terça-feira, abril 22, 2025

Curiosidade do dia



No Caderno de Economia do semanário Expresso do passado dia 18 de Abril li, com alguma tristeza: "Empresários apelam a reforma "urgente" nos fundos europeus - Líderes associativos denunciam burocracia, lentidão e exclusão no acesso aos apoios comunitários"

Ah... Portugal e os fundos europeus: um daqueles casamentos longos, cheios de amor... e papelada.

Segundo as associações empresariais, os fundos são “fundamentais” para a competitividade, mas curiosamente continuam a ser geridos como se estivéssemos a preparar um dossiê para conquistar Marte — com ênfase no protocolo, não no resultado.

A crítica é unânime: demasiada burocracia, lentidão, rigidez, exclusões. 

Curiosamente, no meio deste consenso absoluto sobre o absurdo da máquina, ninguém parece fazer a pergunta mais óbvia:
  • Porque é que continuamos sempre no mesmo ponto?
  • Porque é que um país com décadas de fundos e programas continua pobre, lento e dependente de ajudas externas?
É como ver um carro constantemente na oficina, com diagnósticos brilhantes sobre o estado do motor, da embraiagem, do óleo... mas ninguém se atreve a perguntar se o problema não estará no condutor — ou no mapa.

Ano após ano, as empresas queixam-se das regras, dos formulários, das plataformas que não funcionam. Mas o modelo em si, esse, nunca se discute. Como se fosse normal — inevitável até — que o crescimento económico dependa eternamente de ajudas, subsídios e medidas “de reforço”.

Competitividade? Inovação? Reforma estrutural a sério? Isso fica para depois do próximo aviso de candidatura. 

E assim vamos ficando para trás nos rankings, com empresas cronicamente dependentes de apoios — como quem vive de suplementos vitamínicos mas nunca trata a doença.

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