terça-feira, janeiro 16, 2024

Uma via difícil e os escolhedores de vencedores (parte II)

Há dias escrevi Uma via difícil e os escolhedores de vencedores sobre a atracção dos políticos por serem eles a fazerem o papel do mercado e a escolherem os vencedores. 

Entretanto, no último caderno de Economia do Expresso Ricardo Reis aborda o tema:
"Pedro Nuno Santos é o novo secretário-geral do PS. No seu discurso no congresso do partido, ele prometeu romper com o espírito antirreformista dos Governos de António Costa (de que fez parte) para conseguir uma "transformação estrutural da economia." A trave-mestra do seu pensamento económico é a "obrigação de fazer escolhas quanto aos sectores e tecnologias a apoiar". Ao contrário de outros temas, em que Santos é mais vago acerca do que promete (como é normal nos líderes partidários em eleições), esta é uma convicção profunda pessoal que vai caracterizar um futuro Governo que ele lidere.
A discussão sobre a capacidade de o Estado escolher bem os sectores e as tecnologias a apoiar, ou o seu sucesso a promover transformações estruturais, é um tema clássico.
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No que diz respeito a promover o "perfil de especialização" com "potencial de arrastamento da economia" (palavras de Santos) é difícil pensar num melhor exemplo do que a Efacec. 
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Infelizmente, hoje é um exemplo também de que quando um Governo escolhe um campeão nacional e se empenha a facilitar o seu crescimento acabamos com um escândalo de corrupção.
Não há volta a dar, o historial pessoal de Santos como investidor em sectores estratégicos e como transformador de empresas públicas até hoje foi um desastre. Talvez melhore se ele for primeiro-ministro. Um facto bem documentado no estudo dos gestores de carteiras financeiras é que os homens (mas não as mulheres) têm um otimismo persistente nas suas capacidades, que resiste à acumulação de perdas atrás das perdas. Para alguns, este desvio da racionalidade é uma forma de carisma. Para gerir dinheiro, costuma ser algo a evitar."


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