão!!!
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Adenda das 7h25: Afinal ainda há gente que me acompanha ... o meu primeiro patrão. "Belmiro quer grandes projectos congelados" (no Público de hoje).
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"O empresário Belmiro de Azevedo defendeu ontem, num seminário realizado no Porto, o congelamento de boa parte dos grandes investimentos previstos pelo Governo em infra-estruturas, como o TGV, sustentando que "quem não tem dinheiro não tem vícios". Para Belmiro de Azevedo, a actual situação de crise mundial é "uma oportunidade óptima" para o Governo "se desprender de compromissos" relativamente a muitos dos grandes projectos. Essencial é, para o empresário, a aposta no empreendedorismo e em "actividades económicas-chave" onde o país tem "muito potencial", como a fileira da floresta, do mar, do turismo e da agricultura. "
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E remata com uma grande verdade, como o José Silva do Norteamos costuma explicar:
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""Adivinho que as medidas anunciadas amanhã [hoje, após o Conselho de Ministros extraordinário] vão ser fundamentalmente para o sistema financeiro", antecipou, reafirmando "não saber para o que este serve sem actividade económica""
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Porque factos são factos:
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"Convicto de que a actividade industrial "gera a maior parte do emprego, directa e indirectamente, e ainda é responsável pela liderança da Europa face às economias emergentes", o patrão da Sonae criticou o "orçamento irrelevante alocado" a esta área face ao atribuído aos bancos."
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Se por hipótese a grande crise acabar daqui a 3 anos como vamos estar em termos competitivos face ao exterior?
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Como vai ser o "Day-After"?
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Se Jonas odiásse Portugal tanto quanto odiava Nínive não tinha problema nenhum em vir cá pregar o arrependimento e a mudança de vida... ele saberia que esta gente não é como os nínivitas.
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Nota: Reparar no comentário de Mário Crespo a prever aquilo que já hoje escrevi neste blogue, a islandificação de Portugal: "há-de haver uma fase em que os de fora não nos emprestam mais dinheiro".

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