terça-feira, julho 16, 2013

Um sintoma? (parte I)

Há cerca de 15 anos apoiava uma empresa na implementação do seu sistema de garantia da qualidade. Era uma empresa de produção de vestuário com marca própria, na gama média-alta, para o mercado nacional e, com produção sob o regime de private-label para exportação.
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Certa vez, ao ajudar na preparação dos elementos de entrada de uma das suas revisões do sistema, encontrei uns números que me deixaram a pensar:

  • cerca de 10 referências da marca própria representavam mais de 60% das vendas;
  • a empresa desenvolvia em cada época cerca de 250 referências.
Já não me recordo das justificações que me deram na altura para o esforço de desenvolver tantas referências por época.
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Hoje em dia, encontro cenários parecidos no mundo do calçado. Em cada época que passa as empresas desenvolvem cada vez mais modelos, a maioria pouco ou nada vende.
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O que acontece quando se inflaciona o número de modelos?
Sobrecarrega-se o sector da Modelação, sobrecarrega-se a Produção que vai ter de produzir esses modelos, sobrecarrega-se o sector das Compras que vai ter de aprovisionar uma grande variedade de materiais e componentes e, tudo isto custa dinheiro.
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Ainda esta manhã no Twitter apanhei alguém que afirmava, ou citava, em inglês, algo como:
"Queres ter uma boa ideia? Tem muitas ideias!"
Se tivermos muitas ideias, a probabilidade de aparecer uma boa ideia aumenta.
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A lógica parece ser, queres vender muito? Produz muitas referências, desenvolve muitos modelos, alguns hão-de ser best-sellers.
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Só que as "mais ideias" não colocam os mesmos problemas e desafios que os "mais modelos".
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Será que mais modelos, será que a explosão de referências é um sintoma de algo mais?
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Continua.
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Parte II - consequências da cauda longa de referências
Parte III - a cauda longa de referências e a estratégia de uma marca

1 comentário:

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

entendo o que digo, mas também entendo que, para quem trabalhe em segmentos de negócio específicos, que seja necessário ter uma grande variedade de produto, para de algum modo distinguir das "produções em massa".

faz lembrar o negócio do retalho de vestuário. cerca de 80% das vendas, se for para homem, são os produtos "básicos". mas por norma, são aqueles produtos menos vendidos que atraem os compradores. e no caso dos homens, depois de se verem numa loja, a tendência é para concentrar as compras.

depende muito de negócio para negócio.

conheço uma empresa que tem um produto que representa talvez 3% das vendas, tendo maquinaria especifica para produzir esse produto. mas para chegar a determinados clientes, são precisas essas peças, que permitem depois "alimentar" toda a restante fábrica. é curioso. os clientes compram tudo, mas o que distingue são mesmo aquelas poucas peças.

um bem haja!