Trechos de entrevista de Paulo Rangel no semanário Expresso deste Sábado.
"P - O salário mínimo deve subir? Faz-lhe sentido o que está previsto por António Costa de subida até €850 em 2025?
R - Eu sou favorável a uma subida sensível do salário mínimo.
P - Sensível é quanto?
R - Uma subida significativa. Não por uma razão puramente social. O modelo de crescimento e desenvolvimento das empress portuguesas não pode assentar nos salários baixos. Já experimentámos isso e fomos ultrapassados por cinco países que tinham economias muito abaixo das nossas há 15 anos e agora deram saltos enormes. Isso pode implicar, aqui ou ali, acertos em alguns sectores onde isto pode ser mais problemático. Claro que não pode ser uma subida abrupta, sob pena de se criarem ruturas na economia. Sabemos que o nosso grande problema não será o salário mínimo, será depois a proximidade cada vez maior entre salário médio e salário mínimo, [Moi ici: sensível = significativa = não abrupta. Conversa de gente de Direito. Iludir com retórica. Fugir da transparência e clareza. Tem de perceber a mensagem de Maliranta e de Jorge Marrão. Só que isso tem um custo doloroso. Mais desemprego. Só uma fracção das empresas consegue subir na escala de valor, a maioria desaparece ou segue a via de Odemira, cá ou como em Itália]
P - Como é que se aumenta o salário médio?
R - Só se aumenta o salário com aumento da produtividade, e só se aumenta a produtividade com a mudança das condições da economia. E isso significa, em primeiro lugar, um alívio fiscal. [Moi ici: Alívio fiscal para quem? Para todos ou para o investimento estrangeiro, ao estilo do governo actual com inferno fiscal para os portugueses e paraíso fiscal para quem vem de fora? Sim, eu concordo com qualquer alívio fiscal, igual para todos, mas para captar investimento estrangeiro. Mais alivio fiscal para quem já cá está significa mais rendimento, e mais rendimento significa a validação do modelo actual e um sinal para a não necessidade de mudar. Again, nature evolves from constraints, not towards goals]
P - Reduzir impostos?R - Significa reduzir impostos. Mas claro que sabemos que, com a dívida que temos, não pode haver um choque fiscal como seria talvez necessário para dar um grande impulso à economia. Mas pode ser uma política sustentada de redução fiscal. Vou dar o exemplo do IRC: foi António Costa quem, ainda na oposição, acabou com o acordo que existia para baixar o IRC até aos 17%. E hoje até temos uma ajuda, há um acordo internacional para que o IRC fique em termos globais num patamar mínimo de 15%. Podemos ser bastante competitivos para atrairmos investimento." [Moi ici: O meu lado optimista interpreta isto como - tornar o país atractivo para o investimento estrangeiro]
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