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quinta-feira, setembro 04, 2014

Quintas-feiras e quando não há independência e liberdade (parte III)

Parte I e parte II.

Mas nem tudo está perdido, sintomas que dão esperança através de Mongo:
"In the popular resort town of Cannes, Fromagerie Céneri is one of only two cheesemongers left. The owner, Hervé Céneri, stocks 98% raw milk cheese. “Here in Cannes, I have spotted a trend back towards proper cheese. I believe there is a growing recognition that our heritage is in grave danger and people are now coming back. Our great tradition, despite a concerted attempt to destroy it, is still out there. When people like Sébastien Paire, with his 100 sheep in the hills above Nice, continue to make fabulous cheese, there is always hope.”"
A tecnologia, desde que os Quintas-feiras, objectivamente ao serviço dos lobbyes, não interfiram, pode salvar a tradição. Ver "How the Internet Saved Handmade Goods":
"Some old technologies, after being rendered obsolete by better and cheaper alternatives (indeed even after whole industries based on them have been decimated), manage to “re-emerge” to the point that they sustain healthy businesses.
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Consider the re-emergence of artisanal goods.  No doubt you are aware of the explosion of the market – some call it a movement – in handcrafted products.
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Who are these makers if not the revivers of dying or, in some cases, long extinct technologies? Yet it’s thanks to new digital tools such as Etsy, an Internet marketplace selling hand-made goods from around the world; and Kickstarter, the “crowdfunding” site that mediates donation-based funding for a range of products and services, that these artisans can now find and serve their tiny, global markets of customers.  These are segments that would have been impossible for individual artisans to organize in a cost-effective way before the rise of the Internet and electronic communication tools that cut out expensive middlemen and asset-heavy enterprises.
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The point is not that most consumers will ever care enough to choose soap that is made with goat’s milk, or lard, or without any animal product. On the contrary, the point is that it isn’t necessary for most consumers to do so. With handmade soap selling for $4-6 a bar, while mass-produced soap retails for about $1, sellers can do fine with small, loyal customer bases."


segunda-feira, setembro 01, 2014

Quintas-feiras e quando não há independência e liberdade (parte II)

Parte I.
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França!
Terra da política agrícola comum, com todas resmas e paletes de apoios e subsídios.
Terra habituada ao papel do Estado central como orientador bem intencionado de tudo um pouco.
E terra de origem de grandes marcas da distribuição grande, sempre focadas na eficiência e nos custos baixos.
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Paraíso para a actuação de Quintas-feiras.
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Depois, temos coisas como esta "French Cheesemakers Crippled by EU Health Measures":
"90% of the producers have either gone to the wall or are in the hands of the dairy giants. This is thanks to a mixture of draconian health measures in Brussels, designed to come down hard on raw milk products, and hostile buyouts by those who want to corner the market.
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Unpasteurised milk, which gives a unique earth-and-fruit flavour, has been gradually marginalised on false public health pretexts after intense lobbying by the food processing industry, to the detriment of the consumer but the incalculable advantage of those producing cheese made with pasteurised milk.[Moi ici: Será ingenuidade minha pensar que são Quintas-feiras ingénuos manipulados pelos Golias?]
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The cheese war is particularly savage in Camembert, an area where there are now only five authentic local producers left. It has fallen victim to a culture that favours a production line that can churn out 250,000 Camembert cheeses a day.[Moi ici: Vómito industrial]
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“The big industrial producers will not tolerate the existence of other modes of production. They are determined to impose a bland homogeneity upon the consumer – cheese shaped objects with a mediocre taste and of poor quality because the pasteurisation process kills the product,”
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Around 95% of French cheese is sold in supermarkets and even here the specialist counters are fast-disappearing in favour of aisles featuring brands of spreadable, chemical and artificially flavoured products."

domingo, agosto 31, 2014

Quintas-feiras e quando não há independência e liberdade (parte I)

Há dias, neste postal "Dedicado aos caçadores de unicórnios (parte V)", usei a metáfora dos Quintas-feiras:
"O que os caçadores de unicórnios na Europa criaram, muitos deles autênticos Quintas-feiras, nas mãos das extractivas elites económico-políticas sem o saberem, foi uma paisagem competitiva adequada a um sistema ecológico maduro, pesado, burocrático... que já não funciona."
Quintas-feiras são actores que, julgando fazerem o bem, distorcem o mercado em nome de quem realmente manipula o poder e não pode aparecer às claras.
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Imaginem que têm recursos para colocar no mercado um vómito industrial a um preço muito baixo; contudo, receiam que os consumidores não comprem essa opção porque, tendo escolha, acham outras opções, apesar de mais caras, melhores. O que fazer?
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Resposta elementar: criar barreiras que tanto impeçam a entrada dessas opções, como expulsem do mercado as opções já existentes.
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Que motivos terão de ser invocados?
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Têm de ser motivos insuspeitos e em nome de um bem comum... por exemplo a saúde pública.
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Quem é que vai estar contra a saúde pública?
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Por exemplo, há milhares de anos que o queijo é envelhecido em madeira. Este ano, com a desculpa da saúde pública: "Game Changer: FDA Rules No Wooden Boards in Cheese Aging".
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Contudo, em alguns países, a liberdade e a independência ainda são suficientemente fortes para "Cheesemakers rush to defend wooden-board aging in wake of FDA statement" e alcançar este resultado: "FDA issues new statement on wood-aged cheese".
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Isto só funciona quando existem aqueles dois ingredientes, independência e liberdade. O @helderAMF contou-me uma vez uma história que passei a usar com frequência:
Poucos anos depois do 25 de Abril, talvez durante a década de Cavaco no governo, (tenho de perguntar ao @helderAMF) uns senhores de Lisboa, de um qualquer instituto de defesa do património, foram à terra dos seus avós, em Trás-os-Montes, para retirar da igreijinha, umas estátuas muito antigas para as preservarem e guardarem em Lisboa, naturalmente (em algum museu gerido por ateus, acrescento eu). Escusado será dizer que as forças vivas da aldeia, foram buscar as caçadeiras e expulsaram os senhores e ficaram com as suas estátuas. 
Esses, sublinha o @helderAMF, com mágoa e assombro, foram as últimas pessoas independentes que conheceu. Hoje, os que lá estão não mexeriam uma palha com medo que lhes tirassem as pensões como represália.
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Continua.