Quando o número de vectores é muito elevado (por exemplo, mais de 100), é conveniente procurar agrupar os vectores em clusters, concebendo uma história, uma narrativa que relacione cada um dos vectores entre si. O único critério para relacionar e incluir vectores num mesmo cluster, é existir uma relação de causa-efeito. Cada cluster recebe uma designação e pode ser tratada como um macro-vector.
Para cada um dos vários macro-vectores, há que avaliar o seu grau de impacte, o seu grau de importância, na definição da realidade envolvente da PME.
Tendo o grau de impacte avaliado, podemos passar para a avaliação do grau de incerteza sobre o desenvolvimento de cada um dos macro-vectores.
O quadrante I é o quadrante das incertezas críticas. Macro-vectores muito importantes, com um peso, com uma influência forte no desenvolvimento do futuro e sujeitos a uma grande incerteza. São os macro-vectores deste quadrante que alicerçarão a espinha dorsal dos cenários a desenhar.
O quadrante II é o quadrante das tendências significativas. As tendências significativas incluem as variáveis mais previsíveis (por exemplo a evolução demográfica para o caso da PME da parte II desta série de postais)
O quadrante III é o quadrante das forças de contexto. Incluem macro-vectores relativamente certos e previsíveis e que afectarão o ambiente futuro de forma mais ténue, vão compor o contexto.
O quadrante IV é o quadrante das potenciais surpresas. Incluem macro-vectores com muita incerteza associada mas pouca importância.
A partir desta figura podem-se redigir 2 ou 3 cenários, tendo por base o quadrante I, polvilhados com elementos dos outros quadrantes.
Tendo redigido e caracterizado 2/3 cenários potenciais, não nos dedicamos a um esforço de previsão do futuro (Eclesiastes) mas a um exercício de ginástica mental sobre o que pode acontecer, ou o que tem potencial para acontecer (como dizia Cervantes, salvo erro, é tão importante o caminho como a chegada... não, acho que para Cervantes o caminho era mais importante que a chegada)
Agora, ao equacionar uma Estratégia, para chegar ao futuro desejado para uma PME, podemos e devemos considerar os 2/3 cenários construídos.
Os cenários servem de túnel de vento (Heijden), de teste, de banco de ensaios, para avaliar até que ponto uma Estratégia é robusta, até que ponto ela funcionará em cada um dos cenários.
Sempre que se encontram situações em que a estratégia possa falhar, por não ser a mais adequada a um potencial cenário, pode-se avaliar o interesse em melhorar, em torná-la mais robusta.
Assim, espero conseguir reduzir o receio de se apostar tudo num único cavalo, numa única Estratégia. Ao agir desta forma estamos a considerar não só a realidade interna da PME, mas “toda” a envolvente relevante, ao formular uma estratégia.
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