sábado, maio 17, 2014

Plataformas de interacção (parte III)

Parte II.
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O trecho que se segue, adaptado de "The Power of Co-Creation", faz-me recuar a Agosto de 2004... onde pela primeira vez desenvolvi este conceito com uma empresa.
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Uma ideia nuclear - e, por isso, um dos pontos-chave para a venda de uma máquina tão cara - era a de que a Brother podia ajudar os consumidores a aprender mais acerca da costura, o que sugeria o envolvimento dos vendedores das lojas de vendas de máquinas e lojas de artesanato na sua iniciativa de desenvolvimento do mercado.
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Assim, a empresa começou a enviar formadores aos distribuidores para os ensinar a desenvolver projectos com os fazedores artesanais. Até então, as lojas da especialidade eram vistas como um espaço onde os produtos podiam ser expostos e ocasionalmente uma revista sobre fazedores/artesanato podia ser encontrada, nunca como um espaço para aprendizagem e troca de experiências. A Brother percebeu que as lojas podiam ser a base para plataformas de interacção e compromisso que alimentam comunidades de entusiastas e dos seus amigos e, que trabalhar com elas seria uma forma de melhorar as ofertas e chegar a novos clientes.
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Por exemplo, a empresa percebeu, através destas lojas que muitos dos mais jovens fazedores queriam aprender costura mas não tinham tempo ou não sabiam por onde começar. Agora, os clientes podiam desenvolver conversas com interesse e sentido sobre os produtos e projectos com vendedores e representantes conhecedores e competentes. Podiam ter aulas de formação e treino nas lojas, independentemente da marca das máquinas que possuem. A Brother experimentou usar os espaços de venda como plataformas comunais. Os clientes online tinham acesso a software de design que lhes permitia fazer designs personalizados, partilhar os seus designs com a comunidade e, conversar com outros entusiastas acerca dos seus designs. A Brother fomentou também experiências offline para a comunidade, aproveitando o poder das interacções ao vivo através das lojas. Assim a Brother orientou o seu marketing e organização de vendas para o apoio às iniciativas de Co-criação.
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Os vendedores da Brother passaram a dedicar muito mais tempo ao canal das lojas especializadas apostando sobretudo na procura de lojas locais capazes de acomodar e servir de plataforma a estes entusiastas. As máquinas topo de gama só eram vendidas em lojas certificadas pela Brother e que assumiram o compromisso de desenvolver e treinar os clientes e interagir com eles através de clubes de costura e de acolchoados.
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Voltamos ao título... plataformas de interacção.
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Recordar "Lojas de miudezas voltam a estar na moda"... até que ponto a crise também serve para dar explicações simplistas a sintomas de mudanças mais profundas?
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Lembrei-me logo deste exemplo recente "As Parents Make Their Own Baby Food, Industry Tries to Adapt".
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