sexta-feira, outubro 03, 2025

Curiosidade do dia

Tradicionalmente, os fornecedores Tier 1 e Tier 2 de peças auto (componentes como travões, sistemas eléctricos, interiores, etc.) eram até mais rentáveis do que muitos fabricantes automóveis (OEMs), porque:

  • Produziam em escala global para várias marcas (diluindo risco).
  • Tinham especialização técnica que lhes permitia margens elevadas.
  • Os OEMs transferiam custos e riscos de produção para a cadeia de fornecedores.

Mas hoje o cenário mudou e muitos fabricantes de peças estão "a passar um mau bocado". A transição para os veículos eléctricos está a colocar uma pressão enorme sobre empresas que dependem de componentes ligados aos motores de combustão, como caixas de velocidade, sistemas de escape ou bombas, que estão a perder relevância. Para se adaptarem, são necessários investimentos pesados em novas tecnologias, baterias, eletrónica de potência, software, mas muitos destes fornecedores não dispõem do capital suficiente para os suportar.

Ao mesmo tempo, os grandes fabricantes automóveis, como a Volkswagen, a Stellantis ou a Toyota, exigem cortes agressivos de custos para manter a sua própria competitividade. Isso estreita ainda mais as margens dos fornecedores, que veem os custos de inovação subir enquanto o espaço para rentabilidade diminui.

A isto juntam-se os choques económicos e a inflação: os preços da energia, das matérias-primas e da mão de obra dispararam, e muitas vezes não é possível repercutir esses aumentos em contratos já assinados. Além disso, grande parte dos grupos de peças cresceu por fusões e aquisições e com a subida das taxas de juro a dívida tornou-se insustentável.

Ontem no FT, "First Brands leaves trail of woe on Wall Street." O artigo relata o colapso repentino do grupo norte-americano First Brands, fornecedor de peças automóveis, que entrou em Chapter 11 nos EUA. A falência expôs credores, investidores e fundos que haviam apostado na empresa, gerando potenciais perdas de milhares de milhões de dólares.

Na Alemanha a chacina continua: German car suppliers are falling like dominoes - who is next? (Recordar os cortes na Continental e na Bosch)

É o fm de uma era ...

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