quinta-feira, dezembro 03, 2020

Ecossistemas e definições de mercado

Esta segunda-feira regressei à zona industrial de Albergaria-a-Velha para fazer uma auditoria. Há mais de 10 anos que não ia lá.

Doeu-me o coração a passar ao lado deste edifício:

Este foi um dos edifícios onde vivi alguns dos meus melhores projectos profissionais. Por exemplo, em Agosto de 2004 dei por mim a descobrir o papel dos ecossistemas, algo que retratei neste postal de 2007:
Depois, as actividades deste senhor em 2008 acabaram por levar ao desmembramento de parte da empresa e o ramo português foi comprado e fechado. Estava a ficar demasiado perigoso para um incumbente.

Entretanto, ontem na caminhada matinal comecei a ler um livro que já tinha na lista de leitura há alguns anos: SMASH: Using Market Shaping to Design New Strategies for Innovation, Value Creation, and Growth de Kaj Storbacka e Suvi Nenonen, dois autores que muito respeito. E o que encontro logo a abrir?

Uma referência ao "burning platform" memo de Stephen Elop, então CEO da NOKIA em 2011:
The battle of devices has now become a war of ecosystems, where ecosystems include not only the hardware and software of the device but developers, applications, e-commerce, advertising, search, social applications, location-based services, unified communications, and many other things. Our competitors aren’t taking our market share with devices; they are taking our market share with an entire ecosystem. This means we’re going to have to decide how we either build, catalyze or join an ecosystem.”

A mensagem inicial dos autores é sobre as visões erradas sobre o que é o mercado e sobre as implicações dessas visões. Por exemplo, a ideia de que o mercado é um dado (o mercado pode ser uma variável).

Outro erro, que costumo sublinhar quando uso a expressão "live and let live":

"Competing for market share when everyone defines their market by product is zero-sum. By definition, a theory that tells you to compete for market share reduces your strategy to a zero-sum game. That limitation is built into not only the words “share” and “compete” but also the poor market view itself."

Outro erro é pensar que o preço é tudo:
"The obsession with exchange value misses the opportunities of growing use-value. The exchange value focus overlooks the goldmine of business opportunities that resides precisely in use-value  over on the demand side of the market which the industry view omits and the product view misunderstands."

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