quarta-feira, dezembro 15, 2021

O desafio

Nem de propósito, em linha com os postais sobre o imperativo do aumento da produtividade via subida na escala de valor.

"Os salários estão destinados a aumentarem. Em parte, respondendo aos desequilíbrios descritos antes. Em parte, em consequência do aumento do custo de vida. Em Portugal, será um desafio adicional para a generalidade das empresas. Apesar de os gastos com pessoal das empresas do sector não financeiro não chegarem a 15% dos proveitos totais, a verdade é que os resultados líquidos não chegam sequer a 4% dos mesmos proveitos totais. Ou seja, face ao custo de vida, o nível salarial é baixo. Mas face à rentabilidade das empresas a margem de ajustamento dos salários é igualmente baixa. Não é por acaso que 25% dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal auferem o salário mínimo, sendo que entre os jovens a proporção aumenta para 40%. Em geral, não dá para muito mais, o que é dramático. E não é porque os patrões estejam a lucrar de forma exorbitante; a rentabilidade sobre capitais próprios entre 2015 e 2019 não foi além de 8%. O problema está antes no valor acrescentado bruto das empresas, que é baixo e que precisa de aumentar para aguentar salários estruturalmente mais elevados.

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Quer as empresas quer os trabalhadores vão ter de se fazer à vida. As empresas porque os salários vão aumentar e o valor acrescentado bruto terá de acompanhar. Os trabalhadores porque vão ter de investir em novas competências para acompanharem os empregos de amanhã. Volto, pois, ao início deste artigo: para onde foram os trabalhadores? A resposta é que eles continuam por aí, mas muitos estão a equacionar o futuro e, entretanto, como está tudo mais caro, também querem salários mais altos."

Trechos retirados de "Para onde foram os trabalhadores?

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